Palavras de Vida Eterna


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Fé e Bom Senso

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus.” – Hebreus 11:6

A fé, quando se opõe ao bom senso, é fanatismo, e o bom senso, quando oposto à fé é racionalismo. A vida de fé coloca as duas coisas numa relação correta. O bom senso não é fé, e fé não é bom senso, pois um é natural e outro é espiritual; um, impulso, e outro; inspiração. Nada do que Jesus Cristo disse é bom senso, é revelação; e vai até onde o bom senso não chega. A fé tem que ser provada, para que sua realidade possa concretizar-se. “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem”, então, não importa o que aconteça, a operação da providência de Deus transforma a fé ideal em realidade concreta. A fé é sempre algo pessoal, já que todo o propósito de Deus é fazer com que a fé ideal se torne real em Seus filhos.

Para cada pormenor da vida de bom senso, há uma revelação acerca de Deus, pela qual podemos provar, através da experiência prática, o que acreditamos que Deus seja. A fé um princípio tremendamente ativo, que sempre coloca Jesus Cristo em primeiro lugar: “Senhor, tu disseste isso e aquilo (por exemplo, Mateus 6:33)”; parece loucura, mas vou arriscar-me baseado em Tua palavra.” Transformar a fé racional em realidade pessoal é uma luta constante, e não ocasional. Deus nos coloca em certas situações a fim de educar nossa fé, porque a natureza da fé é tornar real o seu objeto. Enquanto não conhecemos Jesus, Deus é mera abstração, não conseguimos ter fé nEle; mas, assim que ouvimos Jesus dizer: “Quem me vê a mim, vê o Pai”, temos algo que é real, e a fé não tem limites. Fé é o homem total, corretamente relacionado com Deus pelo poder do Espírito de Jesus Cristo.

Autor: Oswald Chambers
Extraído do livro Tudo Para Ele. Lição do dia 30 de Outubro

sábado, 19 de outubro de 2019

A Comunhão do Espírito Santo na Vida de Estevão

Em Atos 6:8, lemos que Estevão estava cheio de graça e poder, mas não somente isso, pois o versículo 10 nos diz que “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”. Estevão era ministro da Palavra?  Sabemos que ele era judeu helenista, vindo de outro país, não de Israel. Os ministros da Palavra eram judeus hebraicos. Mas havia muitas sinagogas onde se falava a língua de Estevão, também havia muitas sinagogas onde falavam a língua de Paulo, e provavelmente Paulo ia até aqueles sinagogas para adorar.

Quem era Estevão? Tudo que sabemos é que ele apenas servia as mesas e era cheio do Espírito Santo. Quem era Saulo? Um grande erudito, um Rabino que fora treinado aos pés de Gamaliel, um homem que abraçou três mundos. Não há dúvida que Saulo era cheio de sabedoria, um grande rabino, estava cheio da palavra do Antigo Testamento. Saulo provavelmente entrou naquela sinagoga onde Estevão estava e deve ter discutido com Estevão, mas a Bíblia diz: “E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”.

Estevão tinha essa sabedoria porque o Espírito Santo é o Espírito de sabedoria. Ele não dependia de si mesmo, mas do Espírito Santo. Ainda que estivesse servindo as mesas, fazendo muitas coisas pequenas, até mesmo desprezíveis, mas estava cheio do Espírito Santo. Quando um homem está cheio do Espírito Santo, qualquer lugar lhe é agradável. A qualquer instante Estevão poderia ter uma comunhão maravilhosa com o Senhor, o Espírito Santo estava em seu espírito. Ele poderia adorar o Senhor em qualquer instante, quando lavava os pratos, poderia ter uma comunhão maravilhosa com o Senhor. Por causa daquela experiência maravilhosa, ele foi cheio do Espírito Santo e dependia dEle para que o Senhor pudesse realmente usá-lo.

As pessoas que estavam na sinagoga encheram-se de inveja e o acusaram. Mas Atos 6:15 diz: “Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estevão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo”. Estevão estava no Sinédrio, estava sendo julgado, muitos o acusaram e queriam ouvir a sua defesa. Mas, antes de falar, sua face ficou como a face de um anjo. Não foi Lucas, o escritor de Atos, quem presenciou essa cena, mas Paulo. Lucas escreveu o livro de Atos, mas foi Paulo que lhe passou essas informações. Paulo ficou impressionado! Se aquele homem fosse um criminoso, se realmente queria destruir o templo, como pôde seu rosto tornar-se como rosto de um anjo? Ele estava na boca dos leões, seria rasgado em pedaços em poucas horas. Mas Estevão pregou sua mensagem com aquela face de anjo. “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” (At 7:51). “Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele” (At 7:54).

Esse foi um momento especial, mas, para Estevão, era seu estado normal. Aquele que está cheio do Espírito Santo pode tornar-se mártir, não precisará de mais nada. Estevão não precisou de um enchimento especial, ele já estava cheio do Espírito Santo; por causa disso, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e o Senhor Jesus a Sua direita. De acordo com a Palavra de Deus, de acordo com Pedro, o Senhor está assentado à destra de Deus, como Estevão o viu em pé? Estevão tornou-se mártir, ele estava cheio do Espírito Santo, mas sendo transformado à imagem do Filho de Deus. Quando o Senhor descobre algo semelhante ao que aconteceu com Ele mesmo aqui na terra, Ele não pode ficar assentado, nosso Senhor levantou-se e deu as boas-vindas para Estevão. A maneira como Estevão orou quando foi martirizado faz lembrar o Senhor Jesus. Isso é resultado do Pentecostes.

Qual a sua impressão ao estudar o livro de Atos? É o vento impetuoso ou as línguas de fogo, ou o falar em línguas que lhe impressionam? Quando nosso Senhor viu alguém sobre a terra cheio do Espírito Santo, com a visão da glória de Deus, Ele não pode resistir, mas ficou em pé e deu as boas-vindas a Estevão. Se você quer ser cheio do Espírito Santo, prepare-se bem, pois ficará cheio de pedras. Muitas pessoas desejam ficar cheio do Espírito Santo, mas não querem estar cheios de pedras, elas querem o Espírito Santo sem cruz. O Espírito Santo sempre nos dá a cruz, e a cruz sempre nos leva de volta ao Espírito Santo. Foi isso o que aconteceu depois de Pentecostes. Estevão não era um dos Apóstolos, não era um dos ministros da Palavra, apenas servia as mesas, era apenas alguém que queria servir a Deus sem reclamação nem murmuração. Essa é a comunhão do Espírito Santo.

Autor: Christian Chen
Extraído do livro Andai no Espírito

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Amizade no Sentido Bíblico

Jesus andava no meio de multidões e ministrava às suas necessidades. No entanto, tinha poucos amigos no seu círculo íntimo. Como alguém se tornava parte desse círculo e o que significava para Jesus ter um relacionamento como esse?

Confiança versus Amor
Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana. (Jo 2.24,25).

Jesus não se confiava a todas as pessoas. Sua confiança não era depositada em qualquer um. A razão para isso é que as pessoas em geral não são dignas de confiança. Não era por uma questão de auto-suficiência ou falta de necessidade, mas por não encontrar inicialmente alguém em quem pudesse confiar.

Foi por isso que escolheu um pequeno grupo para estar mais próximo. Não que essas pessoas já fossem seus amigos, mas tinham o potencial de se tornarem dignas de confiança. Jesus passou tempo treinando-as para esse fim, não através de aulas teóricas, mas por meio da convivência, andando, servindo e conversando juntos.

Durante muito tempo, ele não conseguiu ir muito longe nas conversas. Começava a explicar-lhes as parábolas, dizendo que a eles era dado conhecer os mistérios do Reino. Tentava mostrar a natureza do Reino e a necessidade de dar a própria vida para que o Reino viesse. Contudo, quando ressurgia o assunto, notava-se que ainda muito pouco havia penetrado em seus corações.

No entanto, ele não desistiu. João registra no seu evangelho que Jesus amou seus discípulos, e que os amou com um amor persistente e fiel até o fim, a despeito de suas limitações, gafes, inconsistências e falhas. Mesmo sabendo que um seria traidor, outro o negaria e ninguém o acompanharia na sua hora mais escura, ele confessou mais de uma vez a importância de estar junto daqueles que haviam deixado tudo para segui-lo (Lc 22.15,28; 18.31; Mt 19.27-30; 26.38-40; Jo 17.6-8,14,24).

Existe uma grande diferença entre amar e confiar. Deus ama a todas as pessoas do mundo (Jo 3.16). A essência do amor é dar. Eu posso dar algo para alguém e mesmo doar-lhe de mim mesmo, até um certo ponto, ajudando e ministrando às suas necessidades, sem, contudo, confiar nele ou tornar-me vulnerável por lhe abrir coisas íntimas ou pessoais. Se eu fizer isso, revelando-me a pessoas que não são confiáveis, posso destruir o potencial de continuar amando os outros, pois pode resultar em feridas e profundos efeitos negativos.

Existe uma ligação muito grande entre as palavras fé e confiança. Deus ama a todos, mas nem todos correspondem a ele em fé e confiança. De acordo com Hebreus 11.6, a fé que agrada a Deus é a certeza de que ele existe e que responde àqueles que o buscam. Confiança é a base de qualquer relacionamento e foi por isso que a serpente começou seu ataque no jardim minando exatamente a confiança do homem em Deus (Gn 3.1-5).

Objetivo do Discipulado
No final do ministério de Jesus, ele deu este testemunho a respeito dos seus discípulos:
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor: mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. (Jo 15.15).

Pessoas que no princípio não eram dignas de confiança se tornaram amigas de Jesus. A palavra amigo já perdeu grande parte do seu conteúdo na nossa compreensão moderna. Precisaríamos acrescentar os significados de aliança, fidelidade e confiança ao nosso conceito para nos aproximarmos do sentido bíblico. Para os discípulos serem chamados de amigos, tiveram de passar por um processo. Abraão foi chamado três vezes nas Escrituras de amigo de Deus (2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23), mas também houve uma longa caminhada para chegar a esse ponto. Foi por isso que Deus compartilhou com ele seus planos sobre Sodoma (Gn 18).

Já ouvimos muito nos últimos anos sobre discipulado na igreja. O tema tem gerado controvérsia e discussão. Mas o ponto central é que o discipulado como treinamento dos seguidores de Jesus não visa formar um exército de cristãos obedientes e cooperadores, como se fossem meros robôs para servirem ao discipulador na ampliação de sua obra. Nosso alvo deve ser a formação de amigos, companheiros para o futuro. Esse deve ser o objetivo tanto de pais naturais como espirituais. Pode ser que não se tornem especificamente nossos companheiros, mas estarão aptos, dignos de confiança, preparados para formarem vínculos fortes e estáveis em qualquer lugar em que Deus os plantar. Nada de permanente ou de real valor se faz no Reino de Deus fora do contexto de relacionamentos e vínculos autênticos, uns com os outros. Do contrário, podemos fazer muitas obras, mas não será o Reino.

Nesse contexto, a correção e a disciplina também adquirem outro significado. Não devemos trabalhar para produzir uma organização eficiente e disciplinada; estamos lidando com indivíduos num organismo vivo e ajudando a remover hábitos ou áreas de fraqueza que possam ser tropeços e empecilhos à nossa crescente amizade no Senhor.

É isso que significa falar a “verdade em amor” (Ef 4.15). Queremos desenvolver fidelidade e idoneidade nas pessoas ao nosso redor, a fim de podermos falar com elas dos mistérios e segredos de Deus (2 Tm 2.2; Mt 13.10,11). Somos mordomos ou despenseiros dos mistérios de Deus e precisamos discernir em quem podemos confiar a fim de transmitir esses tesouros (veja 1 Co 4.1,2). Como Jesus, podemos não encontrar pessoas já prontas para isso, mas devemos começar a nos relacionar com elas de tal forma que sejam treinadas e que, aos poucos, sejam capazes de receber nossa confiança de amizade. Pois é somente dessa forma que algo genuíno e verdadeiro será edificado no Reino de Deus através de nós.

Autor: Asher Intrater
Extraido da Revista Impacto Edição 42 Julho/Agosto de 2005
Este artigo foi extraído e adaptado de um livro de Asher Intrater intitulado: “Covenant Relationships” (Relacionamentos de Aliança).

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