Palavras de Vida Eterna


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Impossível para o Homem, Possível para Deus

Disse Jesus: “As coisas que são impossíveis aos homens, são possíveis a Deus”. (Lucas 18,27).

Esta passagem contém dois pensamentos; que no Cristianismo, a questão da salvação e do seguir a Cristo através de uma vida santa, é impossível para nós. E então, ao lado deste, está o pensamento de que o que é impossível para nós é possível a Deus.

Os dois pensamentos marcam as duas grandes lições que temos que aprender em nossa vida Cristã. Muitas vezes leva um longo tempo para aprendermos aquela primeira lição, ‘que na vida Cristã nós não podemos fazer nada', que a salvação é impossível para nós. E muitas vezes, quando aprendemos isto, não aprendemos a segunda lição que, ‘o que tem sido impossível para nós é possível para Deus'. Abençoado é aquele que aprende estas duas lições.

O aprendizado destas duas lições marca dois estágios na vida Cristã. O primeiro estágio é quando estamos tentando fazer o máximo que podemos e fracassamos, e então tentamos ainda mais duramente e fracassamos novamente, e então tentamos ainda mais e sempre fracassamos. E no entanto, muitas vezes, mesmo assim não aprendemos a lição. É impossível. Pedro gastou três anos na escola de Cristo e nunca aprendeu que ‘é impossível', até que negou seu Senhor e fugiu e chorou amargamente. Então ele aprendeu a lição que ‘para o homem é impossível' servir a Deus e a Cristo.

Olhe apenas por um momento para o que significa aprender esta lição. Primeiramente nós lutamos contra ela; então nos submetemos a ela, mas relutantemente e em desespero; e por último a aceitamos de boa vontade e regozijamo-nos nela. No começo da vida Cristã não temos a concepção dessa verdade. Fomos convertidos, temos a alegria do Senhor em nossos corações e começamos a correr a carreira e lutar o combate. Estamos seguros da vitória, pois somos determinados e sinceros, e Deus nos ajudará . No entanto, por alguma razão, muito breve, falhamos onde não esperávamos e o pecado tira o melhor de nós. Ficamos desapontados mas pensamos: ‘Eu não estava vigilante o suficiente, não fiz minhas resoluções fortes o suficiente'. E novamente prometemos, e novamente oramos, e ainda outra vez falhamos. Pensamos: ‘Não sou regenerado? Não tenho a vida de Deus em mim?'. E pensamos: ‘Sim, eu tenho Cristo para me ajudar. Eu posso viver uma vida santa'. Mas no final começamos a compreender que tal vida é impossível para nós; e há uma multidão de Cristãos que chegam a este ponto; fazemos o nosso melhor, mas nunca chegamos muito longe.

Mas, ainda assim, o Senhor nos conduz. Quando voltamos a tomar aquela palavra, ‘é impossível', em toda a sua verdade, e em desejo intenso e oração começamos a clamar a Deus: ‘Senhor, qual o significado de tudo isso. Como posso ser liberto do poder do pecado?'. Então chegamos ao estado da pessoa regenerada em Romanos 7. Ali encontramos os Cristãos tentando o melhor para viverem uma vida santa. A lei de Deus tem sido revelada a eles de modo a alcançar a profundidade dos desejos do coração, e eles ousam dizer: ‘Me deleito na lei de Deus, no tocante homem interior. O querer o bem está presente em mim. Meu coração ama a lei de Deus, e minha vontade escolheu aquela lei'. Pode um homem como este fracassar, com seu coração cheio do prazer na lei de Deus e com sua vontade determinada para fazer o que é certo? Sim. Isto é o que Romanos 7 nos ensina, mas é preciso algo mais. Não somente devo me deleitar na lei de Deus por causa do homem interior e desejar o que Deus deseja, mas preciso de uma onipotência divina para efetuar isto em mim. E isto é o que o apóstolo Paulo ensina em Filipenses 2:13: “É Deus quem opera em vós, tanto o querer como o realizar”. Note o contraste. Em Romanos 7 a pessoa regenerada diz: ‘O querer está em mim, mas o fazer descobri que não posso. Eu desejo, mas não posso realizar'. Mas em Filipenses 2, temos uma pessoa que vai mais longe, aquele que entende que quando Deus efetuou o querer renovado, Deus dará o poder para realizar o que aquele querer deseja.

Vamos receber isso como a primeira grande lição na vida espiritual: ‘É impossível para mim, meu Deus: fazer com que haja um fim da carne e todo seu poder, um fim do ego, e fazer com que minha glória seja abandonada'. Louvado seja Deus pelo divino ensinamento que nos faz incapazes!

Agora vem a segunda lição: ‘As coisas que são impossíveis para o homem são possíveis para Deus”. Eu disse um pouco atrás que há muitos que têm aprendido que ‘é impossível para o homem', mas então se dão por vencidos em impotente desespero e vivem uma vida Cristã miserável sem alegria ou firmeza ou vitória. Mas por quê? Porque não se humilham e não aprendem aquela outra lição: “Para Deus tudo é possível”.

Sua vida todos os dias é uma evidência de que Deus faz coisas impossíveis; sua vida é para que as impossibilidades sejam tornadas possíveis pelo onipotente poder de Deus. Isso é o que o Cristão precisa. Você tem um Deus onipotente que você adora, e precisa aprender a entender que você não quer um pouco do poder de Deus, mas que você quer – com reverência permita ser dito – a totalidade da onipotência de Deus para mantê-lo justo, para viver uma vida Cristã.

Todo o Cristianismo é um efetuar da onipotência de Deus. Olhe para o nascimento de Jesus. Aquilo foi um milagre do poder divino, e foi dito à Maria, “Para Deus nada é impossível”. Foi a onipotência de Deus. Olhe para a ressurreição de Cristo. Nós fomos ensinados que foi conforme a excelsa grandeza de Seu poder que Deus levantou Cristo da morte.

O Cristianismo teve seu começo na onipotência de Deus, e em toda alma deve ter sua continuação naquela onipotência. Todas as possibilidades da vida Cristã têm suas origens em uma nova percepção do poder de Cristo para operar toda a vontade de Deus em nós.

A causa da fraqueza em nossa vida Cristã é que queremos exercita-la nós mesmos, consentindo que Deus nos ajude. Isto não funciona. Devemos nos achegar em completa fraqueza e deixar Deus efetuar, e então Ele efetua, gloriosamente. Isto é o que precisamos se somos de fato obreiros de Deus.

Podemos ver nas Escrituras que quando Moisés liderou Israel para fora do Egito; quando Josué trouxe-os para a Terra Prometida; e todos os servos de Deus no Velho Testamento; todos eles contaram com a onipotência de Deus fazendo o impossível. Este Deus vive hoje, e este é o Deus de todo aquele que é Seu filho. E ainda tão freqüentemente estamos esperando Deus nos dar uma pequena ajuda, enquanto fazemos nosso melhor; ao invés de buscar compreender o que Deus quer e estar desejando dizer: ‘Eu nada posso fazer, mas Deus deve fazer e fará tudo'.

Precisamos chegar ao ponto de admitir: 'Na adoração, na obra, na santificação, na obediência a Deus, não posso fazer nada por mim mesmo. E então minha posição é de adorar o Deus onipotente e crer que Ele trabalhará em mim em todo momento'. Oh que Deus pela Sua graça possa nos mostrar que Deus temos, a que Deus temos nos confiado. Um Deus onipotente, desejando, com toda Sua onipotência, colocar-se a Si mesmo à disposição de todos os Seus filhos. Devemos tomar a lição do Senhor Jesus e dizer, ‘Amém, as coisas que são impossíveis para mim, são possíveis para Deus'.

Autor: Andrew Murray
Do livro “Absolute Surrender” (Entrega Absoluta).

terça-feira, 26 de novembro de 2019

O Senhor Deus Onipotente Reina

O Senhor Reina; tremem os povos. Ele esta assentado acima dos querubins; comovam-se a terra. Sl 99:1. Porque convém que Ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de Seus pés. 1 Co 15:25

Todas as coisas lhe sujeitasse abaixo dos pés. Vemos, porém, coroado de gloria e de honra aquele JESUS... Hb 2:8 e 9 - Ele é o ponto focal da nossa visão, quando olhamos para o mundo, com o seu acumulo de situações que parecem impossíveis em quase todos os países. Que os filhos de Deus não cedam ao espírito de depressão que enche a atmosfera do mundo, mas que levantem os olhos, pois a sua redenção esta próxima. A Palavra de Deus nos disse antecipadamente que todas essas coisas devem acontecer no final da era. Deus olha para a terra que Ele fez e vê mais, muito mais, do que a nossa visão finita pode captar do ataque da maré de apostasia na igreja professa, a negligência e o fraco testemunho de muitos que são realmente Seu e o terrível caos das nações. Ele vê as tentativas de Satanás de, onde não pode destruir, diluir e adulterar o Evangelho até que não seja mais o Evangelho. Mais do que isso, Ele vê que ainda mais sutilmente Satanás governa no mundo do qual usurpou a chefia, a exaltação do homem como homem, a glorificação do Adão caído e a pregação da salvação sem Deus.

Mas a mão de Deus não esta encolhida para que não possa salvar. Os Seus estão sobre o Seu cuidado e guarda especial enquanto Ele permite Satanás governar a terra para dirigi-la para o seu curso final para o desastre, para que todo o universo possa ver que Deus é Onipotente, e realmente reina. Todo o curso das eras esta culminado neste manifestado fracasso do Usurpador de governar o mundo sem Deus. Desde a primeira promessa da semente que deveria “esmagar a cabeça da serpente” Deus esteve reinando em Sua Onipotência muito longe da esfera ocupada pelos “principados e potestades”, os “príncipes das trevas deste século”, e “Ele reinará para todo o sempre.” “Jeová é Rei... não esteja nunca a terra tão inquieta”.

E, na provisão maravilhosa da Sua graça, Deus esta nesta era provando Ele mesmo que é superior ao Diabo por meio de uma criação. “um pouco menor que os anjos”. Satanás deve ser humilhado pelo homem, pelo Espírito de Deus no Homem. O próprio Deus vivendo, pelo Espírito do Seu Filho, no espírito interior dos Seus remidos, os faz “mais que vencedores”, mesmo enquanto eles andam em território atualmente ocupado pelo Príncipe Usurpador.

A batalha em oração simplesmente significa manter incessantemente o poder da obra consumada de Cristo sobre as hostes da maldade. O guerreiro de oração apóia firmemente na vitória do Calvário, na vitória consumada de Cristo sobre Satanás, até que as forças da maldade se retirem e sejam vencidas.

Possamos nós, como uma força unida àqueles que Deus revelou algo desta poderosa vitória, manejar a Espada do Espírito contras essas forças da maldade, não com um espírito de temor e depressão mas na luz da inquebrável palavra do nosso Deus dada acima, afirmada diante dos homens e dos anjos as quais asseguram o fato de que “o Senhor reina” e que “Ele deve reinar” até que todos os Seus inimigos estejam sobre os Seus pés. Aqueles que assim estão do lado do Senhor se encontrarão do lado da vitória naquele dia, embora que possam muitas vezes parecerem estar do lado que perde, quando seguem o Cordeiro no caminho que Ele traçou para eles. Alguma vitoria alguma vez se pareceu mais com derrota do que a do Calvário?

Não fique desencorajado se não ver nenhum resultado. As suas orações estão atando os poderes das trevas no reino invisível. O Espírito Santo na Igreja esta restringindo, retendo, as investidas do mal, até o Espírito Santo e o Seu templo, “e vós sois o templo” 1 Co 3:17, juntos sejam removidos desta terra. Há batalha nos céus mesmo agora, para arremessar  para baixo Satanás e as suas hostes, e as orações dos santos estão tendo efeito contras as numerosas hostes de principados e potestades nos lugares celestiais. Uma obra vital esta sendo feita pelas orações daqueles que oram em união com Cristo e pelo Seu Espírito, quando se levantam, no Vitorioso, contra o inimigo. Podem estar vindo dias quando veremos menos e menos resultado na terra para a nossa oração, dias quando tudo que a Igreja de Deus pode fazer será estar, firme no Espírito contras as forças do mal, firmes para que a vontade de Deus seja feita a qualquer preço.

Se não fossem as orações dos santos na terra, a ilegalidade não encontraria nenhum limite, mas enquanto estão na terra são o sal da terra e a luz do mundo. Por isso, quando olhamos para o mundo e vemos as convulsões da natureza, o caos das nações, e a apostasia das igrejas professas, e até mesmo as formas sutis pelas quais muitos crentes verdadeiros estão sendo desviados da simplicidade que esta em Cristo Jesus, vamos levantar a nossa cabeça e gritar “Ele é vitorioso, Satanás é um inimigo derrotado”. Toda oração iniciada pelo Espírito Santo será respondida, muito embora possa não parecer que elas façam qualquer diferença material. No reino invisível elas estão sendo acrescentadas ao incensário das orações dos santos de todas as eras diante do trono, o Intercessor Celestial as oferece a Deus em Seu próprio nome todo poderoso, e elas estão ajudando nas consumações dos propósitos de Deus para esta era.

Autora:  Sra M. Wanzer
Extraído da revista O Vencedor Junho de 2011 a Setembro de 2011 – www.editorarestauracao.com.br 

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Fé e Bom Senso

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus.” – Hebreus 11:6

A fé, quando se opõe ao bom senso, é fanatismo, e o bom senso, quando oposto à fé é racionalismo. A vida de fé coloca as duas coisas numa relação correta. O bom senso não é fé, e fé não é bom senso, pois um é natural e outro é espiritual; um, impulso, e outro; inspiração. Nada do que Jesus Cristo disse é bom senso, é revelação; e vai até onde o bom senso não chega. A fé tem que ser provada, para que sua realidade possa concretizar-se. “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem”, então, não importa o que aconteça, a operação da providência de Deus transforma a fé ideal em realidade concreta. A fé é sempre algo pessoal, já que todo o propósito de Deus é fazer com que a fé ideal se torne real em Seus filhos.

Para cada pormenor da vida de bom senso, há uma revelação acerca de Deus, pela qual podemos provar, através da experiência prática, o que acreditamos que Deus seja. A fé um princípio tremendamente ativo, que sempre coloca Jesus Cristo em primeiro lugar: “Senhor, tu disseste isso e aquilo (por exemplo, Mateus 6:33)”; parece loucura, mas vou arriscar-me baseado em Tua palavra.” Transformar a fé racional em realidade pessoal é uma luta constante, e não ocasional. Deus nos coloca em certas situações a fim de educar nossa fé, porque a natureza da fé é tornar real o seu objeto. Enquanto não conhecemos Jesus, Deus é mera abstração, não conseguimos ter fé nEle; mas, assim que ouvimos Jesus dizer: “Quem me vê a mim, vê o Pai”, temos algo que é real, e a fé não tem limites. Fé é o homem total, corretamente relacionado com Deus pelo poder do Espírito de Jesus Cristo.

Autor: Oswald Chambers
Extraído do livro Tudo Para Ele. Lição do dia 30 de Outubro

sábado, 19 de outubro de 2019

A Comunhão do Espírito Santo na Vida de Estevão

Em Atos 6:8, lemos que Estevão estava cheio de graça e poder, mas não somente isso, pois o versículo 10 nos diz que “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”. Estevão era ministro da Palavra?  Sabemos que ele era judeu helenista, vindo de outro país, não de Israel. Os ministros da Palavra eram judeus hebraicos. Mas havia muitas sinagogas onde se falava a língua de Estevão, também havia muitas sinagogas onde falavam a língua de Paulo, e provavelmente Paulo ia até aqueles sinagogas para adorar.

Quem era Estevão? Tudo que sabemos é que ele apenas servia as mesas e era cheio do Espírito Santo. Quem era Saulo? Um grande erudito, um Rabino que fora treinado aos pés de Gamaliel, um homem que abraçou três mundos. Não há dúvida que Saulo era cheio de sabedoria, um grande rabino, estava cheio da palavra do Antigo Testamento. Saulo provavelmente entrou naquela sinagoga onde Estevão estava e deve ter discutido com Estevão, mas a Bíblia diz: “E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava”.

Estevão tinha essa sabedoria porque o Espírito Santo é o Espírito de sabedoria. Ele não dependia de si mesmo, mas do Espírito Santo. Ainda que estivesse servindo as mesas, fazendo muitas coisas pequenas, até mesmo desprezíveis, mas estava cheio do Espírito Santo. Quando um homem está cheio do Espírito Santo, qualquer lugar lhe é agradável. A qualquer instante Estevão poderia ter uma comunhão maravilhosa com o Senhor, o Espírito Santo estava em seu espírito. Ele poderia adorar o Senhor em qualquer instante, quando lavava os pratos, poderia ter uma comunhão maravilhosa com o Senhor. Por causa daquela experiência maravilhosa, ele foi cheio do Espírito Santo e dependia dEle para que o Senhor pudesse realmente usá-lo.

As pessoas que estavam na sinagoga encheram-se de inveja e o acusaram. Mas Atos 6:15 diz: “Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estevão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo”. Estevão estava no Sinédrio, estava sendo julgado, muitos o acusaram e queriam ouvir a sua defesa. Mas, antes de falar, sua face ficou como a face de um anjo. Não foi Lucas, o escritor de Atos, quem presenciou essa cena, mas Paulo. Lucas escreveu o livro de Atos, mas foi Paulo que lhe passou essas informações. Paulo ficou impressionado! Se aquele homem fosse um criminoso, se realmente queria destruir o templo, como pôde seu rosto tornar-se como rosto de um anjo? Ele estava na boca dos leões, seria rasgado em pedaços em poucas horas. Mas Estevão pregou sua mensagem com aquela face de anjo. “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” (At 7:51). “Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele” (At 7:54).

Esse foi um momento especial, mas, para Estevão, era seu estado normal. Aquele que está cheio do Espírito Santo pode tornar-se mártir, não precisará de mais nada. Estevão não precisou de um enchimento especial, ele já estava cheio do Espírito Santo; por causa disso, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e o Senhor Jesus a Sua direita. De acordo com a Palavra de Deus, de acordo com Pedro, o Senhor está assentado à destra de Deus, como Estevão o viu em pé? Estevão tornou-se mártir, ele estava cheio do Espírito Santo, mas sendo transformado à imagem do Filho de Deus. Quando o Senhor descobre algo semelhante ao que aconteceu com Ele mesmo aqui na terra, Ele não pode ficar assentado, nosso Senhor levantou-se e deu as boas-vindas para Estevão. A maneira como Estevão orou quando foi martirizado faz lembrar o Senhor Jesus. Isso é resultado do Pentecostes.

Qual a sua impressão ao estudar o livro de Atos? É o vento impetuoso ou as línguas de fogo, ou o falar em línguas que lhe impressionam? Quando nosso Senhor viu alguém sobre a terra cheio do Espírito Santo, com a visão da glória de Deus, Ele não pode resistir, mas ficou em pé e deu as boas-vindas a Estevão. Se você quer ser cheio do Espírito Santo, prepare-se bem, pois ficará cheio de pedras. Muitas pessoas desejam ficar cheio do Espírito Santo, mas não querem estar cheios de pedras, elas querem o Espírito Santo sem cruz. O Espírito Santo sempre nos dá a cruz, e a cruz sempre nos leva de volta ao Espírito Santo. Foi isso o que aconteceu depois de Pentecostes. Estevão não era um dos Apóstolos, não era um dos ministros da Palavra, apenas servia as mesas, era apenas alguém que queria servir a Deus sem reclamação nem murmuração. Essa é a comunhão do Espírito Santo.

Autor: Christian Chen
Extraído do livro Andai no Espírito

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Amizade no Sentido Bíblico

Jesus andava no meio de multidões e ministrava às suas necessidades. No entanto, tinha poucos amigos no seu círculo íntimo. Como alguém se tornava parte desse círculo e o que significava para Jesus ter um relacionamento como esse?

Confiança versus Amor
Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana. (Jo 2.24,25).

Jesus não se confiava a todas as pessoas. Sua confiança não era depositada em qualquer um. A razão para isso é que as pessoas em geral não são dignas de confiança. Não era por uma questão de auto-suficiência ou falta de necessidade, mas por não encontrar inicialmente alguém em quem pudesse confiar.

Foi por isso que escolheu um pequeno grupo para estar mais próximo. Não que essas pessoas já fossem seus amigos, mas tinham o potencial de se tornarem dignas de confiança. Jesus passou tempo treinando-as para esse fim, não através de aulas teóricas, mas por meio da convivência, andando, servindo e conversando juntos.

Durante muito tempo, ele não conseguiu ir muito longe nas conversas. Começava a explicar-lhes as parábolas, dizendo que a eles era dado conhecer os mistérios do Reino. Tentava mostrar a natureza do Reino e a necessidade de dar a própria vida para que o Reino viesse. Contudo, quando ressurgia o assunto, notava-se que ainda muito pouco havia penetrado em seus corações.

No entanto, ele não desistiu. João registra no seu evangelho que Jesus amou seus discípulos, e que os amou com um amor persistente e fiel até o fim, a despeito de suas limitações, gafes, inconsistências e falhas. Mesmo sabendo que um seria traidor, outro o negaria e ninguém o acompanharia na sua hora mais escura, ele confessou mais de uma vez a importância de estar junto daqueles que haviam deixado tudo para segui-lo (Lc 22.15,28; 18.31; Mt 19.27-30; 26.38-40; Jo 17.6-8,14,24).

Existe uma grande diferença entre amar e confiar. Deus ama a todas as pessoas do mundo (Jo 3.16). A essência do amor é dar. Eu posso dar algo para alguém e mesmo doar-lhe de mim mesmo, até um certo ponto, ajudando e ministrando às suas necessidades, sem, contudo, confiar nele ou tornar-me vulnerável por lhe abrir coisas íntimas ou pessoais. Se eu fizer isso, revelando-me a pessoas que não são confiáveis, posso destruir o potencial de continuar amando os outros, pois pode resultar em feridas e profundos efeitos negativos.

Existe uma ligação muito grande entre as palavras fé e confiança. Deus ama a todos, mas nem todos correspondem a ele em fé e confiança. De acordo com Hebreus 11.6, a fé que agrada a Deus é a certeza de que ele existe e que responde àqueles que o buscam. Confiança é a base de qualquer relacionamento e foi por isso que a serpente começou seu ataque no jardim minando exatamente a confiança do homem em Deus (Gn 3.1-5).

Objetivo do Discipulado
No final do ministério de Jesus, ele deu este testemunho a respeito dos seus discípulos:
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor: mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. (Jo 15.15).

Pessoas que no princípio não eram dignas de confiança se tornaram amigas de Jesus. A palavra amigo já perdeu grande parte do seu conteúdo na nossa compreensão moderna. Precisaríamos acrescentar os significados de aliança, fidelidade e confiança ao nosso conceito para nos aproximarmos do sentido bíblico. Para os discípulos serem chamados de amigos, tiveram de passar por um processo. Abraão foi chamado três vezes nas Escrituras de amigo de Deus (2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23), mas também houve uma longa caminhada para chegar a esse ponto. Foi por isso que Deus compartilhou com ele seus planos sobre Sodoma (Gn 18).

Já ouvimos muito nos últimos anos sobre discipulado na igreja. O tema tem gerado controvérsia e discussão. Mas o ponto central é que o discipulado como treinamento dos seguidores de Jesus não visa formar um exército de cristãos obedientes e cooperadores, como se fossem meros robôs para servirem ao discipulador na ampliação de sua obra. Nosso alvo deve ser a formação de amigos, companheiros para o futuro. Esse deve ser o objetivo tanto de pais naturais como espirituais. Pode ser que não se tornem especificamente nossos companheiros, mas estarão aptos, dignos de confiança, preparados para formarem vínculos fortes e estáveis em qualquer lugar em que Deus os plantar. Nada de permanente ou de real valor se faz no Reino de Deus fora do contexto de relacionamentos e vínculos autênticos, uns com os outros. Do contrário, podemos fazer muitas obras, mas não será o Reino.

Nesse contexto, a correção e a disciplina também adquirem outro significado. Não devemos trabalhar para produzir uma organização eficiente e disciplinada; estamos lidando com indivíduos num organismo vivo e ajudando a remover hábitos ou áreas de fraqueza que possam ser tropeços e empecilhos à nossa crescente amizade no Senhor.

É isso que significa falar a “verdade em amor” (Ef 4.15). Queremos desenvolver fidelidade e idoneidade nas pessoas ao nosso redor, a fim de podermos falar com elas dos mistérios e segredos de Deus (2 Tm 2.2; Mt 13.10,11). Somos mordomos ou despenseiros dos mistérios de Deus e precisamos discernir em quem podemos confiar a fim de transmitir esses tesouros (veja 1 Co 4.1,2). Como Jesus, podemos não encontrar pessoas já prontas para isso, mas devemos começar a nos relacionar com elas de tal forma que sejam treinadas e que, aos poucos, sejam capazes de receber nossa confiança de amizade. Pois é somente dessa forma que algo genuíno e verdadeiro será edificado no Reino de Deus através de nós.

Autor: Asher Intrater
Extraido da Revista Impacto Edição 42 Julho/Agosto de 2005
Este artigo foi extraído e adaptado de um livro de Asher Intrater intitulado: “Covenant Relationships” (Relacionamentos de Aliança).

sábado, 24 de agosto de 2019

Um Vaso de Alabastro

...“ela praticou uma boa ação para comigo”. Mt 26.10

É indispensável trazer na mente nestes dias altamente ocupados e de atividades sem descanso, que Deus olha para tudo a partir de um único ponto de vista, avalia tudo por uma única regra, prova tudo por um único critério, e este critério, que governa Seu ponto de vista é Cristo. Ele valoriza as coisas segundo as mais próximas elas podem estar conectadas com o Filho do Seu Amor, e nada além. Tudo que é feito para Cristo, tudo que é feito por Ele é precioso para Deus. Tudo mais é sem valor. Muito serviço pode ser realizado e uma grande porção de louvor pode ser oferecida através de lábios humanos, mas quando Deus o analisa, Ele irá buscar somente uma coisa e é medindo o quanto este serviço está conectado à Cristo. Sua grande questão será: este serviço foi realizado em e para o Nome de Jesus? Se for, ele foi aprovado e recompensado; se não, será rejeitado e queimado.

Não importa o que os homens possam pensar sobre um trabalho específico. Eles podem ser elogiados sobejamente por algo que estejam fazendo; eles podem ostentar seu nome nos jornais; eles podem fazer do seu nome o assunto no seu círculo de amigos; eles podem ter um grande nome como pregador, mestre, escritor, filantrópico, reformador moral, mas se não pode conectar seu trabalho com o nome de Jesus - se este não é feito para Ele e para a Sua glória - se não é fruto do constrangimento do amor de Cristo, será todo soprado fora como a palha do chão da debulha de verão, e cair no esquecimento.

Um homem pode procurar um silencioso, humilde, modesto serviço, desconhecido e não noticiado. Seu nome pode nunca ser ouvido, seu trabalho pode nunca ser reconhecido, mas o que foi feito, foi feito simplesmente por amor a Cristo. Ele serviu na obscuridade com seus olhos no seu Mestre. O sorriso do seu Senhor é o suficiente para ele. Ele não pensou em nenhum momento em receber a aprovação dos homens; ele nunca procurou cativar o sorriso do homem ou evitar a sua censura. Ele tem procurado padronizar o sentido do seu caminho, simplesmente olhando para Cristo e agindo para Ele. Seu serviço irá permanecer. Este será lembrado e recompensado, porém ele não faz o serviço pensando na lembrança e na recompensa, mas simplesmente por amor a Cristo. Este é o serviço correto, a moeda genuína que irá subsistir ao fogo do dia do Senhor.

O pensamento de tudo isto é muito solene, e também muito reconfortante. É solene para aqueles que servem segundo um padrão aos olhos dos seus seguidores, mas reconfortante para todos aqueles que servem sob os olhos do seu Senhor. Esta é uma impronunciável misericórdia ser salvo do tempo da servidão, do espírito de agradar a homens presente hoje em dia e ser permitido andar diante do Senhor - poder iniciar, executar e concluir nossos serviços Nele.

Vamos analisar a mais amável e tocante ilustração sobre isto, nos apresentada na “casa do Simão o leproso” e registrada em Mateus 26. “Jesus está em Betânia, na casa de Simão o leproso, então veio até Ele uma mulher possuindo um vaso de alabastro contendo um unguento de grande valor, e derramou sobre a sua cabeça quando Ele estava sentado à mesa”.

Se nós perguntássemos para essa mulher enquanto ela caminhava em direção a casa de Simão, para que é isto? É para ostentar a excelência do perfume deste unguento ou o material e forma da caixa do alabastro? É para obter o louvor dos homens pelo seu ato? É para alcançar um grande nome pela extraordinária devoção a Cristo no meio do pequeno grupo de amigos pessoais do Salvador? Não, caro leitor, não é para nenhuma destas coisas. Como nós sabemos disto? Por causa do Deus altíssimo, o Criador de todas as coisas, que conhece os mais profundos segredos de todos os corações e a verdadeira motivação de cada ação é exposta, e Ele pesou a ação dela com a balança do santuário e colocou nela o selo de Sua aprovação. Ele estava lá na pessoa de Jesus de Nazaré - Ele o Deus do conhecimento através de quem todas as ações são pesadas. Ele enviou adiante sua ação com uma moeda genuína do reino. Ele não gostaria, não poderia fazer isto se houvesse alguma mistura, qualquer falsa motivação, qualquer pretensão oculta. Seu santo e penetrante olhar penetrou as maiores profundezas da alma da mulher. Ele sabia, não somente o que ela havia feito, mas como e porque ela havia feito aquilo, e Ele declarou, “ela praticou uma boa ação para comigo”.

Em uma palavra, o próprio Cristo tem o propósito imediato da alma da mulher, e foi isso que valorizou o seu ato e elevou o cheiro do unguento com cheiro suave ao trono de Deus. De modo nenhum ela sabia ou pensava que milhões leriam o registro de sua profunda devoção pessoal. De modo nenhum ela imaginou que seu ato seria gravado pela mão do Mestre nas páginas da eternidade, e nunca ser esquecido. Ela não pensou nisto. Nem tão pouco ela procurou ou sonhou com tamanha notoriedade; se ela tivesse feito assim, teria roubado a beleza do seu ato e desprovido toda a fragrância de seu sacrifício.

Mas o abençoado Senhor para quem o ato foi feito, cuidou para que não fosse esquecido. Ele não somente o defendeu naquele momento, mas o transmitiu para o futuro. Isto foi suficiente para o coração daquela mulher. Tendo a aprovação do seu Senhor, ela teve condições de suportar a “indignação” até dos “discípulos” e de ouvir que seu ato foi um “desperdício”. Foi suficiente para ela que o Seu coração foi refrescado. Todo o resto não foi nada por aquilo que tem valor. Ela nunca se preocupou em manter o louvor do homem ou evitar o seu escárnio. Seu único indivisível objetivo do princípio ao fim, foi Cristo. Do momento em que ela pegou o vaso de alabastro, até que ela o quebrou e derramou o seu conteúdo sobre Sua sagrada Pessoa, ela pensou somente Nele. Ela teve uma intuição perspectiva do que poderia ser conveniente e agradável ao seu Senhor na solene circunstância em que Ele estava inserido naquele momento, e com apurado tato ela fez aquilo. Ela nunca considerou o valor do unguento; ou, se ela considerou, ela sabia que Ele valia dez mil vezes mais. Quanto “aos pobres”, eles possuem o seu próprio lugar e suas súplicas também, mas ela sentiu que Jesus era mais para ela do que todos os pobres do mundo.

Em resumo, o coração da mulher estava cheio de Cristo, e foi isto que caracterizou o seu ato. Outros poderiam pronunciar que era um “desperdício”, mas nós podemos descansar seguros sabendo que nada que é gasto para Cristo é um desperdício. Então a mulher julgou, e ela estava certa. Para honrá-lo naquele momento em que o mundo e o inferno estavam se levantando contra Ele, este era o maior serviço que um homem ou anjo poderia executar. Ele estava indo para ser oferecido. As sombras estavam se estendendo, as trevas estavam se intensificando, a escuridão crescendo. A cruz com todos os seus horrores estava mais próxima; esta mulher se antecipou a todos e ungiu o corpo do seu adorável Senhor.

Marque o resultado. Veja como imediatamente o abençoado Senhor veio em sua defesa e a protegeu da indignação e do escárnio daqueles que pensavam saber mais do que ela. “Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo. Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho seja pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua”.

Aqui está uma gloriosa defesa na presença de quem toda a indignação humana, escárnios e falta de entendimento deve passar como a neblina da manhã antes do calor do nascer do sol. “Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo”. Isto terminou com todo o resto. Tudo deve ser pesado de acordo com sua conexão com Cristo. Um homem pode andar o mundo inteiro levando seus nobres atos de filantropia; ele pode espalhar com nobreza os frutos do seu grande coração benevolente; ele pode dar todos os seus bens para alimentar os pobres; ele pode ir às últimas conseqüências no tocante a religiosidade e moralidade e não fazer uma única coisa em que Cristo possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”.

Caro leitor, seja quem você for ou o quanto você esteja engajado, pondere nisso. Veja que você mantenha os seus olhos diretamente em Cristo em tudo o que você faz. Faça de Jesus o objetivo imediato de cada pequeno serviço, não importa o quê. Procure servir de forma que Ele possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”. Não esteja preocupado com os pensamentos dos homens sobre os seus caminhos ou serviços. Não se importe com sua indignação ou sua falta de entendimento, mas derrame o seu vaso de alabastro sobre a pessoa do seu Senhor. Certifique-se que todos os seus atos sejam frutos da apreciação do seu coração a Ele. Então se assegure que Ele irá apreciar o seu serviço e te anunciar junto à assembléia dos anjos.

Deste modo é a mulher sobre a qual estamos lendo. Ela pegou seu vaso de alabastro e fez o seu caminho até a casa de Simão o leproso com um único objetivo no seu coração, nomeadamente, Jesus e o que estava a sua frente. Ela está absorvida por Ele. Ela não pensou em mais nada, a não ser o de derramar seu precioso unguento sobre a Sua cabeça. E como resultado, seu ato chegou até nós através dos registros do Evangelho, unido ao Seu santo Nome. Ninguém pode ler o Evangelho sem ler o memorial desta pessoa devotada. Impérios surgiram, floresceram e caíram no esquecimento. Monumentos foram erigidos para comemorar gênios, homens generosos e filantrópicos, e estes monumentos se tornaram um monte de pó, mas o ato desta mulher ainda vive e viverá para sempre. A mão do Mestre erigiu um monumento para ela, que nunca irá perecer. Que possamos ter a graça para imitá-la; e nestes dias onde existe um grande esforço humano em favor da filantropia, que nosso servir, sejam eles quais forem, seja o fruto da apreciação de nossos corações a um distante, rejeitado e crucificado Senhor!

Nada testa mais profundamente o coração do que a doutrina da cruz - o caminho do rejeitado, crucificado Jesus de Nazaré. Ela prova o coração do homem no mais profundo do seu interior. Se for meramente uma questão religiosa, o homem pode ir muito longe, mas Cristo não é religiosidade. Nós não precisamos ir muito além das linhas reveladas de nosso capítulo (Mt 26) para ver notável prova disto. Olhe para o palácio do sumo sacerdote e que você vê? Uma reunião especial das cabeças e líderes do povo. “Depois os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos do povo reuniram-se no palácio do sumo sacerdote que se chamava Caifás”.

Aqui vemos a religião em uma forma muito imponente. Nós precisamos lembrar que estes sacerdotes, escribas e anciãos foram estabelecidos pelo professo povo de Deus como os depositários dos ensinos sagrados, assim como a máxima autoridade em todos os assuntos relacionados com a religião e como os assessores perante Deus no sistema que foi estabelecido por Deus nos dias de Moisés. Esta assembléia no palácio de Caifás não era composta por sacerdotes pagãos e profetas da Grécia e Roma, mas pelos professos líderes e guias da nação Judaica. O que eles estavam fazendo nesta reunião solene? Eles “consultaram-se mutuamente para prenderem Jesus com dolo e O matarem”.

Caro leitor, pondere nisso. Aqui nós temos homens religiosos, homens que são mestres, homens de peso e com grande influência entre o povo; e também estes homens odiavam a Jesus, e eles se reuniram em conselho para tramar a Sua morte - para prendê-Lo com dolo e O matarem. Agora estes homens podem ter falado com você sobre Deus e adoração a Ele, sobre Moisés e a lei, sobre o Sábado e todas as grandes ordenanças e solenidades da religião Judaica. Mas eles odiavam a Jesus. Lembrem-se do fato mais solene. Homens podem ser muito religiosos; eles podem ser guias religiosos e professores de outros e ainda odiar o Cristo de Deus. Esta é uma grande lição para se aprender no palácio de Caifás, o sumo sacerdote. Cristo não é religiosidade; ao contrário, os religiosos mais zelosos normalmente são tristes e veementemente odeiam o Abençoado.

Mas, podem dizer, “os tempos mudaram”. Religião está tão intimamente ligada ao Nome de Jesus, que para ser um homem religioso, é necessário ser um servo de Jesus. “Você não poderia mais encontrar ninguém respondendo como no palácio de Caifás.” Isto é mesmo uma realidade? Nós não podemos crer nisto por um momento. O Nome de Jesus é tão odiado hoje no meio dos cristãos como Ele foi odiado no palácio de Caifás. E aqueles que buscarem seguir a Jesus serão odiados da mesma forma. Não precisamos ir muito longe para provar isto. Jesus continua a ser rejeitado no mundo. Onde você irá ouvir o Seu Nome? Onde Ele é um tema bem vindo? Fale Dele onde você for, nas salas de visita dos ricos e elegantes, nos vagões dos trens, nos salões dos cruzeiros, nos cafés ou salões de jantar, em resumo, em qualquer lugar onde os homens frequentam, eles dirão a você, na maioria das vezes, que este tema está fora de propósito.

Você pode falar de qualquer outra coisa - política, dinheiro, negócios, prazer, besteiras. Estas coisas estão sempre no propósito, em qualquer lugar; Jesus não está em nenhum lugar. Nós vemos em nossas cidades, com freqüência, ruas sendo interrompidas para a passagem de desfiles, festivais e shows, e eles nunca são molestados, reprovados e impelidos a mudarem de lugar. Mas deixe um homem nestes lugares falar de Jesus e ele será insultado ou será levado a mudar de lugar e não interferir no tráfego. Em linguagem clara, existe lugar para o diabo em qualquer lugar deste mundo, mas não existe lugar para o Cristo de Deus. O lema do mundo para Cristo é: “Oh! Nem sussurre Seu Nome”.

Mas, graças a Deus, se o que você vê a sua volta são aquelas respostas do palácio do sumo sacerdote, nós também podemos ver aqui ou ali, aquilo que é correspondente com a casa de Simão o leproso. Lá estão, louvado seja Deus, aqueles que amam a Jesus e o consideram digno de receber o vaso de alabastro. Lá estão aqueles que não se envergonham da Sua cruz – aqueles que encontram Nele o seu objetivo mais cativante e que consideram sua principal alegria e maior honra o poder derramar e ser derramado para Ele em qualquer situação. Não é para eles uma questão de serviço, um mecanismo religioso, de correr aqui e ali, ou fazer isto ou aquilo: Não, é Cristo, é estar perto Dele e estar ocupado com Ele; é sentar aos Seus pés e derramar o precioso unguento do coração verdadeiro sobre Ele.

Caro leitor, esteja bem seguro de que este é o segredo do poder em ambos, serviço e testemunho. A correta apreciação do Cristo crucificado é um espargir vivo de tudo que é aceitável para Deus, tanto na vida e conduta individual do cristão como em tudo que ocorre nas assembleias. A genuína união com Cristo e dedicação a Ele deve nos caracterizar pessoalmente e coletivamente, senão nossa vida e história irão provar um pouco do peso do julgamento nos céus, porém este ainda pode ser um julgamento na terra. Nós sabemos que nada pode conceder mais poder moral ao caminhar individual e caráter do que uma intensa devoção à Pessoa de Cristo. Este não é meramente um homem de grande fé, um homem de oração, um estudante que toca profundamente na Palavra, um erudito, um pregador abençoado ou um poderoso escritor. Não, é ser um servo de Cristo.

Assim também deve ser a assembléia; qual é o verdadeiro segredo do poder? É o talento, eloquência, música refinada ou um cerimonial imponente? Não, é o gozo da presença de Cristo. Onde Ele está tudo é luz, vida e poder. Onde Ele não está tudo são trevas, morte e desolação. Uma assembléia onde Cristo não está é uma tumba, ainda que haja uma oratória fascinante, todos os atrativos da música refinada e toda a influência de um ritual imponente. Todas estas coisas podem ser perfeitas, e ainda os devotos servos de Jesus podem clamar: “Ai de mim! Eles levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram.” Mas, em contrapartida, onde a presença de Jesus é percebida, onde Sua voz é ouvida e onde o Seu verdadeiro toque é sentido, ali há poder e bênção, ainda que do ponto de vista humano, tudo possa parecer a mais completa fraqueza.

Que os cristãos se lembrem destas coisas, que ponderem sobre elas, os deixem perceberem que eles estão na presença do Senhor em suas assembleias, e se eles não puderem dizer isso, deixe eles se humilharem e esperar Nele, pois deve haver um motivo para isto. Ele disse, “onde houverem dois ou três reunidos em Meu Nome ali Eu estarei no meio deles” (Mt 18:20). Que nunca se esqueçam disso, para alcançar resultados divinos, deve-se encontrar a condição divina para isso.

Autor: C.H. Mackintosh

terça-feira, 20 de agosto de 2019

E-mail para o Apóstolo Paulo

Amado apóstolo:

Estou escrevendo para colocá-lo a par da situação do Evangelho que um dia você ajudou a propagar para nós gentios, e que lhe custou a própria vida. As coisas estão muito difíceis por aqui. Quase tudo o que você escreveu foi esquecido ou deturpado.

Você foi bastante claro ao despedir-se dos irmãos em Éfeso, alertando que depois de sua partida lobos vorazes penetrariam em meio à igreja, e não poupariam o rebanho [At 20.23]. Palavras de fato inspiradas, pois isso se concretiza a cada dia.

Lembra-se que você escreveu ao jovem Timóteo, que o amor ao dinheiro era a 'raiz de todos os males'[1Tm 6.10]? Quero que saiba que suas palavras foram invertidas, e agora se prega que o dinheiro é a 'solução' de todos os males.

Também é com tristeza que lhe digo que em nossa época ninguém mais quer ser chamado de pastor, missionário ou evangelista, pois isso é por demais humilde: um bom número almeja levar o título de apóstolo. Sei que em seu tempo, os apóstolos eram 'fracos... desprezíveis... espetáculo para os homens... loucos... sem morada certa... injuriados... lixo e escória' [1Co 4.-9-13]. Agora é bem diferente. Trata-se de uma honraria muito grande: acercam-se de serviçais que lhes admiram, quando viajam exigem as melhores hospedarias e são recebidos nos palácios pelos governantes.

Eles não costumam pregar seus textos, pois você fala muito da 'Graça' e da 'liberdade que temos em Cristo' [Gl 2.4]. Isso não soa bem hoje, pois a Igreja voltou à 'teologia da retribuição' da Antiga Aliança (só recebe quem merece), e liberdade é a última coisa que os pastores querem pregar à suas ovelhas.

Você não é bem visto por aqui, pois sempre foi muito humano, sem jamais esconder suas fraquezas: chegou até reconhecer  contradições internas, dizendo que não faz o bem que prefere, mas o mal, esse faz [Rm 7.19]. Eles não gostam disso, pois sempre se apresentam inabaláveis e sem espinhos na carne como você. A presença deles é forte, a sua fraca [2Co 10.10], eles são saudáveis, você sofria de alguma coisa nos olhos [Gl 4.13-15],  eles jamais recomendariam a um irmão tomar remédio, como você fez com Timóteo [1Tm 5.23], mas aqui eles oram e determinam a cura – coisa que você nunca fez.

Você dizia que por amor de Cristo perdeu 'todas as coisas'  considerando-as refugo [Fp 3.8]. As coisas mudaram, irmão. Agora cantamos: 'Restitui, quero de volta o que é meu!'.

Vivo em uma cidade que recebeu o seu nome, e aqui há um apóstolo que após as pregações distribui lencinhos vermelhos encharcados de suor, e as pessoas levam pra casa, como fizeram em Éfeso, imaginando que afastarão enfermidades [At 19.12]. Sim, eu sei que você nunca ordenou isso, nem colocou como doutrina para a igreja nas epístolas, mas sabe como é o povo....

Admiro sua coragem por ter expulsado um 'espírito adivinhador' daquela jovem [At 17.18], embora isso tenha lhe custado a prisão e açoites. Você não se deixou enganar só porque ela acertava o prognóstico. Hoje há uma profusão de pitonisas e prognosticadores no meio do povo de Deus, todavia esses espíritos não são mais expulsos, ao contrário, nos reunimos ansiosos para ouvir o que eles têm a dizer para nós.

Gostaria de ter conhecido os irmãos bereanos que você elogiou. Infelizmente, quase não existem mais igrejas como as de Beréia, que recebam a palavra com avidez e examinem as Escrituras 'todos os dias para ver se as coisas são de fato assim'[At 17.11].

Tem hora que a gente desanima e se sente fragilizado como Timóteo, o seu companheiro de lutas. Mas que coisa bonita foi quando você o reanimou insistindo para que reavivasse 'o dom de Deus' que havia nele [2Tm 1.6]. Estou lhe confessando isso, pois atualmente 90% dos pregadores oferecem uma 'nova unção' para quem fraqueja. Amo esta sua exortação, pois você ensina que dentro de nós já existe o poder do Espírito, dado de uma vez por todas, e não precisamos buscar nada fora ou nada novo!

Nossos cultos não são mais como em sua época, onde a igreja se reunia na casa de um irmão, havia comunhão, orações, e a palavra explanada era o prato principal.... as coisas mudaram: culto agora é como fosse um show, a fumaça não é mais da nuvem gloriosa da presença de Deus, mas do gelo seco, e a palavra é só para ensinar como conseguir mais coisas do céu.

O Espírito lhe revelou que nos últimos tempos alguns apostatariam da fé 'por obedecerem a espíritos enganadores' [1Tm 4.1]. Essa profecia já está se cumprindo cabalmente, e creio que de forma irreversível.

Amado apóstolo, sinto ter lhe incomodado em seu merecido descanso eternal, mas eu precisava desabafar. Um dia estaremos todos juntos reunidos com a verdadeira Igreja de Cristo.

Autor: Daniel Rocha
Enviado em 26/09/2008

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Deus Incomoda

Para uns, Deus é uma força cósmica, uma energia poderosa e inexplicável, que emana suas radiações dos confins do Universo.

Para outros, Deus criou o mundo, mas hoje está inoperante por não ter impedido que coisas ruins acontecessem, como o Holocausto, o 11 de setembro e a tsunami destruidora na Ásia.

Ainda para alguns, Deus é um ser castrador, que inventou mandamentos, regras e proibições para impedir que gozemos tudo o que há de bom na vida. Já em outro extremo, há os que vêm em Deus uma divindade  tão amorosa que Ele não faz conta de nossos erros, tropeços e pecados... é enfim, um “deus bonzinho”, que lá no Antigo Testamento foi severo, mas agora se arrependeu.

Não é difícil perceber que, embora desconheçam da natureza e do caráter divino narrados nas Escrituras, as pessoas estão em busca de uma espiritualidade – qualquer uma – para fruir de suas bênçãos e benesses, mas nem sempre desejam Aquele que originaram elas. O povo tem fome de que? Certamente não é do “Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, e nem tampouco de Jesus de Nazaré.

Em primeiro lugar, o povo busca sensações prazerosas. Por isso a avaliação que fazem de nossas reuniões de fé sempre se dá no campo estético: “gostei”, “bonita apresentação”, “bela mensagem”. Ou ainda no campo da sensação: “senti uma coisa gostosa ali”.  Sem dúvida que a presença divina pode proporcionar tudo isso, mas um verdadeiro encontro com o Eterno não fica só na sensação: a vida inteira é tocada.

É duvidoso afirmar que a maioria das pessoas que procuram uma instituição religiosa ou o auxílio de um pastor, estejam de fato buscando um Deus que reine em suas vidas, que controle seu humor, dirija seus sonhos,  e conceda-lhes uma virada existencial. Não! Desde que a igreja atenda alguns de seus problemas pontuais, está tudo bem, e isso por vezes independentemente de qualquer fé em Deus.

Quando vejo nas manhãs frias de domingo igrejas repletas de fiéis, braços levantados, entoando cânticos de vitória, custa-me crer que estejam de fato buscando ao Deus Trino, Santo e Soberano. Vamos comprovar? Eliminem-se as promessas de cura, de emprego, e de resolução de problemas.... e aquele local se esvaziará.  Experimente-se num espaço de grande aglomeração de fé alterar o cardápio que será oferecido à multidão, e ao invés de um “encontro de milagres” promova-se ali um estudo profundo da Epístola de Tiago e uma palestra com o tema “Santidade ao Senhor”, e constataremos que todo interesse desaparecerá. Não, não é a Deus que buscam.

Na verdade, poucos querem Deus, pois Deus incomoda.  Ele nunca nos dá nenhuma certeza, a não ser Suas promessas  escritas num livro com mais de dois mil anos. Não há apólices, contratos ou qualquer outra segurança que seja visível ou palpável. Neste mundo moderno as pessoas não querem incertezas ou riscos.

Como Eugene Peterson observou, Deus incomoda porque esperamos que Ele resolva nossos problemas de caráter e de vícios de forma rápida e indolor. Mas Ele insiste num “programa de recuperação” lenta e gradual.

Deus incomoda porque Ele destrói nossas ilusões religiosas mais sublimes.  Foi assim com o povo que seguia a Jesus porque “tinham visto os sinais que ele fazia” (Jo 6.2), mas quando o Mestre começou a mostrar a outra face do Reino essas pessoas abandonaram a fé e já não andavam com Ele. Até os próprios discípulos também foram confrontados: ”Quereis também vós retirar-vos?” (Jo 6.67). Em outras palavras: o homem que segue a Cristo por uma razão falsa ou errada está iludindo a si mesmo e enganando a Igreja, pois quem os observa presume que este iludido seja um cristão. E não é! (Lloyd-Jones).

As pessoas não se sentem confortáveis com Deus em suas vidas. Elas preferem algo menos temível, como por exemplo, serem simpatizantes da fé e frequentadoras dos cultos. Por quê? Simples: Deus incomoda, perscruta, atinge, inquire, confronta nossos valores, provoca crise, altera nossa rotina, retira todas as nossas seguranças, substitui o reinado do ego para construir em nós o Seu reino, pede que eu me esvazie, e me “envia” ainda que eu não me ache preparado ou capaz.....

Definitivamente é perigoso envolver-se com Deus.

Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Parábola do Servo Fiel e do Prudente (Mt 24:45-51)

Nesse parágrafo o Mestre tem uma exortação para todos os Seus servos. Os fariseus tinham falhado como servos e agora os verdadeiros guias espirituais estão aqui apresentados. Devem ser fiéis, pois vivem e trabalham na ausência do Mestre exatamente da mesma forma como o fariam se estivessem sob o Seu olhar. Também devem ser prudentes, aptos a lidar com os seus conservos, de forma a encorajar o tímido e a reprovar o ousado. Devem ser governantes, dentro e fora de seus lares. Governar corretamente significa unir e inspirar os outros, afim de liderá-los numa linha correta de ação. Se forem completamente submissos ao seu Governante celestial, então conduzirão outros a se submeterem a Ele, e alimentá-los com a verdade e o Seu próprio exemplo e simpatia por eles. Para aqueles que assim servirem o Mestre, haverá um respeito ainda maior e honra imortal, quando Ele vier.

Ao acrescentar essa advertência contra a infidelidade, Cristo liga a fé ao comportamento. Se cremos em Sua vinda, devemos nos portar de acordo com o que acreditamos. Não podemos viver como desejamos, se verdadeiramente cremos que Ele pode vir a qualquer momento. Essa esperança deve governar a nossa vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação e sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre, e deixarmos que essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então viveremos. Quando o servirmos de maneira a honrá-Lo, teremos verdadeira comunhão uns com os outros, santidade de vida e estaremos vigilantes. Para aqueles servos maus que escarnecem da verdade de Sua vinda e arrogantemente destratam os outros, e se associam com os glutões, há uma condenação repentina e veloz. Para eles não há prêmio - somente lhes cabe a porção junto com os hipócritas. O choro e ranger de dentes expressam a plenitude de sua vergonha. Que a graça nos seja concedida para que possamos viver de tal maneira que não sejamos envergonhados perante Ele em Sua vinda!

Autor: Herbet Lockyer
Extraído do livro – Todas as Parábolas da Bíblia – Editora Vida

domingo, 4 de agosto de 2019

Caótica sem Forma e em Crise

Lembro-me das primeiras aulas de hebraico tentando ler Gênesis 1.2: “a terra estava sem forma e vazia”, e o professor nos ensinando a expressar de forma bem gutural as palavras “tohu va-bohu”, que significam: um amontoado caótico de trevas aterrorizantes.

Segundo os teólogos que defendem a “Teoria da Lacuna” teria ocorrido uma catástrofe cósmica entre o verso 1 e 2 de Gênesis, e uma antiga criação que  abrigou uma raça pré-adâmica e também os dinossauros foi destruída pelo juízo divino há milhões de anos. E o que restou foi o caos.

Há algo em nosso ser interior muito próximo disso. Somos seres fragmentados, desconhecidos para nós mesmos, buscando ordenar nossa confusão interna. E o mesmo Senhor que pôs em ordem o cosmos com sua palavra e vontade deseja reorientar o interior do homem. É possível ver este desejo divino em prática quando Paulo diz que Deus nos “libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho” (Cl 1.13). Enquanto o império das trevas cósmico recebeu a ordem divina: “haja luz”, e houve luz, o reino humano foi irradiado pela presença de Cristo, e nas regiões dominadas pelas sombras  brilhou a Luz de Sua Presença entre nós.

Desde o princípio o homem sofre de delírios de grandeza e por isso busca encontrar segurança nas suas realizações. A primeira grande tentativa da humanidade de realizar-se foi erigir uma torre para chegar ao céu, e gravar seu nome ali. De igual modo, a partir da Idade Média também passamos a construir templos monumentais e catedrais, procurando através deles “tocar o céu”, inspirar segurança e passar solidez aos seus frequentadores.

Hoje, não contentes com o “poder eclesial” este mesmo homem busca também o “poder político”. O maior grupo neo-pentecostal do Brasil já tem o seu partido (PRB), e agora, a mais tradicional igreja pentecostal foi picada pela “mosca azul” e está montando  também uma agremiação – o PRC – para entrar na política partidária. É o ovo da serpente sendo chocado: sabemos que em algum momento da História, a besta que emerge da terra (sistema religioso) juntará suas forças à besta que emerge do mar (poder político) para sua derradeira investida.

Se houve um juízo divino sobre o faraó do Egito e seu povo, se houve sobre os construtores da torre de Babel, se os filisteus  sofreram terríveis conseqüências por terem se apossado da arca, se a terra engoliu os adoradores do bezerro de ouro e se o rei Herodes foi  comido por vermes na frente de uma multidão por não ter dado glórias a Deus (At 12.23) não viria um juízo também sobre esta geração?

Deus é paciencioso e suporta longamente a perversidade dos que se desviam, mas Ele avisa: “Dei-lhe tempo para que se arrependesse”. Porém, a loucura e a bazófia dos homens tem subido até os céus.

Vivemos a mercantilização da vida onde tudo tem seu preço: valorizamos o que tem utilidade imediata para nós, inclusive gente, e quando não tem mais, a ordem é: jogue fora, e esqueça. Na atividade econômica trabalhadores precisam atingir as metas  traçadas por  acionistas ávidos de lucros – senão todos perdem o emprego.  Mas que ninguém se escandalize, pois isso já é normal nos grandes conglomerados da fé: pastores também têm de atingir suas metas – de valores, diga-se de passagem – e não de amor, visitação, cuidado ou pastoreio. É a mercantilização da fé onde “deus” nada mais é que um sujeito obcecado por dinheiro, e que só sabe falar money, money, money....

Ao contrário do que muitos imaginam, o juízo não começará pelos ímpios, porém, “o julgamento começa pela casa de Deus” (1Pe 4.17). Compreendo agora quando Salomão diz que “se o justo é punido na terra, quanto mais o perverso e pecador” (Pv 11.31).

A palavra grega que expressa juízo é “krisis”.  Não significa necessariamente condenação, podendo até mesmo ser uma oportunidade para decisão, porém será sempre dolorosa.  Para os médicos da Antiga Grécia a palavra “krisis” tinha um especial significado: quando o doente depois de medicado entrava em “crise”, era sinal de que haveria um desfecho: a cura ou a morte.

O Juízo e sua crise estão aí por toda a parte. Vidas tresloucadas, destroçadas, amarguradas. Mas João Batista adverte que a única coisa que pode nos livrar do juízo divino é o arrependimento e a conversão.

Não sei quanto a você, mas algo me diz que estes últimos acontecimentos que abalaram o mundo irão se aprofundar ainda mais para todas as áreas da vida. A humanidade se encontra sob a ira divina, pois “todo aquele que se mantém rebelde contra o Filho...  sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3.36).  Ou seja, o único que pode impedir a ira do Eterno é Jesus. Vamos ouvir mais o que Ele tem a nos dizer, vamos praticar mais as Suas Verdades, e permitir que Ele controle o nosso ser cansado,  afinal o Juízo divino já está entre nós e horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10.31).

Autor: Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Quem Conhece Ama

“Lembrai-vos dos encarcerados como se preso com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito,vós mesmos em pessoa fosseis os maltratados” (Hb 13.3).

Pink Floyd foi um grupo que fez muito sucesso nos anos 80. Seu líder, Roger Waters sempre foi conhecido pelo seu temperamento forte e por suas “loucuras”. O filme “The Wall”, produzido por ele é cheio de imagens psicodélicas, angustiantes, e claramente rodado sob pesadas drogas alucinógenas. Até agora, era essa a imagem que eu tinha dele. Porém, nesses dias vim a conhecer um pouco de sua história. Nasceu na Inglaterra em meio à 2ª Guerra Mundial, filho de um soldado que não o viu nascer, enquanto servia na Itália junto ao exército inglês. Para escapar dos bombardeios alemães sobre Londres, sua mãe enviou o filho para um lugar seguro no interior onde permaneceu com outras crianças até o final da guerra.

Alguns anos depois, quando fogos e festas anunciavam o fim dos combates, os pais foram buscar seus filhos naquele lugar. Aquele garoto viu seus amigos um a um serem levados, menos ele. Seu pai não veio, e pela primeira vez teve a clara consciência de que perdera o pai sem nunca tê-lo conhecido. Sentiu-se abandonado e sozinho, e esse passou a ser um tema obsessivo em suas canções. Waters tem passado a vida procurando o pai ausente num mundo frio e inóspito.

Essa leitura que fiz me aproximou dele, mesmo sem conhecê-lo. Quando nos aproximamos das pessoas, de seus dramas e de suas histórias, nossa visão muda. Identificamos-nos com elas. Descobrimos nelas companheiros de viagem. Descobrimos também que se trata de garotos e garotas assustados como nós, buscando um sentido no mundo, convivendo com a nostalgia de um Pai ausente.

Há alguns dias recebi um telefonema do hospital onde prestamos capelania. Queriam minha presença urgente para falar com um paciente que estava muito revoltado e descontrolado. Corri para lá, e quando entrei  no quarto percebi alguém de maquiagem forte e unhas pintadas. Era um travesti. Apresentei-me, estendi-lhe a mão, perguntei seu nome, e disse que estava ali para ouvi-lo e ajudá-lo. Após uma hora inteira de conversa ele havia se acalmado e eu já conhecia um pouco da vida do Edson (nome fictício), de sua família, seus temores e sonhos, seu desvio da fé, as portas que lhe foram fechadas... já não via mais alguém travestido do sexo oposto, porém um ser humano digno, embora fragilizado, alguém como qualquer outro buscando encontrar o centro do seu ser.

Quando nos aproximamos do outro em amor, desaparece o que nos causava espanto, raiva, ódio, perplexidade, para dar lugar à pessoa. Não é justamente isso que Jesus fez em todo o seu ministério?  Ao jovem rico que só pensava em sua fortuna,  Jesus “fitando-o, o amou” (Mc 10.21). Diante do Mestre já não era mais uma “samaritana”, nem uma “mulher” junto ao poço, mas uma pessoa que ele conhecia sua história e, a despeito de seus erros, a amou.

Vivemos num mundo cercado de muros que nós mesmos construímos. Jesus Cristo veio para quebrar as paredes de separação para nos aproximar uns dos outros. Cristãos deveriam também parar de erigir muros para construir pontes. O Evangelho nos desafia: se amais os seus pares, seus familiares, os que lhe são agradáveis, que recompensas tendes? Aliás, não precisa ser cristão para amar os seus iguais.

Permanecer junto a quem nos é igual e fechar-se num grupo, num partido – seja religioso, político ou étnico, é o caminho mais fácil para desenvolver na alma um sentimento de oposição, de medo, e é o estopim para um mecanismo de defesa chamado “projeção”, que nada mais é que jogar sobre o outro todas as mazelas indesejadas ou rejeitadas – mas não admitidas – que estão presentes em nós.

Palestinos e judeus que vivem separados por um muro, odeiam-se mutuamente. Árabes e judeus vivendo em Jerusalém ou qualquer outra cidade do mundo, quando se conhecem,  vivem amistosamente sem animosidades.

A intolerância diante do pecador é uma das posturas mais inadequadas que um cristão pode ter. Igreja que não ama ao pecador abandonou sua principal missão. Não se trata de condescender com o erro ou pecado, mas de colocar-se ao lado e dizer: “sei como você se sente, porque conheço também meus pecados e é justamente por causa deles que estou aqui; por isso estarei ao seu lado se precisar de mim”. – “Mas pastor, Jesus disse à pecadora para ela ir e não pecar mais”. É verdade, só que isso é interpretado de duas formas: para “nós” é um tratamento a longo prazo, onde Deus vai nos tratando e curando ao longo da vida. Para o “outro” é exigido que ele obedeça imediatamente, mesmo quando ele não tem forças para isso.

Aproximar-se das pessoas, ouvir suas histórias, desenvolver empatia por elas, e colocar-se em humildade nas mesma condições, permite que olhemos o mundo com os seus olhos. Esta é a postura que Deus espera de nós! “Lembrai-vos dos encarcerados como se preso com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fosseis os maltratados” (Hb 13.3).

Talvez nosso maior desafio seja o de conhecer o outro. Enquanto são desconhecidos, eles nos assustam e são alvo de nosso julgamento. Somos capazes de amar somente quando o distante se faz próximo.

Olhei ao longe e vi um animal caído na estrada. Cheguei mais perto e vi que era um ser humano. Abaixei-me e reconheci o meu irmão.

Autor: Daniel Rocha, pastor
dadaro@uol.com.br

terça-feira, 30 de julho de 2019

Não Chores

Chorar é um dos primeiros atos que realizamos na vida. Nascemos chorando. Nessa fase de nossa existência é justamente o choro que nos permitirá sobreviver. Há mães que conseguem distinguir a dor que seu bebê tem – seja cólica, dor de ouvido, ou fome – através do choro.

Ainda na infância choramos quando caímos, choramos quando estamos sozinhos, choramos de medo, saudade ou desamparo. Crianças aprendem também que chorar ajuda a chamar a atenção sobre elas.

A Bíblia diz que o nosso choro é ouvido por Deus. Foi por causa do gemido de seu povo cativo no Egito que Ele agiu para libertá-lo (Ex 2.24). É digno de menção o gesto do rei Ezequias quando soube que possuía uma enfermidade mortal, e teria poucos dias de vida. Ele não teve dúvidas: orou e “chorou muitíssimo” (Is 38.3). No popular, “abriu um berreiro”. Deus ouviu o seu choro e viu suas lágrimas, e concedeu-lhe mais 15 anos de vida.

Quando os filisteus levaram cativas as mulheres de Israel, Davi e o povo “choraram até não terem mais forças para chorar” (1 Sm 30.4). Deus sabe porque choramos. Ele conhece o nosso gemido, nem precisa articular palavras.

Desconfio que tem um lugar no céu onde o Eterno recolhe todas as lágrimas derramadas por seus filhos e filhas: “recolheste as minhas lágrimas no teu odre, estão todas inscritas no teu livro” (Sl 56.8).

Jesus falou que seriam bem-aventurados os que choram, porque Ele haveria de consolá-los. A Bíblia registra pelo menos duas ocasiões em que o próprio Jesus chorou: ao saber da morte de seu amigo Lázaro (Jo 11.35) e quando entrou em Jerusalém e viu o mal que viria sobre aquela cidade (Lc 19.41).

Lágrimas têm poder curativo, limpam a alma. Glândulas endócrinas liberam noradrenalina e serotonina produzindo uma melhora de estado geral do corpo.

Uma pergunta se faz necessária: todo choro é justificável?

Realmente haverá os dias maus em que será tempo de chorar, mas com certeza ele não será perpetuado indefinidamente; há tempo de prantear e haverá tempo de saltar de alegria (Ec 3.4). Portanto, o choro não pode ser uma “marca” do cristão. Deus promete que o choro pode durar a noite inteira, mas Ele nos fará sorrir pela manhã (Sl 30.5).

Certamente não podemos ser como Jacó que quando soube da morte de seu filho José, “recusou-se a ser consolado” (Gn 37.35). O choro constante do crente pode indicar um problema, uma inadequação, uma ausência de limite. Vejamos:

1) Não é para chorar por qualquer coisa. Avalie se realmente é motivo de chorar. O profeta Jonas ficou desgostoso com Deus, e pediu a Ele para morrer, pois não valia mais a pena viver. O motivo? Deus não destruiu a Nínive e não fez o mal que prometera aos ninivitas. Isso é motivo para chorar? Para Jonas era. Mas vem Deus e lhe pergunta: “É razoável essa tua ira?”. Ou seja: “Pare com isso, rapaz, isso não é motivo de desgosto”.

2) Não chore além dos limites. Alguém o feriu? Doeu? Chore mesmo. Mas cuidado, não exagere sua dor. Na vida, a todo momento seremos feridos, e por uma razão muito simples: as pessoas não existem para nos satisfazer. Muitas nos farão chorar. Mesmo aquelas que nos amam. E por uma simples razão: também fazemos chorar a quem amamos. Foi ferido? Chore o tempo necessário para digerir a dor, mas depois enxugue as lágrimas.

Davi sabia quando parar. O filho que tivera com Bate-Saba adoeceu gravemente. O rei busca a Deus, jejua e passa as noites prostrado em terra, lamentando e chorando pela criança. Ao sétimo dia morreu a criança e seus servos temiam informá-lo. O rei percebe os cochichos e pergunta se o seu filho morrera. Eles responderam: Morreu. Surpreendentemente Davi levantou, lavou-se, mudou de vestes, entrou no templo para adorar, depois voltou para sua casa e pediu pão (2 Sm 12.20). Ninguém entendeu nada! Davi, então explica: “Enquanto a criança era viva, jejuei e chorei, porque dizia: quem sabe o senhor se compadecerá de mim. Porém, agora que é morta, poderei eu fazê-la voltar? Um dia eu irei a ela, porém ela não voltará para mim”. Que ensinamento tremendo. Davi estava dizendo: é hora de voltar à vida!

3) A vida não tem sido justa para com você? Conheço muita gente que a vida tem sido injusta, mas que aprendeu a sorrir. Habacuque ensina: “ainda que a figueira não floresça”, o Senhor será minha alegria. Nada de choro.

Um dia Jesus passava pela cidade de Naim quando o enterro do filho único de uma viúva passou por ele. Certamente havia uma grande comoção, mas Jesus vendo o sofrimento da mãe disse-lhe: “Não chores!” (Lc 7.13). Fico me perguntando: como não chorar numa situação dessas? Hoje em dia muitas mães também choram por seus filhos, sendo levados “mortos” por um cortejo de falsos amigos e pecadores. Jesus também se compadece delas e concede-lhes sua palavra de consolação e a promessa de que – a despeito da morte – Ele tem pleno domínio da situação. Só Ele transforma cortejos fúnebres em gritos de louvor.

Sim, somente Deus pode converter o meu pranto em danças, de transformar a minha veste de lamento em veste de alegria (Salmo 30.11).

Autor: Daniel Rocha, pastor
dadaro@uol.com.br

domingo, 28 de julho de 2019

É Deus que Você Precisa, Cara Pálida!

“Receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade...” (2 Co 11.3)

Há menos de um século nossas avós passavam algumas horas do dia preparando a comida no fogão a lenha, outras tantas horas esfregando roupas num tanque e estendendo-as no terreiro para quarar (significa: “clarear roupa ao sol”) e depois levavam um longo tempo passando com ferro à brasa. Tudo era difícil e demorado. Era um período em que se sonhava com uma tecnologia onde a vida seria mais fácil,  haveria mais tempo livre e as pessoas seriam mais felizes.

Esse tempo chegou. Compramos comida pronta nas prateleiras dos mercados ou a fazemos em minutos no microondas. Lavamos toda a roupa em modernas lavadoras. Hoje todos possuem o seu celular, computador e um carro na garagem. Mesmo as classes mais pobres vão ao paraíso das compras. É inegável que todas as áreas da vida sofreram uma tremenda revolução.

Essa profusão de possibilidades proporcionadas por um mundo globalizado atingiu também a religiosidade das pessoas. Há religiões para todos os gostos: orientais, esotéricas, africanas ou xamanistas. E de bônus pode-se buscar nos espaços holísticos, a meditação, yoga, astrologia ou wicca.

Na fé cristã agora o serviço é “a la carte”. Sob o argumento de que a mensagem da fé antiga já não consegue mais atender aos anseios do homem moderno, passou-se a formar igrejas “especializadas” que buscam a satisfação total da clientela: cada um escolhe a que mais se adapta a seus gostos e necessidades. Há um grande conglomerado da fé que foca seu marketing nas enfermidades;  um outro desenvolve atendimento para empresários que buscam solução para seus negócios; outro, oferece ascensão social para as classes C e D; e também já temos comunidades que atendem seus fieis por orientação sexual. Enfim, é a especialização da fé centrada na “necessidade” dos clientes.

Diante de tantas possibilidades, não podemos deixar de perguntar:
O mundo está melhor?

As pessoas estão mais felizes e com mais tempo para ficar com a família, passear e compartilhar de momentos juntos?

A imensa variedade de doutrinas religiosas tornou as pessoas menos individualistas, mais tolerantes, mais preocupadas com o coletivo?

Essa abundância de expressões de fé tem levado as pessoas a serem mais tementes a Deus, são mais enternecidas?

A percepção é clara: apesar de todos os progressos e a despeito das variedades de escolhas ao nosso dispor, o mundo não está melhor.

As longas viagens do passado encurtaram, mas a distância entre as pessoas aumentou. “Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas ainda não aprendemos a andar como irmãos” (Martin Luther King).

Ao mesmo tempo em que diminuíram as dificuldades nas rotinas diárias, aumentou em proporção inversa o consumo de álcool, antidepressivos e drogas para dormir. A ansiedade tomou conta dessa geração. Males antes raros, como a Síndrome do Pânico ou a Síndrome de Burnout surgem como resultado do mal estar da modernidade.

As pessoas estão perdendo a capacidade de sentir, e a insensibilidade está dominando a vida. Cada vez mais é preciso  exagerar, chegar aos limites, porque os sentidos estão ficando embotados. Um bom show se mede pela potência dos watts, um filme pela quantidade de efeitos especiais, o sexo pela sua explicitude. São tentativas de estar o tempo todo estimulado por “drogas” que tentam manter vivas na UTI almas adoecidas.

Michael Jackson precisou construir um imenso parque de diversões só pra ele, Neverland, imaginando que ali seria feliz.... É uma Terra do Nunca, literalmente. Imelda Marcos, esposa de um ex-ditador filipino, ficou famosa porque possuía três mil pares de sapatos. Se usasse um por dia, levaria oito anos para experimentar todos.

Este é o mal do nosso tempo: a insensibilidade. Perdemos a capacidade de sentir alegria... de sentir prazer... até mesmo sentir aquela tristeza genuína que cura e nos torna humanos. 

Quem vive à busca de sensações no mundo, irá fazer exatamente o mesmo quando se tornar religioso: se não houver show, decibéis, luzes, pirotecnias, fumaças....  não conseguirá “conectar-se” com o Sagrado.

Olhe para um leão enjaulado. Ele tem comida e tem segurança. Entretanto ele está visivelmente estressado e anda  impaciente de um lado a outro.  Não, ele não necessita de mais comida, e pouco se importa de ter proteção naquele lugar: ele quer liberdade e satisfazer o seu sonho que está nos prados selvagens.

Da mesma forma você não precisa de um celular com design mais moderno com 4 chips, nem do novo ipad, tablet ou um processador mais potente no seu laptop. De igual modo, você não precisa ir à busca de estímulos sensoriais com a sensação gospel do momento.... Pare com esse auto-engano. Seu problema não é este.

Tanto o descrente quanto o religioso precisam de Deus!  Assim como Jacó, precisa buscar a Deus no silêncio, na penumbra, em lutas nas madrugadas insones... só você e Ele. Não mais o “deus” televisivo das promessas fáceis e fúteis, não mais o deus do “venha a mim e acabaram os seus problemas”. Aliás, eu não creria num Deus que me tratasse como um boneco ou um animal enjaulado dando-me comida de hora em hora. Quero o Deus que liberta das amarras, que dá sentido às coisas – mesmo aquelas mais desagradáveis.  Busco o Deus que espera que eu viva os sonhos que um dia Ele plantou em mim, o Deus que me faz crescer, me carrega no colo quando preciso, mas como Ele não me quer infantilizado o resto da vida, me coloca ao chão tão logo eu possa caminhar, e me diz: “Vai em paz... estarei sempre perto de você quando precisar, mesmo que não perceba a minha Presença”.

É Deus que você precisa, cara pálida. Nada mais.

Daniel Rocha, pastor
dadaro@uol.com.br

Tudo Entregarei?

Um dos clássicos da hinologia protestante é um hino que fala de total consagração a Deus, chamado: “Tudo deixarei”. O seu autor é Judson Van de Venter (1855-1939). A letra foi escrita no exato memento em que o autor decidiu entregar totalmente sua vida a serviço de Cristo. Ele renunciou a uma carreira de professor universitário numa cidade da Pensilvânia, EUA.  Nos meses anteriores a esta decisão, ele passou por uma tremenda luta pessoal, quando as dúvidas e os desejos naturais os pressionavam a não abrir mão de sua vitoriosa carreira.  A partir de então, decidiu ocupar-se apenas com o desafio de pregar o evangelho.

Peço a você que leia as palavras do hino abaixo. Se conhecer a melodia, cante-a neste momento como uma oração que você faz a Deus:

Tudo a ti Jesus consagro;
Tudo, tudo deixarei...
Tudo deixarei,
Tudo entregarei,
Sim, a ti Jesus bondoso
Sempre seguirei

O que você acabou de cantar é a mais bela e a mais desejada oração que Jesus quer ouvir de seus lábios (desde, é claro, que ela expresse o mais puro desejo de seu coração).

Infelizmente, hoje vivemos uma fé em que ninguém quer “deixar” nada, nem “entregar” nada. Ao contrário, a linguagem que predomina nos lábios dos crentes é exatamente oposta:

“Eu quero de volta”....
“Tenho direitos, sou filho do Rei”....
“Nasci pra ser cabeça e não cauda”....
“Não se contente com pouco meu irmão”....
“Recebaaaaa”....

O que muito cristão não compreende é que nesta existência podemos até receber muitas e muitas coisas do céu, e mesmo assim ter uma existência miserável.  Quando o povo hebreu vagava pelo deserto e chorava de saudades pelas carnes, pepinos e melões do Egito, Deus atendeu às suas murmurações, atendendo-lhes ao desejo de seus corações.  Mas o que aconteceu em seguida?

“Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma” (Salmo 106.15)

O mais importante na vida do cristão não é receber... nem ter... nem obter... nem aumentar... Aliás, o Salmo 73 – que trata da questão da prosperidade dos maus –  nos sugere que essas coisas talvez ocorram mais na vida do ímpio que do crente. A questão chave para o cristão não é ganhar, mas renunciar... entregar... abrir mão....  Obviamente Deus não está interessado em nenhum “sacrificiozinho” de nossa parte: Ele não aceita menos que tudo!

E por que este pedido tão radical? No fundo, Deus quer saber de nós:  És capaz de entregar tudo e caminhar de mãos vazias? Abraão, és capaz de caminhar sem o teu Isaac? Jovem rico, és capaz de caminhar sem a sua fortuna?

Eu diria que está faltando nos dias de hoje a compreensão de que Deus espera de nós a totalidade de nossa vida, quer o melhor de nosso tempo, o melhor de nossa capacidade...  Mas não apenas isto: ofereça-Lhe também o seu cansaço, a sua limitação, suas dúvidas, suas fragilidades... Deus se agrada disso, e Ele sabe o que fazer com isso.

Lembre-se: um menino alimentou uma multidão faminta de cinco mil homens porque decidiu entregar tudo aquilo que ele tinha: cinco pães e dois peixinhos. Entregue pra Deus tudo o que você tem e é. Ele sabe o que fazer, Ele sabe.

O que hoje você tem de mais precioso? Ofereça, então, agora ao Eterno, e louve:

Tudo deixarei,
Tudo entregarei,
Sim, a ti Jesus bondoso
Sempre seguirei

Daniel Rocha, pastor
dadaro@uol.com.br

Tô nem ai?

“Tô nem aí, tô nem aí...!!!” . Já ouviu essa música?

Vivemos a geração do “Tô nem aí!”:

Tô nem aí com os problemas do mundo (já tenho os meus)...
Tô nem aí com a matança diária na Síria (é longe daqui)...
Tô nem aí com o problema dos viciados (é melhor que permaneçam juntos na cracolândia),
Tô nem aí com desmatamento, aquecimento global, corrupção....

Embora comum, essa é uma postura individualista, egocêntrica e luciferiana, mas que acabou entrando também na vida do povo de Deus. Observe os megashows e megaencontros evangélicos: é como se não houvesse problemas no mundo e todos que estão ao lado fossem “invisíveis”, e portanto não importa saber quem são, nem conhecer suas vidas, ou partilhar de seus problemas. O único pensamento é: Tô nem aí, eu vim buscar.......... (preencha com: emprego / carro / bênção / meus direitos / casa / dinheiro / marido / namorada). É algo mais ou menos do tipo: “Sou salvo, estou tranqüilo, só tenho de me preocupar comigo”.

Multidão sem koinonia (comunhão) não é igreja. É ajuntamento. A falta de relacionamento íntimo e estreito entre as pessoas, sem participar de suas vivências, experiências e sentimentos descaracterizam e mutilam o Corpo de Cristo.

Deus, em todas as épocas, sempre pretendeu levantar um povo seu que se importa:
Se importa com o mundo;
Se importa com quem ainda não tem Jesus;
Se importa com quem está ferido;
Se importa com seus irmãos, se alegra e chora com eles;
Se importa em participar da vida de sua comunidade de fé;
Se importa em dar o melhor de si para Deus;

Faça um pequeno teste para saber em que grupo você se encontra, se é dos que se importam ou dos “tô nem aí”

Autor: Daniel Rocha, pastor
dadaro@uol.com.br

P.S.
Saiba mais por quem se importar: www.portasabertas.org.br

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Fascinados pelo Senhor Jesus Cristo

No Evangelho de Lucas 19.47-48, lemos: “E todos os dias ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo;  mas não achavam meio de o fazer; porque todo o povo ficava enlevado ao ouvi-lo.” (RA 1ª ed.)

RA 2ª ed.–       “Todo povo ao ouví-lo ficava dominado por Ele”

NTLH –           “... todos o escutava com muita atenção”

NVI –              “Todo o povo estava fascinado pelas suas palavras”

Nos dias que antecederam a sua morte, Jesus ia todos os dias no templo ensinando ao povo, suas palavras eram como aquelas aos discípulos no caminho para Emaús – Ardia o coração de todos que a ouviam; suas palavras para a multidão eram Espirito e Vida, seu ensino representava sua AUTORIDADE, suas palavras não eram apenas VERDADE mais também PRÁTICA, ou seja, REALIDADE ou seja, suas palavras  representavam a ELE PRÓPRIO, Seu CARÁTER; podemos entender que o povo que ouvia JESUS estava FASCINADO pelo próprio JESUS, Ele pelo seu comportamento, distinção e autoridade, exercia fascínio a todos os quais o ouviam.

A palavra para “Fascinado”, no grego, expressa a idéia de Dominado, Pendido, Inclinado - o substantivo Fascínio expressa muito bem esta idéia.  Todos estavam fascinados por Jesus, Jesus exercia um fascínio sobre todo o povo.

Convido a todos a refletir sobre a seguinte pergunta: “O que é SER fascinado pelo Senhor Jesus Cristo?”

1. Antes, porém devemos considerar: “O que mais FASCINA você?“; ou ainda “quem ou o que é o alvo do seu Fascínio?”

A. Alguns podem dizer: o que mais me fascina são pessoas famosas por que são poderosas: como políticos, militares, personalidades históricas, pessoas carismáticas, pessoas talentosas.

B. Outros talvez dissessem: O que mais me fascina são coisas como: Casa, Carro, Livros, Conhecimento/Estudo, Televisão, Filmes, Novelas, Dinheiro, Profissão.

C. E outros ainda: o Que me fascina no secreto são os prazeres como: a Luxúria (ou sexo) Comida/bebidas, meu Orgulho pessoal, minha própria capacidade.

 Pergunte a si mesmo com sinceridade: O que realmente fascina você?

 2. Em Lc 19.48, o Povo viu algo em Jesus, e creio que foi a Sua REALIDADE e a Sua AUTORIDADE que fizeram aquela multidão ficar fascinada pelo Senhor, eles viram algo diferente que eles não encontravam nos líderes religiosos de sua época, destes líderes eles ouviam apenas palavras históricas, mortas, uma religiosidade de aparência e sem qualquer Realidade, Talvez parecido com o que vemos hoje, mas Jesus veio e quebrou isto, ELE mostrou o que é VIVER o que SE PREGA, o que é FALAR e Acontecer, ELE PERDOOU, CUROU, SALVOU, trouxe à VIDA a MORTOS, enfrentou o Diabo e suas hostes... JESUS fez um REBOLIÇO em sua época, mas eu pergunto: Jesus mudou na atualidade? Ele ainda pode provocar um reboliço em nós? –  Heb 13:8, diz: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente”, se Ele não mudou, é o mesmo, é bem possível que o problema esteja em nós mesmos, perdemos o fascínio por Ele.

Como podemos ver o Senhor Jesus hoje?

 A Bíblia diz: No Antigo Testamento o “EU SOU” se manifestou a Moisés; No Novo Testamento o “EU SOU” se manifestou ao mundo (João cap 1 e 3:16,17)

 O SENHOR JESUS veio se mostrar o que significa o EU SOU, ELE É TUDO o que precisamos, vamos ver alguns destes aspectos dos quais ELE se declara SER e de fato é no Novo Testamento:

Em Filipenses 2, O Apóstolo Paulo diz que Jesus: É o Messias, o Cristo, o Salvador, o Senhor de toda a humanidade: Ele é o Deus que se esvaziou da sua divindade tomou a forma de homem/servo, se humilhou, e foi obediente até a morte e morte de cruz; - Isto Fascina você?
Em João 11, Jesus É a ressurreição e a vida e todo aquele que estiver nELE, ainda que esteja morto viverá - O Senhor nos dá uma esperança ETERNA, e isto? Exerce um fascínio sobre você?
Em João 1, é dito que Jesus É o verbo de Deus, o Pai, Ele É a atitude, a ação de Deus - Se você quiser ter atitudes certas é só buscá-Lo, e Isto, Te fascina?
Em João 10, Jesus É a Porta das Ovelhas: e quem entra por ELE encontrará pastagens, segurança - NELE há um lugar inigualável de habitação e cuidado; e isto, te faz ser fascinado por ELE?
Em João 10, Jesus É o BOM PASTOR: é quem deu a vida pelas ovelhas, É aquele que conhece as ovelhas e é conhecido pelas ovelhas - Ele se relaciona com os seus, alguém nesta Terra pode se comparar a este tipo de Líder?
Em João 6, Jesus É o PÃO da VIDA e a ÁGUA da VIDA - Se alguém se alimentar dele, nunca, jamais, voltará a ter fome e sede de coisas desta Terra, há algo nesta Terra que se iguala a esta realidade?
Em João 14 e 16 Jesus diz que ELE É quem dá o Espirito Santo para habitar em nós - Agora ELE não está mais do lado de FORA, mas DENTRO de nós; e isto, é fascinante?
Em João 14, ELE É a nossa PAZ - Não temos a necessidade de estarmos preocupados, ansiosos, nem temerosos, Aleluia! Isto como me fascina.
Em João 8: Jesus diz que ELE É a LUZ do MUNDO - nELE podemos também sermos SAL e LUZ do Mundo; Ele tem capacidade para nos transformar, isto também É fascinante!
Em João 14:6: Ele diz EU SOU o CAMINHO, A VERDADE (ou REALIDADE) e a VIDA – ELE é o único ACESSO ao PAI; E a nossa única fonte de VIDA Verdadeira e Real
João 15 diz: “EU SOU a videira verdadeira”- nELE podemos ter vida, amor, e DAR FRUTO, Mais FRUTO e MUITO FRUTO; ou seja, ELE nos fascina pois ainda quer nos usar.
Ap 1:8 Diz que ELE é o SENHOR DEUS, o ALFA e o OMEGA, o inicio e o fim, aquele que É, que ERA e que HÁ de vir – O TODO PODEROSO, o grande Fascínio!
Jesus ainda é muito mais; mas quero dizer que JESUS é o nosso EXEMPLO, ou melhor, O nosso MODELO –
Logo JESUS É o alvo da nossa FASCINAÇÃO, por que ELE é TUDO em TODOS. – Paulo mostra isso em Fl 3:9-11
Se necessitamos de algo, Jesus É Tudo o que precisamos (o EU SOU), e isso é definitivamente fascinante; Ele é alguém por quem podemos nos fascinar, deixar dominar, nos inclinar totalmente.
3. Volto então à pergunta original deste texto: “O que é SER Fascinado pelo Senhor Jesus Cristo?”

     Na minha vida tenho encontrado algumas respostas:

SER FASCINADO por Jesus É Reconhecê-lo: Jo 1:12: “Mas a todos que o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus aos que crêem no Seu nome” – Somos Filhos de Deus, Deus é nosso Pai, Jesus é o primogênito dentre muitos irmãos – E eu reconheço isso!
SER FASCINADO por Jesus É OUVI-LO em TUDO, como aquele povo, ouvia a Jesus e estava fascinado com suas palavras.
Vemos no monte da Transfiguração que o Pai disse a Pedro, Tiago e João: “Este é o meu filho amado a ELE ouvi” (Mc 9:7)
Em Hb 1:2 diz que “Nestes últimos dias o Pai falou pelo filho...”
Há muitas formas de OUVIR ao Senhor Jesus, seja através da PALAVRA de DEUS, a Bíblia, ou através das circunstâncias por piores que sejam, ou mesmo na vida de pessoas próximas e de longe; na busca pessoal do dia a dia – a VOZ do Senhor está dentro de nós e sempre está pronta para se manifestar em nós! Sejamos fascinados por Ouvir ao Senhor!

SER FASCINADO por Jesus É permitir que ELE cresça em MIM e EU (EGO) diminua, Rom 8, nos diz que O Senhor Jesus apesar de nos tratar como filhinhos, Ele deseja que sejamos FILHOS MADUROS. A vida que Ele nos dá no novo nascimento, Cresce!
E o resultado de sermos filhos Maduros está em Rom 8:29 “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos;”
Ele só cresce se eu diminuo, devo aprender a levar a MINHA CRUZ, ou seja, fazer escolhas que agradem ao SENHOR a cada dia e para isso preciso aprender a OUVÍ-LO, e assim OBEDECER. Isso se chama CARÁTER de CRISTO formado em nós!

SER FASCINADO por Jesus É SERVI-LO:
É ter um comprometimento pessoal com o REINO de DEUS em primeiro lugar e a sua justiça – sabendo que assim as demais coisas serão acrescentadas (Mt 6:33)
É estar atendo às situações que exijam o meu serviço, onde o meu EU não apareça, mas sim CRISTO em MIM!
É a prática habitual do serviço sincero, Rom 12:11-16
“não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;  alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;  acudi aos santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade;  abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis;  alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram;  sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altivas mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios aos vossos olhos;”

Que o SENHOR gere em nós este FASCÍNIO e DEVOÇÃO de forma que em nós seja encontrada a SUA VIDA, e que a nossa VIDA seja um IMPACTO naqueles com quem nos relacionamos, e que no nosso ajuntamento, celebremos com amor e paixão o nosso SENHOR pelo qual vivemos fascinados.

“Se conhecermos a preciosidade do nosso Senhor, nunca será um sacrifício consagrar-nos a Ele.”- Christian Chen

Autor: Nelson Cardoso de Carvalho – Abril/2009

sábado, 20 de julho de 2019

O que Você, tem Feito pelo Senhor Jesus?

“... ela praticou uma boa ação para comigo”.

“É indispensável trazer na mente nestes dias altamente ocupados e de atividades sem descanso, que Deus olha para tudo a partir de um único ponto de vista, avalia tudo por uma única regra, prova tudo por um único critério, e este critério, que governa Seu ponto de vista é Cristo. Ele valoriza as coisas segundo mais próximas elas podem estar conectadas com o Filho do Seu Amor, e nada além. Tudo é feito para Cristo, tudo que é feito por Ele é precioso para Deus. Tudo mais é sem valor. Muito serviço pode ser realizado e uma grande porção de louvor pode ser oferecida através de lábios humanos, mas quando Deus o analisa, Ele irá buscar somente uma coisa e é medindo o quanto este serviço está conectado a Cristo. Sua grande questão será: este serviço foi realizado em e para o Nome de Jesus?” “Se for, ele foi aprovado e recompensado; se não, será rejeitado e queimado.” (trecho do artigo “Um Vaso de Alabastro” de CH Mackintosh) – tão antigo como atual – este artigo pode ser lido na integra no site Preciosa Semente.

Charles Henry Mackintosh (1820-1896)

Introdução:
Imaginemos o contexto desta passagem: estamos a alguns dias da morte de Jesus, é o momento dELE entregar a Sua vida, os inimigos de Jesus já não o toleram mais, Satanás está inflamando os seus corações e de Judas, e preparando com extremo cuidado seus planos para que Jesus não escape e que seja enfim derrotado.

Jesus por sua vez deseja cumprir a vontade do Pai, sendo obediente até a morte, e morte de Cruz, não há saída a Vida e a Morte se encontrará no Calvário, o Grão de Trigo morrerá, porém o resultado será o nascimento de algo, de alguém que destruirá o próprio inferno, A Igreja, o Corpo de Cristo na Terra, será o resultado de sua entrega total, o fruto da morte do grão de trigo, o 'está Consumado' será o grito ETERNO de vitória sobre a MORTE e o sobre o INFERNO.

Mas no meio deste contexto uma cena salta na escritura sagrada:

Jesus está assentado à mesa, na casa de Simão, o leproso. Talvez ele estivesse pensando em todas estas coisas mencionadas acima, talvez estivesse introspectivo/reflexivo.

Jesus, como de costume, estava sempre rodeado de pessoas necessitadas, de outras gratas a Ele, dos discípulos e outros tantos.

Uma mulher, porém, traz um vaso de alabastro, com unguento de nardo puro, caríssimo, entra na casa e vai até Jesus  quebra o vaso e derrama o unguento sobre na cabeça de Jesus;

Jesus não disse nada para ELA, apenas recebeu sua oferta.

A atitude desta mulher foi tão marcante que Jesus a honrou dizendo que por onde for pregado o evangelho, o que Ela fez seria contato para sua memória. Uma menção que persistirá por toda a eternidade.

Existem aqui algumas atitudes fundamentais que esta Mulher demonstrou que mostram o que é SER a Igreja de Jesus e que precisamos aprender para que o Senhor também possa eternizar a nossa obra, como fez com pessoas como Charles Wesley, Lutero, Charles Finney, George Mulher, Hudson Taylor, e outros.

1ª Atitude: A Mulher não se importou com o custo do seu Vaso de Alabastro
Ela simplesmente pegou aquele vaso, caríssimo, que seria usado para o seu casamento, talvez a sua única riqueza, e quebrou e ungiu Jesus;
Esta sempre tem que ser a nossa primeira atitude, não contabilizar a nossa ação para com o Senhor, fazermos para ELE, e se é para ELE nada será tão caro que não possamos pagar;
Como Davi, que comprou a terra para ali ofertar/sacrificar ao Senhor, pois ele decidiu que não daria algo ao Senhor que não lhe custasse nada. (2 Sm 24.24)
O que Deus tem pedido a você?
O que você tem sido tocado pelo Espirito Santo a dar para Jesus?
Como você tem respondido?


2ª Atitude: A Mulher não se importou com os outros
Esta mulher queria fazer o Seu melhor para Jesus, ela simplesmente pegou o vaso em sua casa e resolutamente foi em direção onde Jesus estava, não se preocupou com os comentários legalistas de quem não fez nada pelo Senhor, apenas criticaram sua disposição, seu amor, sua dedicação, ELA NÃO se IMPORTOU - SEU foco era Jesus Cristo e só ELE! Ela sequer perguntou para Jesus se Ele queria, pois ela sabia que o Senhor nunca rejeita quando nós derramamos o nosso melhor diante dELE.
O Senhor Jesus não rejeita a sua oferta quando ela é uma oferta de AMOR, quando você não é mesquinho e dá o seu tempo, os seus ouvidos para as pessoas, seus recursos para os que necessitam.
Você não precisa perguntar você não sente timidez, você percebe o que deve ser feito e faz.


3ª Atitude: A Mulher preferiu ouvir ao Senhor do que as pessoas ao seu redor
Quantas vezes tomamos uma decisão sincera de servir o Senhor, de fazer algo por Ele, fazer aquilo que o Espírito Santo colocou em nosso coração, sentimos a sua aprovação, mas logo paramos para ouvir conselhos que não nos estimulam a seguir o nosso sentimento espiritual, medimos o nosso esforço, erramos e deixamos as oportunidades passarem
Precisamos fazer aquilo que mostra o nosso amor por Jesus.
E o alvo de Jesus é um só: PESSOAS - Precisamos ajudar pessoas! E sempre que nos dispormos em ajudar, haverá aqueles que dirão: Cuidado, Não é bem assim, etc.
Ouça a Deus, ouça o Espírito Santo, ouça a Jesus primeiro - Conselhos devem ser buscados e seguidos, mas quando eles reforçam a paz que nosso coração aponta, aquela paz que só Cristo dá!


4ª Atitude: Ela Fez o máximo que pôde
Irmãos, nós fazemos o que podemos, e isso é sempre pouco para o Senhor, mas às vezes nos custa muito. Mas quando vencemos a nossa timidez, deixamos de nos importar com os outros, ouvimos o Senhor, e paramos de calcular o valor das coisas.
O Senhor toma esta ação/atitude e nos honra e o resultado é glória para Ele. E aprendizado para nós.
Então vamos ouvi-lo dizer: 'Ela/Ele praticou boa obra para comigo'


Conclusão:
Gostaria de terminar sugerindo uma leitura da Bíblia, refletindo sobre como o Senhor quer que pratiquemos boas obras para Ele: Mateus 25:31-40.

É tempo de se levantar e AMAR incondicionalmente a TODOS, os de dentro, os irmãos de outras igrejas, e as pessoas de fora da nossa comunidade;
É tempo de fazermos mais do que temos feito, não porque temos vontade ou por termos que obedecer apenas, não, mas porque AMAMOS o Nosso Senhor e sabemos que o resultado do Amor dELE em nós é nosso AMOR pelo nosso vizinho, amigo, colega, irmãos.
É tempo de parar de contabilizar a nossa perda, paremos de ouvir as palavras de desânimo, paremos de tampar os nossos ouvidos para o Senhor, paremos de dizer que o que podemos fazer é insuficiente.
É tempo de FAZER! É tempo de AGIR! É tempo de AMAR!

Texto Base: Mc 14.1-11/Mt 26.6-13

Autor: Nelson Cardoso de Carvalho

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