Palavras de Vida Eterna


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O Poder do Espírito Santo

A palavra Grega “dunamis”, que é usada em estreita conexão com a obra do Espírito Santo de Deus, em e através de Seu povo, significa capacidade natural, poder inerente, habilidade para realizar qualquer coisa, não meramente poder capaz de ação, mas poder em ação.

Na segunda Epístola aos Coríntios ela é usada em numerosas ocasiões. Na primeira Epístola o poder é atribuído à “mensagem da Cruz” (1:18); Cristo é declarado como “o poder de Deus” (1:24); mais tarde nos é dito que “o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder” (4:20). A frase “o poder do nosso Senhor Jesus” é usada no próximo capítulo (5:4); o poder é em seguida atribuído a Deus (6:14); e finalmente lemos sobre o poder relacionado com a ressurreição da morte (15:43; ver também Fp 3:10). Aqui está o poder em ação, inerente em Deus e visto em todas as obras do Seu Reino. Ele é o Todo Poderoso e o poder absoluto é um de Seus atributos.

Na segunda Epístola, Paulo fala da vida Cristã: “Porque Deus, que disse: Das trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte” (4:6-7). Todo poder é inerente a Deus e é quando Ele está guardado no coração humano que é dada capacidade para se viver como um Cristão para a Sua glória. Mais tarde, falando do obreiro Cristão, o Apóstolo menciona como parte de seu equipamento; “na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça à direita e à esquerda” (6:7). Colocar o poder entre a verdade e a justiça certamente é importante, pois estes três não podem ser separados. Depois Paulo nos dá um vislumbre de sua própria experiência e, após nos falar de seu espinho na carne e de sua fervorosa intercessão pela remoção do mesmo, escreve; “E ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo” (12:9). A lição prática que sempre deve ser aprendida sobre o poder, é que “O poder pertence a Deus” (Sl 62:11) e somente pode ser exercitado através de nós quando conhecemos como realidade algo da nossa fraqueza. Finalmente nos é dado um vislumbre deste princípio em operação pela forma na qual mesmo o Senhor Jesus Cristo deliberadamente pôs de lado Seu próprio poder como Deus e confiou somente no poder do Pai, “Ainda que foi crucificado por fraqueza, vive contudo pelo poder de Deus” (13:4).

Retornemos agora àqueles lugares onde o poder está diretamente associado ao Espírito Santo de Deus. O evangelho de Lucas contém uma ou duas passagens interessantes. Em Lucas 1:15 é dito a Zacarias: João “será cheio do Espírito Santo”, e quando lemos mais nos é mostrada a forma particular na qual este enchimento molda seu caminho: “Ele irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias... a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido” (1:17). Os termos da comissão de João são claros, e ele deve ser equipado com poder para esta obra, o qual só é encontrado na presença do Espírito Santo, cujo propósito é entregar sua vida para que a vontade de Deus possa ser feita. Fora do âmbito da vontade de Deus não há poder.

Quando Gabriel diz a Maria que ela seria mãe do Redentor, ela pergunta maravilhada, “Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?” Ela recebe a certeza, “Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus” (1:34-35). O Próprio Deus se curvou para operar o poderoso milagre da Encarnação num corpo humano. A humilde prontidão para Sua vontade foi a parte de Maria, o poder foi de Deus. É sempre assim em todo Seu tratamento para conosco.

Em Lucas 4:14 lemos que quando o Senhor Jesus enfrentou e venceu o Tentador no deserto, Ele “voltou para a Galileia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a circunvizinhança”. No verso 36 encontramos este comentário, “E veio espanto sobre todos, e falavam entre si, perguntando uns aos outros: Que palavra é esta, pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem?” Novamente este era o poder visto em ação e as pessoas, reconhecendo sua realidade, ficavam maravilhadas.

A referência final a ser tratada neste evangelho é Lucas 24:49. O Senhor Jesus Cristo definiu explicitamente a comissão dos Seus discípulos. Eles deveriam ser testemunhas de Sua morte e ressurreição, e proclamar no Seu Nome a oferta de perdão ao arrependido. Então disse; “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder”. O poder e a autoridade são entrelaçados. A autoridade do nosso testemunho é afiançada pela procuração do Espírito. Não temos qualquer direito de tentar sustentar nosso testemunho sem essa procuração. Foi escrito sobre este assunto que ‘Recebemos o Espírito Santo, e Ele concede, ou antes se torna em nós, poder; e mesmo este poder cessará de ser exercido no momento em que nos tornamos auto dependentes ou autoconfiantes. A única esperança do crente ou da Igreja por poder na oração ou na pregação, ou no viver para Deus ou no trabalhar com Deus é encontrado na perpétua possessão e operação do Espírito Santo.

Comentando sobre Romanos 6:13 o Bispo Moule escreve: ‘O Apóstolo de fato chama o crente para se render a Deus o Espírito Santo como a um Poder e Presença que já habita interiormente em viva realidade, mas que está esperando, como esteve antes, pelas boas-vindas da alma para vir para dentro e tomar inteira possessão de todo o círculo e âmbito da vida. É um chamado para deixar a água que brota da montanha de Deus aumentar no crente, em seus propósitos e afeições, em suas obras e vontades, calma e seguramente na direção do seu bendito nível’. Deixemos bem claro aqui que, a obra de Deus só pode ser feita pelo poder do Seu Espírito, e como indivíduos precisamos tratar bem de perto com Ele para nos assegurar que estamos ligados a esta Pessoa, a Fonte de toda obra eficaz. Também nunca devemos nos esquecer que Ele, Que é o poder de Deus, somente nos usará para a tarefa que Deus já planejou para nós.

Atos 1:8 reitera a promessa e conclui o mandamento de Lucas 24:49, “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”. O propósito do poder trazido pelo Espírito interior era para testemunhar. As trevas do coração humano só podem ser penetradas e iluminadas pelo poder do Espírito. Evidência, argumento, persuasão e até a pregação são de nenhum proveito sem ele. O testemunho Cristão não deve ser apenas fiel mas também frutífero, e isto é garantido por uma busca pessoal, que conta com a capacitação do Espírito Santo.

Nos primeiros versos de Atos 3 ocorre um notável milagre e no verso 12 lemos que quando Pedro viu que o povo correu a se ajuntar disse a eles, “Varões israelitas, por que vos admirais deste homem? Ou, por que fitais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?” Em nossos dias há em alguns círculos muita conversa sobre curas e poderes milagrosos, mas há também muitos tristes fracassos. O sensacionalismo é sempre perigoso, e o assim chamado milagre – que precisa da propaganda humana para chamar a atenção do povo – geralmente é falsificação. Pedro estava preocupado que o povo não pudesse entender o que tinha acontecido e ansioso para ver que toda honra fosse rendida a Ele, Quem sozinho opera maravilhas. Para citar o Bispo Moule outra vez, “Eu não seria enganado” ele escreve, “como se pretendesse relegar apenas à era apostólica toda as manifestações da presença e poder de Deus através de Seu povo em forma de sinais e maravilhas. Concluo, tanto da história da Igreja como da Escritura em I Coríntios 13:8, que de maneira geral o comumente chamado milagre demonstra que o poder foi destinado somente aos primeiros dias apenas... Creio que perigos sutis e fortes tentações jazem ocultas onde os Cristãos ou a comunidade esta ansiosa pelo dom de tais faculdades miraculosas mais do que por um contínuo aprofundamento na humilhação do ego diante do Deus Santo e de um mais próximo e mais disciplinado andar com Ele’. Que palavras sábias! Ninguém em seu são juízo poderia negar que Deus pode e opera obras milagrosas em nossos dias, mas onde o milagre é incitado e toma o centro do palco, temos somente uma exibição do ego que não apenas fracassará mas será positivamente perigoso.

Nossa palavra também é usada em íntima conexão com o Espírito de Deus para descrever a eficácia do testemunho dos apóstolos, mesmo quando resistidos e perseguidos (4:3). O poder é dado como uma das qualificações que fizeram Estevão apto para o seu ofício como um diácono; e o Senhor Jesus Cristo é declarado durante Seu ministério terrestre como sendo cheio do poder Divino (10:38).

As Epístolas não nos proveem muitos exemplos de acoplamento do Espírito Santo e poder juntos. Romanos 15:13 dá como uma das evidências do poder do Espírito Santo operando na vida, “para que abundeis na esperança”. Isto certamente é um milagre da graça, quando uma pessoa pode ver além do material que a cerca por todos os lados, e estar animado com esperança mesmo nas mais densas trevas e nas situações mais desanimadoras. No verso 19 Paulo fala do “poder de sinais e prodígios, no poder do Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e arredores, até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo”. A demonstração de poder aqui é novamente vista para conduzir todos os pensamentos a um só fim; a glória de Cristo e a proclamação da Sua graça salvadora.

Em I Coríntios 2:4-5 Paulo avalia sua própria pregação, que “não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”; seguramente o único objetivo digno da pregação.

As Epístolas aos Tessalonicenses nos proveem com um contraste. Na primeira Paulo escreve, “porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo e em plena convicção” e tomamos a imagem deste grupo de homens e mulheres emancipados estabelecidos em uma Colônia Romana, cuja nova fé fundada era óbvia para aqueles entre os quais viviam e, se odiada por alguns, era respeitada por todos (1:5). Na segunda carta encontramos direta advertência contra aquele cuja vinda “é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem” (2:9-10).

Mais uma referência poderia ser considerada relevante e planejada para trazer real regozijo e segurança a todo coração verdadeiramente Cristão, “Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (II Tm 1:7). Que maravilhosa combinação de elementos, e quão descritiva do poder e do amor, o gracioso método do Espírito Santo! Este é o poder que você e eu precisamos conhecer em toda a sua plenitude para que também possamos ser cheios do poder no testemunho e ver, em qualquer área na qual é Seu prazer operar, os milagres que redundem para Sua e somente Sua glória, por toda a eternidade.

Autor: J.C. Metcalfe
Do livro: “A Bíblia e a Vida Cheia do Espírito” (The Bible and the Spirit-filled Life)
Extraído da Revista O Vencedor


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O Ministério do Espírito Santo

A Igreja é atacada por três correntes poderosas que operam traiçoeiramente para desvia-la do seu curso. O materialismo, que nega ou ignora o sobrenatural e se concentra sobre o melhoramento das condições exteriores da vida humana; o criticismo, que é engenhoso em análise e dissecação, porém incapaz de construir um fundamento no qual a fé possa se basear e descansar; e o gosto literário refinado, que se desenvolveu recentemente e que se dispõe a avaliar o poder pela força das palavras.

Para tudo isso só existe uma resposta, que não é um sistema, um credo ou uma igreja, mas o Cristo vivo, que foi morto mas vive para sempre, e tem as chaves para destrancar todas as perplexidades, problemas e carências. Embora a sociedade possa ser reconstituída e as necessidades materiais regularmente supridas, o descontentamento poderá surgir novamente de alguma outra forma, a menos que o coração esteja satisfeito com o Seu amor. A verdade que Ele revela para a alma e que está centrada nEle Mesmo por si só capaz de satisfazer o apetite consumidor da mente.

Jesus Cristo, o Filho de Deus eternamente vivo, é a suprema resposta para a inquietação e labuta de nossos dias. Mas Ele não pode, e não vai revelar a Si Mesmo. Cada pessoa na Santa Trindade revela uma outra. O Filho revela o Pai, mas a Sua própria revelação aguarda o testemunho do Espírito Santo, o qual, ainda que muitas vezes dado diretamente, é amplamente dado através da igreja. O que precisamos, e o que o mundo aguarda, é o Filho de Deus, testemunhado e revelado em toda a Sua radiante beleza pelo ministério do Espírito Santo, que Ele realiza com e através dos santos que compõem a igreja. 

Em alguns lugares parece se supor que o Espírito Santo é a solução para as perplexidades do nosso tempo. Hoje não sabemos o que podemos testemunhar em alguma era vindoura, mas nesta é claro que Deus na pessoa de Cristo é a única resposta divina. Eis aqui o ‘sim e amém’ de Deus, o Alfa e o Ômega, a luz para o cego, a cura para o paralítico, a limpeza para o poluído, a vida para o morto, o evangelho para o pobre, triste e desconsolado.

Presentemente desejamos a concessão graciosa do Espírito que pode tomar mais profundamente das coisas de Cristo e revela-las a nós. Quando os discípulos pediram para conhecer o Pai, o Senhor disse, ‘Aquele que viu a Mim viu o Pai. É a Sua glória que brilha em Minha face, Sua vontade que molda Minha vida, Seu propósito que é cumprido em Meu ministério’. Então o abençoado Paracleto poderá voltar nosso pensamento e atenção de Si Mesmo para Aquele, com quem Ele é Um na Santa Trindade, o qual Ele veio revelar.

Através dos chamados séculos Cristãos, a voz do Espírito Santo tem levantado testemunhas para o Senhor. Diretamente, em cada estímulo difundido da consciência humana, em cada avivamento, em cada era de avanço no conhecimento da verdade divina, em cada alma que tem sido regenerada, consolada ou ensinada. Indiretamente, Sua obra tem sido conduzida pela igreja, o corpo daqueles que crêem. Mas, infelizmente, quão tristemente Seu testemunho tem sido enfraquecido e estorvado pelo instrumento através do qual ele deve vir. Ele não tem sido capaz de fazer muitas obras poderosas por causa da incredulidade, que mantém fechada e trancada as avenidas pelas quais Ele teria fluido Seu agradável testemunho ao mundo espiritual, do Senhor glorificado. 

As divisões da igreja, sua discussão sobre assuntos de relativa insignificância, sua valorização de pontos de diferença, seu materialismo, seu amor por si mesma, por posição e poder, seu julgamento de que é rica, cheia de bens e de nada tendo falta, quando era pobre e miserável e cega e nua. Estas coisas não apenas a privaram do seu testemunho, mas ofenderam e extinguiram o Espírito Santo, e anularam o Seu testemunho.

Autor: A.J. Gordon
Extraído da Revista O Vencedor
Extraído da Introdução do Dr. Meyer no livro do Dr. A.J.Gordon, “O Ministério do Espírito” (The Ministry Of The Spirit).


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Guiados pelo Espírito Santo, Romanos 3.13


Para muitos Cristãos a liderança do Espírito é considerada como uma sugestão de pensamentos para nossa orientação. Eles almejam e pedem por ela em vão. Quando muitas vezes pensam que a têm, ela não traz a segurança ou o conforto que eles pensam que deve ser o selo daquilo que realmente é do Espírito. Assim a preciosa verdade da liderança do Espírito, ao invés de ser um fim para toda a controvérsia e a solução de toda dificuldade, uma fonte de conforto e poder em si mesma, se torna uma causa de perplexidade e a maior de todas as dificuldades.

O erro vem de não aceitar a verdade de que o ensinamento e a liderança do Espírito são primeiramente dados na Vida e não na Mente. No momento em que a conformidade com este mundo e seu espírito é crucificada e morta, quando deliberadamente negamos e reprimimos a vida natural e a vontade da carne, somos renovados no espírito da nossa mente e deste modo ela se torna apta para provar e conhecer a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Rm 12:2).

Esta conexão entre a obra prática santificadora do Espírito em nossa vida interior e a Sua liderança aparece muito claramente em Romanos 3 verso 13: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. Então segue: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”. Isto é, tantos quantos se permitem serem liderados por Ele nesta mortificação das obras do corpo, estes são os filhos de Deus. O Espírito Santo é o Espírito da vida santa que havia e há em Cristo Jesus, e que opera em nós como uma Vida de Poder Divino. Ele é o Espírito de Santidade, e somente como tal liderará. Através dEle Deus opera em nós tanto o querer como o fazer Seu bom prazer; através dEle Deus nos faz perfeitos em toda boa obra para Sua vontade, operando em nós o que é agradável à Sua vista. Ser liderado pelo Espírito envolve, em primeiro lugar, a rendição à Sua obra enquanto Ele convence do pecado e purifica a alma e o corpo para o Seu templo. É como o Espírito interior, preenche, santifica e rege o coração e a vida, que Ele ilumina e lidera.

No estudo do significado da liderança do Espírito, é de fundamental importância compreender este conceito em todo o seu significado. Somente a mente espiritual pode discernir as coisas espirituais e pode receber a liderança do Espírito. A mente precisa crescer espiritualmente para se tornar capacitada para a orientação espiritual. Paulo disse aos Coríntios que devido ao fato de eles, embora nascidos de novo, serem ainda carnais, como meninos em Cristo, ele não pôde ensinar-lhes verdades espirituais. Se isso refreia o ensinamento que vem através do homem, quanto mais o ensinamento que vem direto do Espírito, pelo qual Ele nos guia a toda a verdade. O mais profundo mistério da Escritura, tantos quanto são compreendidos pela mente humana, pode ser estudado, aceito e até mesmo ensinado pela mente impura. A liderança do Espírito não tem início na região do pensamento ou do sentimento, mas no mais profundo, na própria vida, no laboratório escondido da vida interior, de onde emana o poder que molda a vontade e forma o caráter em nossos espíritos, ali o Espírito Santo faz a Sua morada, ali Ele respira, se move e impele. Ele nos conduz inspirando com a vida e disposição da qual procedem os propósitos e decisões corretos.

“Sejais cheios do pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual” (Cl 1:9). Esta oração nos ensina que é somente para um entendimento espiritual que o conhecimento da vontade de Deus pode ser dado, e o entendimento espiritual vem somente com o crescimento do homem espiritual e a fidelidade à vida espiritual. Aquele que possui a liderança do Espírito precisa render a si mesmo a fim de ter sua vida totalmente possuída e preenchida pelo Espírito. Foi quando Cristo foi batizado com o Espírito que, “cheio do Espírito”, “foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto” (Lc 4:1), “voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito” (Lc 4:14), e começou Seu ministério em Nazaré com as palavras, “O Espírito do Senhor está sobre mim”.

Desfrutar da direção do Espírito demanda uma mente muito educável e obediente. O Espírito não é impedido somente pela carne como o poder que comete pecado, mas mais ainda pelo poder da carne que procura servir a Deus. Para ser capaz de discernir o ensino do Espírito, a Escritura nos diz que o ouvido precisa ser circuncidado, na circuncisão não feita por mãos, mas a circuncisão de Cristo. A vontade e a sabedoria da carne devem ser temidas, crucificadas e negadas. O ouvido deve se fechar para tudo o que a carne e sua sabedoria, quer em si mesma ou nos homens ao nosso redor, têm para dizer. Em todos os nossos pensamentos sobre Deus ou em nosso estudo de Sua Palavra, em toda nossa aproximação para adorar e em toda nossa saída para trabalhar para Ele, deve haver uma contínua desconfiança e abnegação do ego e uma bem definida espera em Deus para que o Espírito Santo nos ensine e nos guie. A alma que deste modo espera diariamente e a cada hora por condução Divina e por luz do conhecimento e obediência, seguramente as receberá.

A liderança do Espírito muito especialmente deve ser uma questão de fé, e isso em dois sentidos. O começo da liderança virá quando aprendemos em santo temor cultivar e agir com confiança: O Espírito Santo está em mim, e está fazendo Sua obra. A habitação do Espírito é a parte mais importante da obra redentora de Deus, a mais espiritual e misteriosa parte do mistério da piedade. Aqui é necessário fé. Fé é a faculdade da alma que reconhece o invisível, o divino, que recebe a impressão da Divina Presença quando Deus se aproxima; que em sua medida aceita o que o Ser Divino traz e nos dá. No Espírito Santo está a mais íntima comunicação da Vida Divina; aqui a fé não pode julgar pelo que sente ou entende, mas simplesmente se submete a Deus para deixa-Lo fazer o que Ele disse. Ele media e adora, ora e confia sempre de novo, rende toda a alma em adorável aceitação e agradecimento pela obra do Salvador, “Ele estará em vós”. Ele se regozija na segurança, o Espírito Santo, a força poderosa de Deus, habitando interiormente, da Sua própria maneira e posso depender dEle. Ele me guiará.

Por meio desta fé mais geral na habitação do Espírito, a fé também tem que ser exercitada em relação a cada parte da liderança. Quando há um questionamento, me prostro diante do Senhor e minha alma espera em simplicidade e vacuidade por Sua explicação e utilização daquilo que na Palavra ou providência me satisfaz, devo em fé confiar no meu Deus que Sua orientação não está retida. Não é por impulsos repentinos ou fortes impressões, nem por vozes celestiais que devemos esperar a condução do Espírito. Há almas para as quais tal orientação é indubitavelmente dada e o tempo virá, a medida em que nossa natureza se torna mais espiritual e vive mais em contato com o invisível, nossos próprios pensamentos e sentimentos se tornarão os veículos conscientes da Sua abençoada voz. Porém devemos deixar isto para Ele. Os degraus mais baixos da escada são arriados o suficiente para o mais fraco alcançar; Deus quer que todos os Seus filhos sejam guiados pelo Espírito todos os dias. Começar o caminho de seguir a orientação do Espírito pelo crer, não somente que o Espírito está dentro de você, mas que Ele empreende agora imediatamente a obra que você Lhe pede e confia. Submeta-se a Deus em completa rendição. Creia com implícita confiança que a aceitação de Deus dessa rendição significa que você está entregue ao controle do Espírito. Através dEle Jesus guia, dirige e salva você.

A condução do Espírito é inseparável da santificação do Espírito. Permita cada um que é guiado pelo Espírito de assim o ser pela entrega de si mesmo para ser conduzido pela Palavra, tanto quanto a conheça. Comece do começo, obedeça aos mandamentos. “Guarda meus mandamentos e o Pai lhes enviará o Espírito.” Deixe todo pecado, desista de tudo por Deus, e permita-O tomar a Sua direção. Através do Espírito faça morrer os delitos do corpo. Como um filho de Deus ponha-se inteiramente à disposição do Espírito, para ir por onde Ele conduz, e o Próprio Espírito, este mesmo Espírito, através do qual você mortifica o pecado e se rende a fim de ser conduzido como uma criança, testificará com o seu espírito, em regozijo e poder ora desconhecidos, que você de fato é um filho de Deus, que goza de todos os privilégios de filho no amor e direção de Seu Pai.

Autor: Andrew Murray
Do livro “O Espírito de Cristo” (The Spirit of Christ)


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Enchei-vos do Espírito, Efésios 5:18

I. Ser Cheio do Espírito Santo
1. É possível – é a promessa do Senhor
2. É possível no inicio da vida cristã: Não só para os mais crescidos na fé.
3. É possível ser cheio repentinamente: Nem sempre temos que esperar.
4. É possível saber que fomos cheios: Os resultados são marcantes
5. Quais são as condições?
    a) Confessar os pecados: O templo precisa estar limpo.
    b) Entregar a vida ao Senhor: Precisamos nos render a Ele.
    c) Crer na Promessa do Senhor: Precisamos crer que Ele nos deu. (Charles Inwood)

II. A Água Viva
“Se conheceras o Dom de Deus e Quem é o que te pede: dá-me de beber, tu Lhe pedirias e Ele te daria água viva” – Jo 4:10 – O Senhor Jesus estava falando com a mulher samaritana.
1. Se tu conheceras o Dom de Deus: Você sabe que Dom é esse?
2. Tu Lhe pedirias: Você seria movido a Lhe pedir
3. E Ele te daria: Jesus sempre cumpre o que promete
4. Ele te daria Água Viva: Rios de água viva do Espírito

III. Rios de Água Viva 
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, Rios de Água Viva fluirão do seu interior. Isto Ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que Nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” – Jo 7:37-39

IV. Quem tem Sede
1. Você tem sede? “Bem aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5:6). Deus espera que tenhamos essa fome para então nos satisfazer.
2. Você já bebeu? Beber significa receber e essa iniciativa é nossa. Ninguém pode fazer isso por nós. É algo pessoal.
3. Você já glorificou a Jesus? Existe um glorificar histórico que se deu na ascensão de Jesus. Mas este é experimental: Quem ocupa o trono da sua vida? Jesus tem o primeiro lugar?

V. Pedir ao Pai o Espírito Santo
“Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedirem?” – Lucas 11:13
1. Pedir: Mostra que eu creio na bênção do Espírito
2. Pedir: Mostra minha profunda necessidade
3. Pedir: Mostra a real possibilidade de receber. (G. MacGregor)

VI. A Vida Abundante Interior
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva fluirão do seu interior. Isto Ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nEle cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” – Jo 7:37-39
1. A Provisão Divina: “Do seu interior fluirão rios de água viva”; Ele disse isso com respeito ao Espírito”.
2. A condição exigida: “Se alguém tem sede”.
3. Os passos para receber:
    a) Venha a Mim – ao Único que pode nos dar o Espírito
    b) Venha e beba – Como? Aquele que pede recebe
    c) Glorifique a Jesus – Precisamos  dar o primeiro lugar a Ele em nossas vidas. Precisamos entregar a Ele todas as chaves e principalmente aquela pequena que cabe entre os dedos (F.B. Meyer).

VII. As Vestes e o Óleo
“Sejam sempre alvas as tuas vestes e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” – Ec 9:8
1. Vestes alvas: A roupa simboliza a conduta, o caráter. O vestido da Noiva de linho fino, resplandecente e puro são os atos de justiça dos santos (Ap 19:8). O pecado, a carnalidade e o mundanismo entristecem o Espírito (Ef 4:30).
2. Óleo sobre a cabeça: O óleo simboliza a unção do Espírito Santo. Sua finalidade é produzir em nós a iluminação e o poder para testemunhar. Se não obedecermos o ensino da Unção (1 Jo 2:27) podemos apagar o Espírito (1 Ts 5:19). 

VIII. Rute e Boaz – A Vida de União com Nosso Senhor
“Lava-te, unge-te e veste os teus melhores vestidos e desce à eira... chegarás e lhe descobriras os pés e te deitarás” – Rute 3:3, 4
1. Lava-te: A Pia do Lavatório (Ex 30:17-21) representa o Espírito Santo (a água) purificada pela lavagem da Água pela Palavra (Ef 5:26). Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e purificar de todo pecado (1 Jo 1:9)
2. Unge-te: É preciso nos manter sempre sob a Unção.
3. Veste os teus melhores vestidos: Precisamos viver na prática de atos de justiça e andar como o Senhor andou (1 Jo 2:6)
4. Descobriu-lhe os pés e se deitou: Precisamos entregar totalmente nossa vida ao Senhor. Ele não é apenas nosso Salvador; acima de tudo Ele é o Senhor! Ele merece tudo!

IX. A Porção Dobrada Prometida
“Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. Tornou-lhe Elias: Dura coisa pediste. Todavia, se me vires quando eu for tomado de ti, assim se fará; porém, se não me vires, não se fará” – 2 Re 2:9-10.
1. “Disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui; respondeu Eliseu: não te deixarei” (2Re 2:2-6). Eliseu precisava vigiar para ver o momento em que Elias seria arrebatado. E ele viu e recebeu.
2. “Disse Eliseu ao rei Jeoás: Toma o teu arco e flechas... atira... toma as flechas... fere a terra com elas; Jeoás feriu a terra três vezes e parou. Então o homem de Deus (Eliseu) se indignou muito contra ele e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então feririas os sírios até os consumir; porém, agora, só três vezes ferirás os sírios” (2Re 13:15, 19). O próprio rei Jeoás limitou a bênção de Deus em sua vida.
3. “Ao lado destes repararam os tecoítas. Os seus nobres não meteram o pescoço ao serviço do seu Senhor. Então os tecoítas reparam outra parte” (Ne 3:5, 27). Os nobres recusaram trabalhar no muro e a parte deles foi dada aos humildes de Tecoa. Porção dobrada. 

Abre bem a tua boca e a encherei!
Ó bendito Paracleto, confirma o Teu domínio interior
Faça do meu corpo o Teu templo apropriado
Para Tua constante permanência.

Por muito tempo essa Tua casa
Foi possuída por amores estranhos
Deixou-Te excluído do seu santuário secreto
Considerou a Ti como um hóspede insignificante.

Rasga agora, ó bendito Espírito
O véu do meu pobre coração;
Entra no Teu descanso por tanto tempo negado
E nunca mais vá embora.

Oh, ser cheio de Ti!
Nada além disso eu peço;
Pois todos os hóspedes impuros devem fugir
Se Tu em mim habitares. (A.J. Gordon)

Autor: Delcio Meireles


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