Palavras de Vida Eterna


terça-feira, 30 de março de 2021

Conselhos para Líderes na Casa de Deus

Aprendam a amar os outros, a pensar no bem deles, a ter cuidado por eles, a negar-se a si próprios por causa deles e a dar a eles tudo o que têm. Se alguém não consegue negar-se a si próprio em beneficio dos outros, ser-lhe-á impossível conduzir alguém no caminho espiritual. Aprendam a dar aos outros o que você tem, ainda que se sinta como se nada tivesse. Então o Senhor começará a derramar-lhe a Sua bênção. (1)

A força interior de um líder deveria equivaler à sua força exterior. Esforços em demasia, avanços desnecessários, inquietações, apertos, tensões, falta no transbordar, planos humanos e avanços na frente do Senhor, são todas as coisas que não devem ocorrer. Se alguém está cheio de abundância em seu interior, tudo o que emana dele é como o fluir de correntes de águas, e não existem esforços demasiados de sua parte. É preciso ser de fato um homem espiritual, e não simplesmente se comportar como um. (2)

Ao fazer a obra de Deus aprenda a ouvir os outros. O ensinamento de Atos 15 consiste em ouvir, isto é, ouvir o ponto de vista de outros irmãos porque o Espírito Santo poderá falar por meio deles. Seja cuidadoso, pois ao recusar ouvir a voz dos irmãos, você poderá estar deixando de ouvir a voz do Espírito Santo. Todos aqueles envolvidos em liderança devem assentar-se para ouvi-los. Dê a eles oportunidades ilimitadas de falar. Seja gentil, seja alguém quebrantado e esteja pronto para ouvir. (3)

O problema de muitos líderes é não estarem quebrantados. Pode ser que tenham ouvido muito, a respeito de serem 'quebrantados' porém não possuem revelação dessa verdade. Se alguém está quebrantado, não tentará chegar as suas próprias decisões no que toca a questões importantes ou aos ensinamentos, não dirá que é capaz de compreender as pessoas ou de fazer coisas, não ousará tomar para si a autoridade ou impor a sua própria autoridade sobre os outros, nem aventurar-se-á a criticar os irmãos ou tratá-los com presunção. Um irmão quebrantado não tentará auto defender-se nem remoer-se por algo que ficou para traz. (4)

Não deve existir nas reuniões nenhuma tensão, tampouco na Igreja. Com respeito às coisas da Igreja aprenda a não fazer tudo você mesmo. Distribua as tarefas entre os outros e os leve a aprender a usar suas próprias capacidades de executar. Em primeiro lugar, você deve expor-lhes resumidamente os princípios fundamentais a seguir e depois se certificar de que agiram de acordo. É um erro você fazer muita coisa. Evite também aparecer demais na reunião, caso contrário os irmãos poderão ter a sensação de que você está fazendo tudo sozinho. Aprenda a ter confiança nos irmãos e a distribuí-la entre eles. (5)

O Espírito de Deus não pode ser coagido na Igreja. Você precisa ser submisso a Ele pois, caso contrário, quando Ele cessar de ungi-lo a Igreja se sentirá cansada ou até mesmo enfadada. Se o meu espírito estiver forte em Deus, ele alcançará e tomará a audiência em dez minutos; se estiver fraco não adiantará gritar palavras estrondosas ou gastar um tempo mais longo, o que inclusive com certeza será prejudicial. (6)

Ao pregar uma mensagem, não a faça demasiadamente longa ou trabalhada, caso contrário o espírito dos santos sentir-se-á enfadado. Não inclua pensamentos superficiais ou afirmações rasteiras no conteúdo da mensagem; evite exemplos infantis, bem como raciocínios passíveis de serem considerados pelas pessoas como infantis. Aprenda concluir o ponto alto da mensagem dentro de um período de meia hora. Não imagine que, o fato de estar gostando de sua própria mensagem, significa que as suas palavras são necessariamente de Deus. (7)

Uma tentação com que frequentemente nos deparamos numa reunião de oração é querer liberar uma mensagem ou falar por tempo demasiado. Uma reunião de oração deve ser consagrada a oração, muito falatório levará à sensação, de sentir-se pesado, com o que a reunião se tornará um fracasso. (8)

Os obreiros precisam aprender muito, antes de assumirem uma posição onde tenham de lidar com problemas ou com pessoas. Com um aprendizado inadequado, um conhecimento insuficiente, um quebrantamento incompleto e um juízo não digno de confiança, serão incompetentes para lidar com os outros. Não tire conclusões precipitadas; mesmo quando se está prestes a fazer algo deve-se fazê-lo com temor e tremor. Nunca trate com leviandade as coisas espirituais. Pondere as no coração. (9)

Aprenda a não confiar unicamente em seus próprios juízos. Aquilo que consideras correto pode ser errado e aquilo que consideras errado pode ser correto. Se alguém está determinado a aprender com humildade, levará, com certeza, alguns poucos anos para terminar de fazê-lo. Portanto, por enquanto, você não deve confiar demasiadamente em si mesmo ou estar muito seguro a respeito, do seu modo de pensar. (10)

É perigoso para as pessoas da Igreja seguirem as suas decisões antes de você ter atingido o estado de maturidade. O Senhor operará em você para tratar seus pensamentos e para quebrantá-lo antes que você possa compreender a vontade de Deus e ser definitivamente ‘autoridade de Deus' - A autoridade se baseia no conhecimento da vontade de Deus. Onde não estiver sendo manifestado a vontade e o propósito de Deus, ali não há autoridade de Deus. (11)

A capacidade de um servo de Deus com certeza será expandida porém pelo mesmo Deus que o capacitou. Descanse em Deus, ame-o de todo o coração. Jesus disse 'sem mim nada podereis fazer'. A autoridade necessária para o desempenho do ministério é fruto de nosso relacionamento. Nunca olhe para dentro de você mesmo pois isso poderia desanimá-lo, porem, jamais abra mão da:
- Intimidade com Deus, e
- O conselho dos sábios que Deus colocou na Igreja.

'Não fostes vós que me escolhestes, porém Eu vos escolhi a vós e vos designei para que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça afim de que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vos conceda' Jo 15:16.

Autor: Watchman Nee 
Extraído do livro 'O Testemunho de Watchman Nee' - são partes de uma carta escrita em 10/03/1950 durante o período de vinte anos em que permaneceu preso pelo Regime Comunista Chinês.

quinta-feira, 25 de março de 2021

A Rebeldia no Homem

As armas com as quais lutamos não são humanas: ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. E estaremos prontos para punir todo ato de desobediência, uma vez estando completa a obediência de vocês. (2 Coríntios 10.46)

O Elo entre o Raciocínio e o Pensamento
O homem manifesta sua rebeldia não apenas em palavras e raciocínio, mas também em pensamentos. Palavras rebeldes brotam do raciocínio rebelde, e o pensamento, por sua vez, trama o raciocínio. Portanto, o pensamento é o fator central na rebeldia. Uma das mais importantes passagens da Bíblia é 2 Coríntios 10.4-6, porque, nesses versículos, destaca-se a área da vida do homem na qual se exige obediência a Cristo. O versículo 5 diz”[...] levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”. Isso dá a entender que a rebeldia do homem se encontra basicamente no pensamento.

Paulo menciona que devemos destruir argumentações e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus. O homem gosta de edificar raciocínios como fortalezas à volta de seu pensamento, mas tais raciocínios devem ser destruídos, e o pensamento deve ser levado cativo. As argumentações devem ser deixadas de lado, mas o pensamento deve ser reconduzido. Na guerra espiritual, as fortalezas devem ser tomadas de assalto para que o pensamento seja levado cativo. Se as argumentações não forem descartadas, não há como reconduzir o pensamento do homem à obediência de Cristo.

A palavra “pretensão”, no versículo 5, significa “edifício alto” no original. Do ponto de vista de Deus, as argumentações humanas são como um arranha-céu, pois obstrui o conhecimento de Deus. Logo que o homem começa a raciocinar, seus pensamentos ficam sitiados, e ele perde a liberdade de obedecer a Deus, uma vez que a obediência é uma questão de pensamento. A razão expressa-se externamente em palavras, mas, quando as argumentações se escondem no interior do ser humano, cercam o pensamento e o paralisam, para que não obedeça. O hábito de argumentar é tão sério que não pode ser resolvido sem uma batalha.

Mas Paulo usou a razão para lutar contra a razão. A inclinação mental para argumentar deve ser derrotada com armas espirituais, isto é, o poder de Deus. É Deus que luta contra nós, pois nos tornamos seu inimigo. Nosso hábito mental de argumentar é algo que herdamos da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas como são poucos os que percebem quantos transtornos nossa mente cria para Deus! Satanás emprega toda sorte de argumentações para nos escravizar, a fim de que nos tornemos inimigos de Deus em vez de submissos a Ele.

O texto de Gêneses 3 exemplifica 2 Coríntios 10. Satanás argumentou com Eva, e Eva, percebendo que a árvore era boa para alimento, reagiu com argumentação. Ela não deu ouvido a Deus, pois tinha suas razões. Quando o raciocínio aparece, o pensamento do homem cai em uma armadilha. O raciocínio e o pensamento estão totalmente ligados; o primeiro tende a derrotar o segundo. E, quando o pensamento é levado cativo, o homem encontra-se impossibilitado de obedecer a Cristo. Portanto, podemos concluir que, se realmente desejamos obedecer a Deus, devemos saber como a autoridade Dele destrói as fortalezas da razão.

Recapturando a Mente Cativa
No novo testamento grego, a palavra noema (noemata no plural) é usada seis vezes: Filipenses 4.7; 2 Coríntios 2.11, 3.14, 4.4, 10.5 e 11.3. Em português é traduzida por “entendimento”, “intenções”, “mente”, “argumento”, e o significado é desígnios da mente. A “mente” é a faculdade; o “desígnio” é sua ação – o produto da mente humana. O homem, por meio da faculdade da mente, pensa e decide livremente, e isso representa o próprio homem. Assim, se alguém deseja preservar sua liberdade, deve dizer que todos os seus pensamentos são bons e corretos. Não se atreve a expô-los a interferência e, portanto, deve cercá-los com muitas argumentações. Eis por que os homens falham em crer no Senhor: ficam, habitualmente, aprisionados na fortaleza de alguma argumentação.

Um incrédulo pode dizer: “Vou esperar até ficar bem velho”; ou: “Muitos cristãos não se comportam bem. Por isso não posso crer”; ou: “Ainda não. Vou esperar até que meus pais morram”. Semelhantemente, há razões que os cristãos apresentam para não amar ao Senhor: os estudantes dirão que estão ocupados demais com seus estudos; os homens de negócios ocupados demais com seus negócios; o doente acha que sua saúde é fraca demais, e assim por diante. Se Deus não destruir essas fortalezas, os homens jamais ficarão livres. Satanás aprisiona os homens utilizando a fortaleza dos argumentos. A maioria dos homens coloca-se atrás de tantas linhas de defesa que são incapazes de atravessá-las para a liberdade. Só a autoridade de Deus pode levar cativo cada pensamento para obedecer a Cristo.

Para reconhecer a autoridade, as argumentações humanas devem ser primeiramente lançadas ao chão. Só depois que o homem começa a ver que Deus é Deus, conforme declarado em romanos 9, é que suas argumentações são destruídas. E quando as fortalezas de Satanás são destruídas, nenhuma argumentação permanece, e os pensamentos humanos podem ser, portanto, levados cativos, para que obedeçam a Cristo. Só depois que os pensamentos são recapturados é que o homem pode verdadeiramente obedecer a Cristo.

Podemos perceber se alguém já tomou conhecimento da autoridade observando se suas palavras, seus argumentos e pensamentos já foram devidamente reestruturados. Quando uma pessoa depara com a autoridade de Deus, sua língua não se atreve a se agitar livremente, suas argumentações e, ainda mais profundamente, seus pensamentos já não podem mais ser livremente expressos. Naturalmente, o homem tem numerosos pensamentos, todos fortalecidos com muitas argumentações. Mas chega o dia em que a autoridade de Deus derruba todas as fortalezas da argumentação que satanás levantou e recaptura todos os pensamentos do homem, para torná-lo escravo espontâneo de Deus. Por conseguinte, já não pensa mais independentemente de Cristo: é totalmente obediente a Ele. Isso é libertação total.

Aquele que ainda não tomou conhecimento da autoridade geralmente aspira a ser conselheiro de Deus. Tal pessoa não tem, ainda, os pensamentos cativos a Deus. Aonde quer que vá, seu primeiro pensamento é como descobrir como melhorar a situação. Seus pensamentos jamais foram disciplinados, pois são muitas e incessantes suas argumentações. Devemos permitir que o Senhor faça em nós uma operação de corte, penetrando nas profundezas de nosso pensamento até que sejam todos levados cativos por Deus. Depois disso, reconheceremos a autoridade de Deus e não nos atreveremos a livremente argumentar ou aconselhar.

Agimos como se existissem duas pessoas no universo que são oniscientes: Deus e eu. Eu sou um conselheiro que sabe tudo! Tal atitude indica claramente que meus pensamentos precisam ser levados cativos, que não sei nada sobre autoridade. Se eu fosse alguém cujas fortalezas da argumentação estivessem realmente tomadas pela autoridade de Deus, não ofereceria mais conselhos nem teria interesse em fazê-lo. Meus pensamentos ficariam subordinados a Deus, e eu já não seria mais uma pessoa livre. (A liberdade natural é o solo para o ataque de satanás e deve ser renunciada.) Eu deveria estar pronto a ouvir. Os pensamentos do homem são controlados por um destes dois poderes: pela argumentação ou pela autoridade de Cristo. Na verdade, ninguém neste universo pode exercer livremente sua vontade, porque é cativo ou das argumentações ou de cristo. Por conseguinte, ou serve a Satanás ou serve a Deus.

Observando-se o seguinte, é fácil perceber se uma pessoa reconhece ou não a autoridade:
1) se ela pronuncia palavras rebeldes,
2) se argumenta diante de Deus e
3) se emite muitas opiniões.

A derrota da argumentação é simplesmente o aspecto negativo; o positivo é ter todos os pensamentos cativos para obedecer a Cristo, de modo que a opinião pessoal não mais se manifeste. Antes, tinha muitos argumentos para sustentar meus muitos pensamentos; agora não tenho mais nenhum argumento, pois fui capturado. O cativo não tem liberdade. Quem prestaria atenção a opinião de um escravo? O escravo deve aceitar os pensamentos de outra pessoa sem jamais emitir opinião própria. Portanto, nós, que fomos capturados por Cristo, estamos prontos a aceitar os pensamentos de Deus, em vez de oferecer qualquer conselho que seja nosso.

Advertências aos Teimosos
1. PAULO 
Paulo, em seu estado natural, era uma pessoa inteligente, capaz, sábia e racional. Sempre descobria um meio de resolver as coisas, era confiante e servia a Deus com todo entusiasmo. Mas, quando liderava um grupo de pessoas a caminho de Damasco para ali aprisionar os cristãos, foi levado ao chão por uma grande luz. Naquele momento, todas as suas intenções, meios e capacidade foram dissolvidos. Não retornou a Tarso nem voltou a Jerusalém. Não só abandonou sua tarefa em Damasco, como também jogou fora todos os seus motivos para a empreitada.

Muitas pessoas, quando encontram dificuldades, mudam de direção, tentando primeiro um caminho e, depois, outro. Mas, não importa o que façam, continuam agindo de acordo com suas ideias e meios. São tolas e não caem com o golpe desferido por Deus. Embora Deus, nesse assunto em particular, as deixe prostradas, não aceitam a derrota de suas argumentações e pensamentos. Assim, a estrada para Damasco pode ficar realmente bloqueada para elas, enquanto prosseguem sua viagem para Tarso ou para Jerusalém.

Não foi o que aconteceu com Paulo. Uma vez abatido, perdeu tudo. Não podia mais dizer nem pensar coisa alguma. Não sabia mais nada. “Que devo fazer, Senhor”, perguntou. Encontramos aqui alguém cujos pensamentos foram levados cativos pelo Senhor e que obedeceu do fundo de seu coração. Antes, Saulo de Tarso, fossem quais fossem as circunstâncias, sempre liderava. Agora, ao tomar conhecimento da autoridade de Deus, seus argumentos sumiram. A principal evidência de que a pessoa entrou em contato com Deus está no desaparecimento de seus argumentos e de sua esperteza. Peçamos honestamente a Deus que nos conceda a perplexidade produzida pela luz. Paulo parecia dizer: “Sou um homem que foi levado cativo por Deus e, portanto, agora sou seu prisioneiro. Chegou a hora de ouvir e obedecer, não de pensar e decidir”.

2. REI SAUL
O rei Saul foi rejeitado por Deus não porque roubasse, mas porque poupou o que havia de melhor entre os bois e ovelhas para sacrificá-los ao Senhor. Foi algo que brotou de sua mente – ideias próprias sobre como agradar a Deus. Sua rejeição ocorreu porque seus pensamentos não foram capturados por Deus. Ninguém poderá dizer que o rei Saul não foi zeloso em servir a Deus. Não mentiu, uma vez que realmente poupou o melhor entre o gado e as ovelhas. Mas tomou por si mesmo uma decisão (v. 1 Samuel 15).

A inferência é clara: todos os que servem a Deus devem, categoricamente, refrear decisões com base em pensamentos próprios; antes, devem executar a vontade de Deus. Precisam dizer, cheios de expectativa: “Que devo fazer, Senhor?”. Dizer mais que isso seria totalmente errado. A obediência é melhor que o sacrifício. Não temos absolutamente o direito de oferecer conselhos a Deus.

Quando o rei Saul viu aquelas ovelhas e o gado, desejou poupá-los da morte. Seu coração talvez se inclinasse para Deus, mas lhe faltava o espírito de obediência. Um coração que se inclina para Deus não pode substituir a atitude de “não me atrevo a dizer coisa alguma”. Uma oferta de gorduras não pode suplantar o “não dar opinião”. O rei Saul, ao se recusar a destruir todos os amalequitas, com suas ovelhas e gado, conforme Deus ordenara, foi sentenciado a ser morto por um amalequita. E foi assim que seu governo terminou. Ele foi morto por um amalequita! Todo aquele que, em seu pensamento, poupa um amalequita, será finalmente aniquilado por ele.

3. NADABE E ABIÚ
Nadabe e Abiú rebelaram-se quanto à oferta porque deixaram de se sujeitar à autoridade de seu pai. Tentaram executar ideias próprias. Pecaram contra Deus, oferecendo fogo estranho. Assim, ofenderam a administração divida. Embora não falassem nenhuma palavra nem apresentassem motivos, ainda assim, pondo em prática ideias e sentimentos próprios, queimaram incenso. Acharam esse culto alternativo uma coisa boa. Se errassem, seria apenas tentando fazer uma coisa boa- isto é, servindo a Deus. Acharam que tal pecado seria insignificante. Não sabiam que seriam totalmente rejeitados por Deus e punidos com a morte.

O Testemunho do Reino Apresentado por Meio da Obediência
Deus não considera o fervor de nossa pregação ou a disponibilidade de espírito para sofrer por Ele. Ele olha para ver até que ponto somos obedientes. O reino de Deus começa quando há absoluta obediência a Deus – nenhum pronunciamento de opinião, nenhuma apresentação de argumentos, nenhuma murmuração, nenhuma injúria. Por esse dia glorioso, Deus tem esperado desde a criação do mundo. Embora Deus tenha seu Filho primogênito, as primícias da obediência, está aguardando os muitos filhos semelhantes ao primogênito. Sempre que, neste mundo, surge uma igreja que verdadeiramente obedece à autoridade de Deus, há o testemunho do reino, e satanás é derrotado. Satanás não tem medo de nosso trabalho enquanto agimos sobre o principio da rebeldia. Apenas ri, secretamente, quando fazemos a coisas de acordo com nossos pensamentos.

A lei mosaica declara que a arca deveria ser carregada por levitas, mas filisteus enviaram a arca de volta a Israel sobre um carro puxado por bois. Davi, ao transportar a arca para sua cidade, deixou de consultar a Deus. Em vez disso, ordenou, por conta própria, que a arca fosse transportada por um carro de bois. Os bois tropeçaram e a arca começou a cair. Uzá estendeu a mão na direção da arca para segurá-la. Instantaneamente, foi morto por Deus. Mesmo que a arca não tivesse caído, não se encontrava, como deveria, sobre os ombros dos levitas, mas sobre um carro de bois. Numa ocasião anterior, quando a arca foi carregada pelos levitas através do rio Jordão, ela esta segura e protegida, apesar do transbordamento do rio. O contraste mostra-nos que Deus quer que lhe obedeçamos, não que lhe façamos sugestões. Deus deve esvaziar-nos primeiro, para que sua vontade seja executada sem interferência. O modo de servir, se acrescentamos pensamentos humanos, fica para sempre obstruído. Deus deve governar; os homens não devem dar conselhos.

Por isso os pensamentos humanos devem ficar totalmente de fora. No passado, encontramos a liberdade vivendo segundo nossa vontade; agora, encontramos a verdadeira liberdade, pois nossos pensamentos foram levados cativos por Deus. Ao perder nossa liberdade, obtemos a verdadeira liberdade no Senhor

“E estaremos prontos para punir todo ato de desobediência, uma vez estando completa a obediência de vocês” (2 Coríntios 10.6). A obediência perfeita só é possível depois que os pensamentos são recapturados. Aquele que ainda se inclina a oferecer conselhos a Deus não é totalmente obediente. O Senhor estará pronto a vingar toda desobediência quando nossa obediência estiver completa. Se nós, na qualidade de cristãos, podemos nos transformar totalmente quanto à obediência absoluta a Deus, temendo nossas ideias e opiniões, então Deus será capaz de manifestar sua autoridade sobre a terra. Como esperar que o mundo seja obediente, se a igreja não obedece? Uma igreja desobediente não pode esperar que os incrédulos obedeçam ao evangelho. Mas, com uma igreja obediente, também surgirá a obediência ao evangelho.

Todos nós devemos aprender a aceitar a disciplina, para que nossa boca seja instruída no sentido de não falar levianamente, nossa mente, a não argumentar, nosso coração, a não oferecer conselho. O caminho da glória está exatamente à nossa frente. Deus há de manifestar sua autoridade sobre a terra.

Autor: Watchman Nee
Extraído do livro Autoridade Espiritual


terça-feira, 16 de março de 2021

O Poder do Alto

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”. (At 1:8).

A maior necessidade da natureza humana é o poder. O homem é mais fraco do que qualquer outra criatura. O filhote do tigre pode cuidar de si mesmo, mas o ser humano gasta um terço de seu tempo habitual de vida até que alcance maturidade. Ele é vítima de todos os elementos que o cercam e moralmente é ainda mais fraco. Em seu coração há elementos do mal que o arrastam para baixo, e à sua volta milhares de influências que o conduzem ao erro, mas há infinito conforto na abençoada segurança das Escrituras Sagradas; “Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios”. (Rm 5:6).

O evangelho é uma mensagem de poder. “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego”. (Rm 1:16). É ministério especial do Espírito Santo dar poder do alto.


Este é o Poder de uma Pessoa

A tradução correta destas palavras é: Você receberá não somente poder, mas o poder do Espírito Santo quando Ele vier sobre você. Não é seu poder, mas poder dEle. Não é poder abstrato sob seu controle, mas uma Pessoa cuja presença em você é necessária para que você possua e retenha poder.

Ele tem o poder e você O tem. Na ciência da eletricidade foi descoberto que a melhor forma na qual o poder desta energia motora pode ser usado para mover os bondes na rua não é através de baterias, mas através de fios aéreos. A energia não é armazenada no bonde, mas no gerador e no fio, o bonde apenas a toma de cima pelo contato constante. No momento em que ele deixa seu contato o poder se vai. O poder não está dentro do bonde, mas no cabo, e o poder do Espírito Santo é o poder do alto. Não é nosso poder, mas Seu poder, recebido dEle a cada momento.

A fim de receber este poder e retê-lo há algumas condições que se fazem necessárias. Uma delas é que devemos obedecê-Lo e seguir Sua direção. Somente podemos ter Seu poder no alinhamento da Sua vontade. O bonde somente pode tirar energia do cabo à medida que segue o trilho. Ele pode ter a energia para rodar ao longo da ferrovia, mas não pode tê-la para rodar nas vizinhanças e seguir a vontade caprichosa do motorneiro. O Espírito Santo é dado àqueles que O obedecem, e obediência ao Espírito Santo é uma coisa muito maior do que muitos sonham.

Não é simplesmente guardar-se de fazer o errado na esfera de algum pequeno compromisso; mas é entender e seguir toda a vontade e propósito de Deus no uso desta concessão Divina. Não podemos tê-La para nossa própria satisfação. Não podemos tê-La para nossa própria satisfação nem mesmo no método do nosso trabalho Cristão. Somente podemos desfrutar da plenitude do Espírito desde que usemos esta plenitude para a obra para a qual Ele tem nos chamado. 

Este verso é a medida e o limite do poder do Espírito. Ele é dado para que sejamos testemunhas de Cristo, “até os confins da terra”.

Nós só podemos conhecer a plenitude do poder do Espírito quando o usamos para pregar o evangelho para o mundo todo. Somente na tropa combatente de evangelização do mundo e no cumprimento de nossa grande responsabilidade a igreja de Deus pode compreender o mais alto significado da promessa do Pentecostes.


Ele é o Poder do Caráter Santo

Ele não é primeiramente o poder para o serviço, mas é o poder para receber a vida de Cristo; poder para ser, mais do que para dizer ou fazer. Nosso serviço e testemunho serão resultados de nossa vida e experiência. Nosso trabalho e palavras devem emergir do mais íntimo do nosso ser ou terá pouco poder ou eficácia. Devemos ser verdadeiros em nós mesmos, se quisermos ensinar a verdade.

A mudança produzida pelo batismo do Espírito Santo sobre os primeiros discípulos foi mais marcante em suas vidas do que em seu serviço e testemunho. Pedro, o discípulo hesitante, sempre correndo à frente de Seu Mestre, se jactando em sua autoconfiança do que deveria ou não fazer, e por isto fugiu da ameaça de uma criada, foi transformado num herói destemido que se pôs diante dos assassinos do Seu Senhor e os acusou de seu crime. Então, com espírito modesto e coração humilde, seguiu em frente para andar nos passos de Seu Mestre e finalmente morrer sobre a cruz do Seu Mestre. Este é o maior milagre em sua vida pessoal, mais do que o extraordinário poder de seu testemunho público.

O espírito de amor desinteressado que conduziu à total consagração de todos os seus recursos para o serviço de Cristo e à ajuda de uns aos outros, foi o exemplo que não poderia falhar em impressionar o mundo cético e egoísta. A enorme graça que estava sobre todos eles era mais maravilhosa do que o grande poder com o qual testificavam da morte e ressurreição de Jesus Cristo. A heroica fortaleza com a qual suportaram os sofrimentos incomparáveis, “regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus” (At 5:41), era uma exibição de poder que nenhum homem podia negar; eles carregavam um peso de convicção que nada podia contradizer.

Este é o poder que a igreja necessita hoje para convencer um mundo descrente, o poder que não fará de nós apóstolos inspirados, mas “cartas vivas, conhecidas e lidas por todos” (II Co 3:2). Nada é tão forte quanto a influência de um caráter consistente, sobrenatural e santo.


Ele é o Poder da Verdade
O Espírito Santo trabalha através das Escrituras Sagradas, assim o batismo do Pentecostes foi claramente identificado com o poder da Palavra. A primeira coisa que Pedro fez depois que o Espírito Santo veio foi citar as Escrituras e explicar a manifestação da própria Palavra inspirada de Deus. Foi um sermão escritural usado nas extraordinárias conversões daquele dia.

Se você observar cuidadosamente as diversas mensagens dos apóstolos, descobrirá que em todos os casos eles fizeram grande uso da Bíblia, e algumas das suas mensagens são simplesmente afirmações da Escritura e citações do Velho Testamento. O Espírito Santo concedeu as Sagradas Escrituras e nunca desonrará Sua própria mensagem. Quanto mais sabemos sobre Ele mais honraremos Sua Palavra. A Bíblia precisa ser sempre o fundamento do poder espiritual e o instrumento do serviço espiritual; mas isso sempre no poder do Espírito. “A letra mata, mas o Espírito vivifica” (Jo 6:63).

Este é o poder do Espírito Santo, falando a verdade em amor, a Bíblia inflamada com fogo santo, a Palavra de Deus dissolvida em unção e amor, até que possa ser cumprida em cada elemento essencial do nosso ser e se torne o nutriente de nossa vida.


Ele é o Poder do Amor
O batismo do Pentecostes foi um batismo do amor. Ele trouxe um amor por Deus que aniquilou o poder do ego. “Ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns” (At 4:32). Seus tesouros mais valorosos eram rendidos a Deus. Suas propriedades e seus lares eram empregados no serviço da igreja de Cristo. Amavam uns aos outros e estavam tão absolutamente ligados que formavam uma corporação. Não havia divisão ou lugar possível para paralisia ou mutilação de todo o corpo de Cristo. Hoje a igreja de Cristo está quebrada em pedaços. Aqui e ali encontramos um membro eficiente, mas a totalidade do corpo está mutilada e dividida, de tal forma que não é possível para o Espírito fluir com indivisível e desimpedida plenitude através do todo. Consequentemente nós não temos os dons do Espírito na mesma medida como no dia do Pentecostes. O corpo está carregando com ele enfermidade e membros dilacerados, tomando o poder daqueles que estão sadios para conduzir os que estão quebrados.

O que nós precisamos hoje é do batismo com o Espírito Santo, e então a união virá devido à unidade, e não precisaremos de nossos púlpitos e nossas convocações para reunir o corpo, mas osso a osso, membro a membro e coração a coração estará na “unidade do Espírito”, e a Igreja de Jesus Cristo será “formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército com bandeiras”. (Ct 6:10).

O batismo do Espírito Santo sempre trará um espírito de amor. Ele encherá o coração com devoção e dedicação a Deus, com terna consideração uns pelos outros, com amor e respeito pelo nosso irmão, com desejo intenso pela salvação das almas e com brandura e pureza para com todos os homens. 

Autor: A.B.Simpson
Do livro 'O Espírito Santo ou Poder do Alto'.


quarta-feira, 3 de março de 2021

O Espírito da Verdade

“Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade”, disse o Senhor aos Seus discípulos. O nome deste “Outro” que viria a eles o Senhor dá primeiro como “O Consolador” – uma Pessoa tão verdadeira como Ele realmente era. Um outro que “fique convosco”, um “Paracleto”, significando muito mais do que a palavra “Consolador” transmite. Alguém chamado para defender, apoiar, aconselhar, socorrer e confortar. Em tudo isso nos regozijamos, pois não necessitamos de um Conselheiro neste mundo de sofrimentos, Alguém que nos defenda, apoie, aconselhe e socorra?

Temos a tendência de esquecer que com o nome “Consolador” foi dado um acréscimo pelo Senhor, que define e limita seu significado. Ele disse, “Ele vos enviará outro Consolador... o Espírito da Verdade”. (Jo 14:16-17); “Quando vier o Consolador... o Espírito da Verdade”. (Jo 15:26). “Mas quando vier aquele Espírito da Verdade” (Jo 16:13).

O nome Consolador, portanto, descreve Sua obra, mas o nome Espírito da Verdade descreve Seu caráter essencial; tudo o que Ele faz nos homens e pelos homens como Consolador faz de acordo com Seu caráter como Espírito da Verdade. Se é invocado por algum crente para defender, suportar, aconselhar, socorrer e confortar, Ele só atua em todas estas formas como o Espírito da Verdade, defendendo, suportando, aconselhando, socorrendo e confortando em concordância com a verdade e somente com a verdade. O caráter essencial do Espírito de Deus, como o Espírito da Verdade, precisa ser enfatizado no tempo presente quando estamos dispostos a pensar nEle somente como o Espírito de Poder ou de Amor, na Sua obra na vida do crente.

Qual é a suprema evidência de que um homem é cheio do Espírito? Alguns dizem poder, enquanto outros dizem amor; mas se considerarmos cuidadosamente à luz da Palavra de Deus, veremos que a verdade vem antes do poder, e até mesmo antes do amor, e que para que o poder e o amor sejam verdadeiramente de Deus no crente, é necessário ter a verdade como fundamento. As marcas da natureza Divina que fazem distinção de todas as outras imitações são primeiro a verdade, então o amor. Isto com certeza é a verdade do Espírito de Deus, pois Ele é poder, e Ele é Amor, mas Ele antes de tudo é o Espírito da Verdade procedente do Pai, através Filho, no mundo.

Nas últimas palavras do Senhor aos discípulos antes da crucificação, Ele definiu muito claramente a obra do Espírito da Verdade, quando viesse habitar entre os homens. Isto pode ser brevemente sumarizado como segue:

Como o Espírito da Verdade Ele faz os discípulos saberem a verdade sobre:
a) A união de Cristo com o Pai – “Estou em meu Pai”;
b) A união do crente com Cristo – “Vós em mim”;
c) A habitação de Cristo no crente – “Eu em vós” (Jo 14:20).

Isto sendo estabelecido por Sua habitação, o Espírito da Verdade então ensina aos crentes a verdade como personificada nas palavras de Cristo (Jo 14:26);
Dar testemunho de Cristo (Jo 15:26), e
Guiar o crente em toda a verdade (Jo 14:26).

Não somente as verdades sobre Deus, mas as verdades concernentes a todas as coisas como são do ponto de vista de Deus; a condição do homem; a excessiva pecaminosidade do pecado; a verdade concernente ao arqui-inimigo do Filho de Deus – em resumo, a verdade sobre nós e em nós como vista pelo Deus da Verdade. O homem na sua condição de perdido é permeado com o espírito do engano – o espírito de Satanás –que outrora conheceu a verdade, mas não se firmou nela (Jo 8:44).

Geralmente pensamos na mentira como o ato de falar o que não é verdade, não temos pleno entendimento de que a natureza de Satanás é a corporificação do engano, assim como Cristo – não somente em atos e em palavras, mas em natureza – era e é da verdade. O Senhor tornou isto claro em Suas palavras aos Fariseus quando disse de Satanás: “Não há verdade nele”; portanto, “quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira”. O mundo todo está sob o controle do maligno e respira nele, por assim dizer, o genuíno ar do engano na mentalidade concernente a todas as coisas ao seu redor, e particularmente concernentes a eles mesmos. “O que é a verdade?” disse Pilatos, e “O que é a verdade?” os homens continuam a bradar, enquanto continuam cegados pela vida caída de Adão, cheia do veneno do inimigo de Deus que cega as mentes dos que não creem na verdade de Deus. Por esta razão o mundo está cheio de homens crendo no engano sobre Deus, sobre eles mesmos, e sobre Satanás – crendo até que o engano seja a verdade pela sutil cegueira do inimigo.

O Espírito de Deus veio a um mundo poluído pela mentira como o Espírito da Verdade, para revelar a verdade e produzir testemunho para a verdade, que em seu mais amplo significado pode ser descrita como a visão das coisas como Deus as vê – pois só isso é verdade.

A Verdade Liberta
Muitos homens, mesmo os religiosos, podem ignorar a verdade; é o que vemos através de uma das conversas do Senhor com os Fariseus. Aquele que é a Verdade disse “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Que o véu do engano os envolvia, apesar de seu conhecimento das Escrituras, era evidente em sua rápida resposta, “nunca fomos escravos de ninguém!” “Aquele que comete pecado é escravo do pecado”, replicou o Senhor, que conhecia a verdade sobre o pecado e a real condição deles. Estes homens religiosos viviam e agiam dia a dia crendo numa mentira. Eles pensavam que eram justos e que nunca estiveram em escravidão, mesmo sendo escravos do pecado o tempo todo. Eles precisavam conhecer a verdade e nada mais do que a verdade poderia os tornar livres. Algo vital para todos nós é que deveríamos conhecer a verdade por revelação do Espírito da Verdade. Apenas Ele pode nos guiar em toda a verdade, e isto Ele somente pode fazer ao reconhecermos nossa necessidade da verdade, ao admitirmos que a vida caída de Adão é tão envenenada pelo espírito da mentira que não há verdade nela, e que a verdade, como Deus é a verdade, somente pode vir a nós por meio e diretamente do Espírito da Verdade.

A suprema evidência de que o Espírito de Deus possui e enche um crente é a presença nele do Espírito Santo como o Espírito da Verdade, que o faz amar a verdade, desejar a verdade, buscar a verdade, obedecer à verdade; testemunhar da verdade e sofrer pela verdade, porque ele não pode agir contrário à verdade que o iluminou e tomou posse de seu ser mais interior.

“Quando o Espírito da Verdade vier” disse o Senhor, “Ele os guiará em toda a verdade”. Que Ele habita no meio dos crentes cheios do Espírito como o Espírito da Verdade se percebe pelo fato de que o primeiro registro de agravo ao Espírito não foi por um pecado contra Ele como Espírito de amor, mas como Espírito da Verdade. Andar em Verdade mostrou ser a suprema condição para não extinguir a presença do Espírito de Deus dentre os crentes pelo severo julgamento do Espírito da Verdade, como aconteceu através de Pedro, no caso de Ananias e Safira. Pedro não sacrificou a verdade por amor em uma vã expectação de obter um acordo da comunidade, mas o amor foi conservado pelo severo tratamento da verdade. O pecado não poderia ser coberto ou minimizado. Ananias reteve parte do preço de sua terra mas o apresentou como se fosse o total. Não parece que falou uma mentira. Ele tentou parecer o que ele não era. Foi sua esposa que falou a nua mentira, mas o Espírito da Verdade, possuindo Pedro, revelou a verdade com poder incisivo, e com palavras sucintas e claras, descrevendo a ação como ela era no ponto de vista do Deus da Verdade. Exatamente como Cristo certa vez disse claramente a Pedro, “Arreda, Satanás”, porque viu a fonte de suas palavras, assim Pedro expôs ali Satanás como o pai da mentira dizendo a Ananias, “Por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo?”

Este registro sobre Ananias mostra que o Espírito da Verdade é a primeira prova da pureza e poder do Espírito quando possui um homem. Este é o poder do Pentecostes que a Igreja de Deus precisa. Esta clara visão da verdade em si mesma, da condição dos homens, da obra de Satanás e da santidade de Deus. O poder afiado como faca no tratamento com tudo aquilo que é contrário à verdade é a marca suprema de que o Espírito da Verdade possui e controla os crentes em Seu mais amplo poder.

O Espírito da Verdade foi o co-testemunho da verdade sobre a morte e ressurreição do Senhor Jesus, e que capacitou os apóstolos a corajosamente proclamar a verdade ao povo de Jerusalém, sabendo que Deus levantaria testemunhas para Seu Filho. Foi o Espírito da Verdade que então os usou para impor sobre a nação a verdade de que haviam matado o Cristo de Deus.

“O Reino de Deus não constitui em palavras, mas em poder”, escreveu o apóstolo Paulo aos Coríntios. Não em falar, mas em efetuar! “E Ele”, o Espírito da Verdade, “quando vier, convencerá”. Esta é a necessidade da Igreja neste tempo, convicção do pecado, da justiça e do juízo, para ver a verdade sobre o pecado como Deus a vê, e ter assim o Espírito da Verdade habitando em cada crente para que, hora após hora, seja guiado em toda verdade concernente às coisas ao seu redor e dentro de si como elas são na visão de Deus; afim de ser uma testemunha fiel da verdade em todos os tempos e em todos os lugares.

Está muito claro que a natureza Divina é primeiro Verdade e então Amor, e que a característica da natureza Divina comunicada a um crente pela vinda, habitação e enchimento do Espírito Santo traz as mesmas marcas. A alma, cheia como estava a de Pedro no Pentecostes, será cheia do Espírito da Verdade. O crente possuído pelo Espírito Santo da mesma forma com que Paulo foi terá o mesmo discernimento aguçado sobre o que é a verdade e a mesma abnegada fidelidade em obediência ao Espírito da Verdade, “falando a verdade em amor” (Ef 4:15) e será também compelido pelo Espírito nele para reconhecer o mesmo Espírito da Verdade em outros.

Verdade Reconhecível Pela Verdade
Verdade é verdade em todo lugar e traz convicção da verdade a todo aquele que conhece o Espírito da Verdade. É este fato que o apóstolo João descreve em palavras que parecem muito fortes e também sensatas à luz do Espírito da Verdade interior. “Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. Assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro”. (I Jo 4:6). Então há algo mais profundo para testar o que é verdade e o que é erro, até mesmo a prova dos espíritos pelo teste de I João 4:2, de acordo com estas palavras do Apóstolo João. Cristo não pode ser dividido! Nem pode o Espírito da Verdade em um crente ser contrário ao Espírito da Verdade em outro crente ao mesmo tempo. Foi assim que o Senhor Mesmo declarou quando disse, “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”.

A verdade é verdade, e a verdade vencerá todas as coisas opostas a ela. Ela exigirá o reconhecimento pelo co-testemunho do Espírito da Verdade. “Pela manifestação da verdade, nós nos recomendamos à consciência de todos os homens diante de Deus” (II Co 4:2), escreveu o apóstolo. A consciência humana reconhece a verdade. Ela não precisa de argumentos, nem defesa, ou apoio. Ela requer apenas testemunho, Deus fará o resto! Deixemos que o Espírito da Verdade nos guie em toda a verdade, pela revelação da verdade, por nosso desejo pela verdade, pela nossa obediência à verdade, pelo nosso andar em verdade e pelo nosso falar a verdade, até que o Espírito da Verdade então sopre através de nós que Ele pode convencer e revelar a verdade a outros que buscam a luz da verdade.

Autora: Jessie Penn-Lewis
Extraído da Revista O Vencedor

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