Palavras de Vida Eterna


segunda-feira, 4 de abril de 2022

Satanás e seus Ardis

Não se enganem, Satanás é um ser real. Ele também é um inimigo explícito de Deus, de Seus propósitos, de Suas atividades e de Seu povo. O nome Satanás significa “adversário”, e diabo significa “acusador”. Em Mateus 12:24 ele é chamado de “maioral dos demônios”.

Em Apocalipse 12:9-10 nosso adversário é rotulado de “o grande dragão”, “a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo”. Também é designado ali como “o acusador de nossos irmãos”, incriminando-os diante de Deus dia e noite. O nome “grande dragão” fala de seu poder político como o soberano do mundo e “príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:2). “Antiga serpente” fala de sua poder espiritual como o sedutor de todo o mundo e o “deus deste século”, que “cegou o entendimento dos incrédulos” (2 Coríntios 4:4).

Satanás é a mesma antiga serpente que veio ao jardim do Éden e enganou a mulher, levando Eva e Adão à desobediência e consequentemente ao pecado contra Deus. Eva teve de dizer mais tarde: “A serpente me enganou” (Gênesis 3:13).

SUA ORIGEM E QUEDA
Em Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:12-19 temos um marcante relato do lugar original que Satanás ocupou como “estrela da manhã, filho da alva”. Sua queda desta exaltada posição original -- sendo ele talvez o maior ser angelical criado por Deus -- é narrada nestas Escrituras.

Orgulho, obstinação, iniquidade, rebelião e violência são os motivos dados de sua queda.

Sob a figura do “rei de Tiro”, Ezequiel declara que este grande ser criado era “o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura”. Ele permanecia no monte santo de Deus e se cobria de todas as pedras preciosas. Deus o havia colocado ali como o “querubim da guarda ungido”, e andava no meio das pedras afogueadas. Talvez fosse o guardião da santidade de Deus, provavelmente sobre o planeta Terra no seu estado original[1].

O relato inspirado diz: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti” (Ezequiel 28:12-15).

O profeta Isaías diz no capítulo 14: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!”. O título “estrela da manhã” pode ser traduzido como Lúcifer, e deriva de uma palavra hebraica que significa “brilhante ou aquele que resplandece”. O título “filho da alva” é uma expressão poética para “estrela da manhã”. Lúcifer, a brilhante estrela da manhã, é o primeiro nome dado a este grande ser angelical ao sair das mãos criadoras de Deus. Grande como era, ele não passava de uma criatura de Deus, responsável por obedecer a seu Criador.

Em Isaías 14:13-14 vemos cinco expressões imperativas que caracterizam a expressa rebeldia e obstinação de Satanás: “Subirei”, “exaltarei”, “assentarei”, “subirei” e “serei”. Nesta última ele diz: “serei semelhante ao Altíssimo”. Lúcifer não estava satisfeito com a posição de exaltação que recebera na criação de Deus. Ezequiel diz: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor” (Ezequiel 28:17). Ele intentou exaltar a si mesmo e a seu trono e buscou ser semelhante ao próprio Deus. Particularmente, ele talvez invejasse o lugar do Filho de Deus e desejasse ser tão exaltado como Ele. Sua ambição e propósitos eram ser adorado como Deus, e disso ele nunca desistiu. Essas cinco questões imperativas que Satanás proferiu em Isaías 14:13-14, manifestam a pungente essência do pecado: é a vontade da criatura oposta à vontade e determinação do Criador. Foi assim, por causa da obstinação de Lúcifer, que o pecado entrou no universo, antes mesmo da criação do homem.

Ademais, vemos em Ezequiel 28:16-18 que Lúcifer estava envolvido numa multidão de comércio. Ele encheu o céu de violência e pecou. Ali se lê: céu de violência e pecou. A Bíblia diz: “Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários”. Acreditamos que isto indica algum comércio profano de Lúcifer, algum tráfico, pelo qual outras criaturas angelicais foram seduzidas de sua fidelidade ao Criador, dedicando lealdade e devoção a Lúcifer.

Assim Lúcifer instigou violência e rebelião entre as hostes celestes antes da criação do homem, e aqueles que o acompanharam se tornaram seus anjos ou demônios. A sentença divina de expulsão de sua exaltada posição como o “querubim da guarda ungido” foi pronunciada, embora ainda não completamente executada. Isso acontecerá no futuro, segundo Apocalipse 12:7-17. Como deposto de seu lugar celestial no governo de Deus, ele passou a chamar-se Satanás, o adversário, e no Novo Testamento ele é chamado de diabo (Jó 1:6-12; Mateus 4:1-11).

SATANÁS E JÓ
O livro de Jó (1:8-19; 2:1-8) nos dá uma antiga ilustração do ódio e malignidade de Satanás contra o povo de Deus. Deus disse acerca de Jó que ele era Seu servo e não havia ninguém na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal (1:8). Então lemos que Satanás respondeu ao Senhor e insinuou que Jó verdadeiramente não temia a Deus, e caso Ele (Deus) estendesse Sua mão e tocasse em tudo o que possuía, Jó blasfemaria contra Deus. Aqui Satanás revelou seu caráter acusador e maligno.

Quando Deus autoriza Satanás a tocar em tudo o que Jó possuía -- menos em sua vida --, Satanás sai da presença de Deus e terríveis coisas começaram a acontecer aos filhos e às posses de Jó. Foi Satanás quem incitou os sabeus e os caldeus a roubar os animais de carga de Jó e a matar os seus servos. Foi ele quem fez cair fogo do céu e queimar as suas ovelhas e os seus servos, como também levantar um grande vento e derrubar a casa sobre os sete filhos e as três filhas de Jó, matando a todos. Tudo isso deixa claro o grande poder de Satanás e sua terrível hostilidade contra os servos de Deus. Mas também revela que Satanás só pode ir até onde Deus permite.

Jó conservou sua integridade e não amaldiçoou nem acusou a Deus, mas, em vez disso, lançou-se em terra e O adorou após todas estas calamidades. Então Deus novamente aponta Jó a Satanás como aquele que permaneceu inabalável e fiel a Ele.

Satanás respondeu com nova acusação e investida contra Jó, afirmando que, se os ossos e a carne de Jó fossem tocados, ele blasfemaria contra Deus. Deus disse a Satanás que Jó estava em seu poder para fazer o que quisesse, com a restrição de poupar-lhe a vida. Está escrito que Satanás saiu “da presença do Senhor e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça” (Jó 2:7).

O Senhor permitiu que Satanás tentasse severamente e causasse intenso sofrimento e angústia em Jó, e isto, no final das contas, serviu para o seu bem. O patriarca nunca amaldiçoou a Deus, e Satanás foi derrotado. No final Jó teve um maior conhecimento de Deus e de sua própria pecaminosidade, “e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra” (Jó 42:10). “Assim, abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro.” Também lhe foram dados outros sete filhos e três filhas, e “em toda aquela terra não se acharam mulheres tão formosas” (Jó 42:12 e 15).


AS PARÁBOLAS DE MATEUS 13
No Novo Testamento temos a atividade de Satanás salientadas em algumas das parábolas que o Senhor dá no tocante ao reino dos céus em Mateus 13.

Na primeira parábola, a do semeador, o Senhor disse que parte das sementes “caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram” (v. 4). Explicando a parábola, o Salvador disse que “a semente é a palavra de Deus. A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos” (Lucas 8:11-12, também Mateus 13:19).

Vemos aqui a atividade de Satanás impedindo a Palavra de Deus de ser semeada no terreno apropriado, no coração dos homens, evitando que eles creiam no evangelho e sejam salvos. É fácil entender que a beira do caminho é um solo endurecido pelo tráfego do mundo, e que ali a semente da Palavra de Deus só fica na superfície. O diabo então pode facilmente arrebatar a semente ao ocupar-nos com outras coisas, fazendo com que a Palavra de Deus seja esquecida.

Na segunda parábola, a boa semente é lançada no campo e, “enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se” (v. 25). O joio é uma nociva erva daninha que parece com o trigo. Na explicação desta parábola, o Senhor disse: “O que semeia a boa semente é o Filho do homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que semeou é o diabo” (vv. 37-39). O Senhor apresenta nesta parábola a atividade de Satanás como um inimigo em malévola oposição à semeadura da boa semente da pura Palavra de Deus.

Satanás tem estado ocupado na semeadura de seus falsos e enganosos ensinos, que são representados pelo joio. A figura do joio está para a imitação, o engano e a corrupção. O diabo lança sementes de engano e imitação que envenenam e corrompem a mente e o coração da humanidade. Ele tem um evangelho imitado, moderno; um Cristo imitado, falso; uma igreja imitada, falsa. Dessa forma busca destruir o verdadeiro cristianismo, que é uma obra de Deus, introduzindo no lugar uma brilhante imitação da coisa real. Aqueles que aceitam os malignos ensinamentos de Satanás tornam-se espiritualmente ligados a ele, vindo a ser “filhos do maligno”, como disse o Senhor. O caráter destes é moldado segundo suas inspirações e influenciado segundo os sutis ensinamentos dele.

UM ANJO DE LUZ
Nos dias do apóstolo Paulo, ele encontrou aqueles que praticavam as obras de engano de Satanás. Eles semearam seu venenoso joio e demonstraram que eram filhos do maligno. Observem como Paulo os descreve aos coríntios: “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras” (2 Coríntios 11:13-15).

Quando condiz com seus propósitos, ele vem como anjo de luz e ministro de justiça. Ele tem ministros que citam as Escrituras como ele próprio fez quando tentou ao Senhor Jesus no deserto. Só que eles torcem e distorcem as Escrituras, como afirmou o apóstolo Pedro em sua segunda epístola (2 Pedro 3:17). O apóstolo Paulo também escreveu aos crentes da Galácia acerca daqueles que perturbaram e perverteram (distorceram) o evangelho de Cristo (Gálatas 1:7). O diabo é o grande enganador que age por intermédio de seus servos, os quais têm sido enganados por ele e buscam enganar e seduzir outros.

Paulo escreveu a Timóteo que “nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1 Timóteo 4:1-2).

Mediante espíritos de engano e mentira há ensinos demoníacos sendo atrevidamente proclamados em muitos lugares na atualidade sob a bandeira do cristianismo. O apóstolo João nos exorta a provar “os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 João 4:1). Temos de provar tudo à luz da íntegra Palavra de Deus e não apenas tomar textos isolados e dar a eles a nossa própria interpretação. O profeta Isaías há muito declarou: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Isaías 8:20).

UM LEÃO QUE RUGE
Satanás é também mencionado na Bíblia num caráter completamente diferente. O apóstolo Pedro escreveu aos cristãos de seus dias que eles deveriam ser “sóbrios e vigilantes”. Porque o “diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (1 Pedro 5:8-9).

A figura de um leão que ruge apresenta Satanás como o perseguidor do povo de Deus. Os cristãos primitivos sofreram muito com o ódio e os intentos de Satanás de pôr fim ao testemunho cristão mediante tratamentos desumanos e morte. A palavra à assembleia em Esmirna foi: “Não temas as cousas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).

O nosso grande adversário continuou a sua implacável oposição à igreja de Deus através dos séculos até os dias atuais. Os homens cruéis que infligem perseguição e sofrimento aos servos de Deus nada mais são que ferramentas nas mãos do diabo.

UM INIMIGO DERROTADO
Para o cristão, Satanás é um inimigo derrotado! Jesus Cristo tomou parte na carne e no sangue “para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hebreus 2:14-15).

Como Senhor ressuscitado, Jesus declarou: “Não temas; eu sou... aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse 1:17-18). Como Aquele que conquistou a vitória sobre Satanás, a morte e a sepultura, irá um dia prender e selar o diabo no abismo, onde ele ficará até se completarem mil anos.

Finalmente, o Senhor lançará Satanás para dentro do lago de fogo e enxofre, onde este será atormentado pelos séculos dos séculos (Apocalipse 20:1-3, 10). Por isso o apóstolo Tiago nos diz: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7).

O PAI DA MENTIRA
Embora Satanás tenha sido derrotado por Jesus Cristo, ele continua um inimigo implacável em sua guerra contra Deus e Seu povo. Assim, é importante que tomemos ciência das táticas e caminhos de nosso grande adversário. O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: “Que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios” (2 Coríntios 2:11).

Ele também exorta os crentes de Éfeso a não ser “mais... agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4:14). Tais coisas, sem dúvida alguma, são inspiradas por Satanás, o pai da mentira.

O Senhor Jesus disse aos fariseus que O odiavam: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes” (João 8:44-45).

A PENEIRA DE SATANÁS
Um exemplo da obra de Satanás contra os crentes em Jesus é dado pelo próprio Senhor em Suas palavras a Pedro em Lucas 22:31-32: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos”.

Satanás requereu a pessoa de Pedro, o líder dentre os apóstolos, para peneirá-la como trigo. Talvez ele tenha observado alguma autoconfiança em Pedro e então o pleiteou para testá-lo e sacudi-lo fortemente em seu peneirar, da mesma forma que fez com Jó séculos antes. É provável que ele tenha pensado poder levar Pedro à desgraça e ruína como apóstolo e testemunha de Cristo. Mas, de qualquer modo, essa reivindicação que Satanás faz no tocante a Pedro manifesta sua inimizade e propósitos de fazer o mal ao seguidor de Cristo.

Contudo, é muito bom observar que o Senhor, a quem Pedro amava e seguia, conhecia todos os intentos de Satanás e permitiu que Pedro caísse na peneira do inimigo. Mas primeiro Ele avisou a Pedro acerca disso e assegurou que já havia orado por ele, a fim de que a sua fé não desfalecesse.

O Senhor em Seu amor viu que era necessário Pedro ser peneirado a fim de trazer à luz todo o joio da autoconfiança que havia nele, pois o que fica na peneira é somente o joio imprestável. O verdadeiro trigo passa pela peneira, e Satanás somente fica com o joio. Tanto Pedro como o Senhor Jesus ganharam através da experiência que o diabo infligiu. Pedro falhou terrivelmente ao negar o Senhor três vezes, mas chorou amargamente de arrependimento depois de o galo cantar e o Senhor fixar os olhos nele. Ele foi levado a perceber o quanto ele mesmo era fraco.

A oração do Senhor por ele sustentou a sua fé. Por meio dela ele foi restabelecido e restaurado para o Senhor. Agora ele estava mais capacitado para uma tarefa que viria depois: confirmar e fortalecer seus irmãos -- o que ele fez na força do Senhor. Satanás só pode tocar num filho de Deus se o Senhor lhe permitir, e nunca sem a intercessão do Senhor por nós.

JUDAS E SATANÁS
Uma ilustração bem diferente de como Satanás logra vitória em sua obra como adversário de Cristo é visto em Judas Iscariotes. Ele foi escolhido como um dos doze apóstolos por Cristo, que conhecia tudo acerca de seu verdadeiro caráter. Certa vez o Senhor disse aos doze: “Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo. Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze” (João 6:70-71).

Veremos mais tarde que Satanás entra em Judas e o usa como instrumento seu na ocasião em que Cristo foi traído para a multidão que O prendeu e O conduziu ao sumo sacerdote e aos anciãos. Mas antes que isso acontecesse, Judas era um ladrão e roubava da bolsa de dinheiro do grupo apostólico, como João 12:6 nos diz. Ele era avarento e amava o dinheiro. É por isso que o vemos indo ter com os principais sacerdotes e dizendo a eles: “Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata. E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o entregar” (Mateus 26:14-16).

A próxima coisa que lemos acerca de Judas é logo após o final da ceia da páscoa, que diz: “tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus” (João 13:2). Embora Judas tenha acompanhado o Senhor em Seu tremendo ministério de três anos e meio, ouvido todas as Suas maravilhosas palavras e testemunhado Seus graciosos atos de misericórdia e milagres, seu coração permaneceu endurecido diante de tudo isso. Ele continuou com sua gatunagem e avareza, que abriram seu coração para levar a cabo os malignos desígnios de Satanás.

Na última ceia, o Senhor molhou um pedaço de pão e o deu a Judas. Era costume do anfitrião honrar um convidado, e isto indicava uma manifestação de amor. Lemos que “após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás... Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite” (João 13:15-30). Judas deu as costas a este último apelo de amor do Senhor, e então Satanás o possuiu para fazer sua obra de traição, entregando Jesus a Seus inimigos com um beijo de falsidade.

Quando Judas viu que Jesus fora condenado, “tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mateus 27:3-5).

Esse foi o trágico fim de alguém que estava tão próximo do Salvador, sem, contudo, jamais entregar seu coração e alma a Cristo. Em vez disso, ele deu ouvidos a Satanás e foi possuído por ele para trair e entregar o amado Mestre aos que eram servos do diabo e queriam a morte de Jesus.

Embora Judas tivesse sentido remorso pelo que fez – um profundo e torturante senso de culpa –, ele não se arrependeu verdadeiramente ou mesmo se voltou ao Senhor contra quem ele tinha pecado. Em vez de se arrepender diante de Deus, ele saiu e cometeu suicídio. Pedro mais tarde disse: “Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar” (Atos 1:25). Ele não foi para o paraíso como aconteceu ao arrependido e moribundo ladrão na cruz. Quão triste é a história de Judas, que vendeu sua alma a Satanás por dinheiro. Verdadeiramente “melhor lhe fora não haver nascido!” (Mateus 26:24), como disse o Senhor Jesus.

Que lição admoestadora é Judas para qualquer pessoa religiosa! Ele recebeu o grande privilégio de ter convivido tão proximamente ao Senhor, mas nunca teve uma relação vital de fé em Cristo, o seu coração nunca se rendeu a Ele. Que contraste entre Judas e o apóstolo Pedro, que falhou mas amava o Senhor, e arrependido de fato foi restaurado e grandemente usado em Seu serviço.

AS TENTAÇÕES DE SATANÁS
Estudando como Satanás aproximou-se de Eva no jardim do Éden e seduziu-a para transgredir contra um único mandamento de Deus, descobrimos que ele fez uso de três atrativos. Nas tentações que Satanás apresenta ao Senhor Jesus Cristo no deserto, vemo-lo recorrer aos mesmos três atrativos.

O apóstolo João fala em 1 João 2:16 desses três portões pelos quais Satanás busca entrar com seus ataques e tentações. Trata-se de uma síntese do que há neste mundo, o sistema do qual Satanás é o deus, e que em outro lugar é chamado de “mundo perverso”. Cristo morreu para nos desarraigar deste lugar (Gálatas 1:4). Vejamos quais são as suas três esferas de atrativos:

A concupiscência da carne. O homem possui uma natureza que é caracterizada pela sua carnalidade: apetite, desejos, anseios e paixões. Satanás apela a estes desejos da carne. No caso de Eva, ela viu que o fruto proibido era bom para ser comido.

Quando Satanás tentou o Senhor Jesus, sua primeira oferta foi que Ele transformasse pedras em pão para satisfazer Sua fome.

A concupiscência dos olhos. A segunda esfera que caracteriza a natureza do homem está indicada na expressão “a concupiscência dos olhos”. Satanás recorre ao sentido da visão e desperta os desejos através dos olhos. O que vemos, nós desejamos e cobiçamos, e então nos esforçamos por conseguir isso para nós. O homem é basicamente ambicioso e egoísta por natureza, e Satanás busca levá-lo à tentações através da concupiscência dos olhos. No caso de Eva, ela viu que a árvore proibida e seu fruto eram agradáveis aos olhos.

A segunda tentação que o diabo apresentou ao Senhor segundo o evangelho de Lucas, que apresenta os fatos em sua ordem moral, apela aos olhos. Satanás elevou a Jesus a um alto monte e Lhe mostrou todos os reinos do mundo e ofereceu o poder e a glória deles caso Ele o adorasse.

A soberba da vida. O terceiro portão através do qual Satanás busca entrar na vida de um indivíduo está no domínio designado como “a soberba da vida”. A soberba caracteriza a natureza humana. O homem é basicamente orgulhoso e existem pecados que apelam ao orgulho. A natureza caída gosta e se esforça por aquilo que promove, eleva e agrada o indivíduo. No jardim do Éden, Eva viu que a árvore do conhecimento do bem e do mal, da qual eles eram proibidos de comer, era “desejável para dar entendimento”. Os apelos de Satanás visaram despertar todos estes três distintos desejos (ou concupiscências), e então Eva tomou do fruto proibido e o comeu, transgredindo o único mandamento de Deus para eles (Gênesis 3:6).

No caso do Senhor, a terceira tentação era para que Ele Se atirasse do pináculo do templo para mostrar que era o Messias e que nenhum mal Lhe aconteceria (Lucas 4:2-12). Isto iria apelar à soberba da vida, mas no Senhor não habitava nenhum orgulho ou pecado que O fizesse cair nas tentações do diabo. Ele refutou todos os seus apelos citando a Palavra de Deus e agindo em obediência à Sua vontade. Jesus venceu Satanás e todas as suas tentações sujeitando-Se à sagrada Escritura em dependência ao poder do Espírito Santo. Então Satanás apartou-se do Senhor derrotado.

Vitória sobre a tentação. Podemos obter vitória sobre Satanás e suas tentações da mesma maneira que o Senhor fez: usando a Palavra de Deus e agindo em sujeição a ela. Aos jovens na família de Deus o apóstolo João escreveu: “Eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno” (1 João 2:14).

Habitando em nossa alma como um princípio controlador, a Palavra de Deus nos fará fortes e capazes de vencer as tentações de nosso cruel adversário. O salmista Davi pôde dizer: “Pela palavra dos teus lábios, eu me tenho guardado dos caminhos do violento” e “guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Salmos 17:4 e 119:11). O Senhor Jesus usou Escrituras específicas e apropriadas para resistir a cada uma das tentações de Satanás.

Não apenas a Palavra de Deus de modo geral, mas sim Escrituras específicas que fazem frente à sedução do tentador. E assim, como parte da armadura de Deus, somos exortados a tomar “a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6:17). É a escritura específica que o Espírito de Deus nos apresenta para usarmos contra Satanás e suas tentações.

COMO SATANÁS OPERA POR MEIO DOS DEMÔNIOS
Já vimos que Satanás é mencionado como “o príncipe deste mundo” em três ocasiões (João 12:31; 14:30; 16:11). A palavra “príncipe” aqui significa “governante”. Um príncipe é o cabeça de um principado e tem um reino. Assim nos é dito que a nossa luta é “contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6:12). Satanás encabeça assim um grande reino do mal. Ele tem um grande exército de demônios que são espíritos malignos em seu reino.

No livro de Apocalipse lemos acerca de um tempo vindouro quando haverá guerra no céu entre Miguel e seus anjos de um lado, e o dragão, “que se chama o diabo e Satanás”, e seus anjos de outro. Também em Apocalipse 9:1-11 há uma cena profética em linguagem simbólica: gafanhotos atormentam os homens sobre a terra. Lemos que eles têm um rei que os governa, que é o anjo do abismo, cujo nome é Abadom (hebraico) ou Apoliom (grego), que significa “o destruidor”. Estes representam o diabo e seus demônios, cujo propósito naquele dia futuro será atormentar e destruir a humanidade.

Essas Escrituras nos dizem claramente que Satanás tem um grande exército de anjos caídos que estão sob seu governo e controle, e através destes seres espirituais que são espíritos mentirosos e sedutores ele leva avante sua obra diabólica (ver 1 Reis 22:22; 1 Timóteo 4:1).

O deus deste mundo. Ademais, como o deus deste mundo, Satanás tem autoridade sobre uma federação que também inclui todos os não salvos, toda a  humanidade caída que ele leva cativa e usa segundo a sua vontade (2 Timóteo 2:26). O apóstolo João escreveu: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1 João 5:19). Também nos é dito que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho” (2 Coríntios 4:4).

Quão maravilhoso é o fato de que o crente em Cristo Jesus pode dizer: “Dando graças ao Pai, que... nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”! (Colossenses 1:12-13).

O sistema de idolatria de Satanás. Ao abordar o sistema pagão de idolatria, o apóstolo Paulo declarou, por inspiração divina, que as coisas que os gentios sacrificam aos ídolos “é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1 Coríntios 10:10-21).

A Bíblia revela claramente que há um demônio por trás de todo ídolo pagão, e os sacrifícios oferecidos a tais ídolos são oferecidos a demônios, não ao único e verdadeiro Deus. Há a mesa dos demônios e a mesa do Senhor, e somente podemos expressar comunhão com uma delas.

Há muitas outras atividades demoníacas, associadas ao sistema satânico de idolatria pagã, sobre as quais Moisés havia alertado os filhos de Israel. No livro de Deuteronômio lemos: “Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus, te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é abominação ao Senhor” (Deuteronômio 18:9-12).

A adivinhação é a predição de eventos futuros por meios sobrenaturais – os adivinhos lêem a sorte. Um prognosticador é um vidente que declara saber predizer eventos. O rei Nabucodonosor mantinha em sua corte esse tipo de pessoa, e ainda astrólogos que determinavam o rumo da vida das pessoas mediante a observação do curso das estrelas. A astrologia professa interpretar as influências de corpos celestiais sobre questões humanas utilizando signos do Zodíaco. Um agoureiro é aquele que lança um feitiço sobre outra pessoa por meio de influências mágicas. Tal indivíduo está sob o controle de um demônio e com seus encantamentos coloca outras pessoas debaixo do domínio demoníaco.

Um feiticeiro significa “aquele que conhece, prognostica ou prediz o futuro.” A feitiçaria no Velho Testamento era um meio demoníaco pelo qual os eventos futuros eram revelados a um indivíduo que se submetia ao controle de demônios. Mágico é uma variação masculina da palavra feiticeiro, ou seja, um homem que faz predições.

Um encantador é aquele que utiliza magia e opera milagres pelo poder demoníaco, assim como o fizeram os mágicos egípcios nos dias de Moisés. O consultor de mortos é também referido, em outra tradução, como alguém que consulta a um espírito adivinhador. Este sujeita-se voluntariamente ao controle de um espírito maligno, e tem intimidade com ele. Tais consultores são conhecidos hoje como médiuns. Um necromante é aquele que diz predizer o futuro alegando comunicação com os mortos. Isto é realizado pelo demônio, o qual se faz passar por alguém que morreu, servindo de contato entre o mundo vivo e o mundo dos espíritos do além.

Foi atuando destas várias formas que Satanás procurou enganar a humanidade no passado. Deus declara explicitamente em vários pontos da Bíblia que todos os que praticam tais coisas são abominação para Ele.

O ocultismo nos dias atuais. Oculto significa “encoberto, escondido, secreto, misterioso”. Ouvimos falar muito sobre ocultismo nos dias de hoje. Muitas das abominações que Deus condenou em Deuteronômio 18 são praticadas em terras que se dizem cristãs. Os atuais leitores da sorte, médiuns, astrólogos, videntes, hipnotizadores, mágicos, ventríloquos, curandeiros mágicos e ocultistas, bruxos, paranormais e todas as outras expressões de ocultismo tiveram sua origem em antigas práticas pagãs e são condenadas por Deus.

Este tipo de tráfico com demônios ocorre abertamente de várias formas, tendo crescido rapidamente em muitos países. Jornais e revistas renomados contêm colunas de horóscopos e astrologia. Uma delas é escrita por uma autodenominada feiticeira que se apresenta como “a mais famosa bruxa do mundo”.

Universidades e faculdades nos Estados Unidos e em outros países começaram a oferecer cursos intitulados “Bruxaria, Mágica e Feitiçaria” devido ao crescente interesse pelo ocultismo. Várias igrejas de Satanás foram fundadas, e a adoração ao diabo é realmente praticada no mundo atualmente. A maior ambição de Satanás é ser adorado como Deus e controlar a mente da humanidade. É lamentável ver que Satanás continua a operar com sucesso, utilizando demônios, mesmo depois de quase dois mil anos desde a revelação da luz de Cristo, da Bíblia e do evangelho da graça de Deus!

POSSESSÃO DEMONÍACA
O Evangelho contém muitas referências a manifestações demoníacas e casos de pessoas possuídas por demônios. Estas manifestações demoníacas eram muito comuns devido à presença do Filho de Deus entre os homens. Ele se ofereceu como Salvador e Senhor, provocando a fúria de Satanás e suas hostes, que se levantaram para se opor e derrotar a Cristo.

Oposição a Cristo. Um exemplo desta oposição é visto em Marcos 1:21-27. Quando Cristo ensinava na sinagoga em Cafarnaum e as pessoas se maravilhavam com Sua doutrina, um homem com um espírito imundo (um demônio) bradou: “Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus! Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem. Então o espírito imundo, agitando-o violentamente e bradando em alta voz, saiu dele”. Todos se admiraram ao perceber que Jesus tinha autoridade para dar ordens até aos espíritos imundos, e estes Lhe obedeciam.

Quando Jesus Se apresentou como Salvador e ensinou a Palavra de Deus com poder, Ele imediatamente se deparou com esta irrupção de violência do endemoninhado, o qual procurava opor-se a Cristo, silenciar Sua voz e evitar que Ele fosse recebido pela nação de Israel.

Demônios são seres espirituais que não possuem um corpo de carne e osso. São habitantes de um mundo invisível. Para se manifestar entre os homens, devem possuir ou controlar o corpo físico de uma pessoa ou animal. Quando se apoderam de pessoas, sua influência tem seus efeitos em diferentes áreas:

Efeitos no corpo. Em Mateus 9:32-33 vemos um homem mudo possuído por um demônio que foi trazido à presença de Jesus. Quando Ele expulsou o demônio, o mudo começou a falar. Parece que a surdez e a mudez tinham sido causadas pelo demônio residente. Cristo libertou o homem do controle demoníaco e então curou os efeitos físicos da presença maligna naquela vida. Muitas outras ilustrações dos Evangelhos demonstram que os demônios podiam causar efeitos físicos.

Efeitos na mente. Os demônios também afetavam os homens na esfera mental. Mateus 17:15 registra o relato de um homem que veio a Cristo e disse: “Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático” (ou insano). Isto estava relacionado a algum distúrbio mental. A presença do demônio roubou a razão de seu filho, de forma que seu raciocínio era controlado pelo demônio.

Efeitos nas emoções. Alguns casos dos Evangelhos demonstram que os demônios também têm influência sobre indivíduos na esfera emocional. No caso de Mateus 17:15, o pai também disse que seu filho sofria muito, ou seja, estava agitado e transtornado. No registro de Marcos 9:18 do mesmo incidente, o pai disse que seu filho estava “definhando”, ou seja, a angústia o estava consumindo.

O indivíduo possesso, também conhecido como o endemoninhado gesareno, descrito em Marcos 5:1-20, é um exemplo vivo e notável do que os demônios podem fazer a uma pessoa. Neste caso ele foi possuído por uma legião de demônios, numerosos o suficiente para entrar e controlar dois mil suínos logo em seguida. Eles afetaram seu corpo de maneira que ele abandonou seu lugar de residência. Suas emoções também foram afetadas, pois ele passou a morar entre sepulcros por se sentir impuro e possuir complexo de culpa. Ele era vítima de tal depressão mental que continuamente se feria com pedras e gritava noite e dia. Sob a direção de Satanás, os demônios o levaram a esta condição desesperadora e sem auxílio. Mas o Senhor Jesus o livrou completamente do poder de Satanás e de todos os seus demônios, de modo que foi encontrado com Jesus “assentado, vestido, em perfeito juízo” (Marcos 5:15).

TRÊS ABORDAGENS DE SATANÁS
Satanás, o Príncipe dos Demônios, parece manifestar-se de três maneiras diferentes. Em Atos 10:38 lemos que Jesus andava por toda a parte “curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”. Este seria o ataque pela opressão. A palavra original significa “exercer domínio sobre alguém, ser subjugado”. Os demônios pressionam e exercem severo controle sobre o oprimido.

Em segundo lugar, lemos a respeito de indivíduos que eram “atormentados por espíritos imundos” e foram curados (Lucas 6:18, Atos 5:16). A palavra grega tem o significado de “ser atormentado, afligido, incomodado e perturbado”. Isto pode ser chamado de obsessão, que o dicionário define como “elevado grau de tormento ou perturbação mental; estado de estar obsesso por uma ideia, desejo, emoção – que não pode ser eliminado pela razão”.

Em terceiro lugar, as Escrituras falam de pessoas “possuídas por demônios” e habitadas por eles (Lucas 8:36; Atos 8:7, 16:16). Possessão significa estar completamente sob o controle de um demônio. Aqueles que se encontravam neste estado na época do Senhor expressavam a índole e os sentimentos do demônio (ou demônios) que os habitavam.

Hoje, sem sombra de dúvida, os demônios continuam abordando as pessoas segundo estas três maneiras, assim como fizeram nos tempos bíblicos. Entretanto, visto que os verdadeiros crentes em Jesus Cristo são habitados pelo Espírito de Deus, estes nunca poderão ser possuídos por demônios. Em 1 João 4:4 temos esta garantia: “Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”.

Todavia, é possível que um filho de Deus seja oprimido e atormentado por demônios e seja tomado por alguma obsessão e tormento mental, chegando até a duvidar de sua salvação por algum tempo. Porém o crente logo experimentará a libertação caso voltar a sua mente para as coisas do Alto e se considerar morto para as coisas de Satanás (Colossenses 3:1-5).

CONCLUSÃO
Apenas uma pessoa pode libertar alguém do poder de Satanás e de seus demônios. Este é Jesus de Nazaré, que expeliu demônios quando esteve aqui na terra. Ele derrotou Satanás ao morrer pelos pecadores e ressuscitar dentre os mortos. Ele é o Vitorioso que um dia porá fim a todo o poder de Satanás. Somos instruídos a resistir ao diabo e ser perseverantes na fé (1 Pedro 5:8-9). O apóstolo Paulo podia escrever: “Graças a Deus, que nos deu vitória, através de nosso Senhor Jesus Cristo”.

O grande Salvador. A vitória sobre Satanás é mediante o sangue do Cordeiro de Deus. O apóstolo João nos diz: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 João 3:8). Também em Hebreus 2:14 nos é dito que Cristo participou em carne e sangue para que “por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo”. E Ele mesmo, como Filho do Homem glorificado, diz: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse 1:17,18).

Já foi dito que a morte é a divisa onde finda o poder de Satanás. Mas onde ele sai de cena, entra o Deus da ressurreição. Por isso, no grande capítulo de ressurreição, 1 Coríntios 15, o apóstolo Paulo dá graças pela vitória através do Senhor Jesus Cristo. Mediante Sua morte e ressurreição Jesus derrotou Satanás -- e assim temos vitória pelo sangue do Cordeiro de Deus, bem como salvação, força e poder. Aqueles que manifestam a fé salvadora no sangue do Cordeiro estão no lado vitorioso da secular batalha contra Satanás.

A grande questão. Leitor, de que lado você está? Você já entregou seu coração e alma a Jesus Cristo, o vitorioso Salvador? Se não, você está sob o poderio de Satanás, o grande adversário e enganador que um dia será preso durante mil anos por Jesus Cristo e, tempos depois, finalmente acabará lançado no eterno lago de fogo (Apocalipse 20:1-3, 10). Ele já é um inimigo derrotado. E se você escutar Satanás, e rejeitar ou negligenciar as promessas de Jesus Cristo, não abrindo seu coração e vida para Ele, seu destino eterno também será o “fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:41). Imploramos que você receba Cristo agora, o Vitorioso, como seu Salvador, e seja salvo eternamente.

Autor: R.K. Campbell
Extraído do site do Depósito de Literatura Cristã - www.literaturacrista.com.br


sexta-feira, 1 de abril de 2022

Eis Que as Trevas Cobrirão a Terra

A luta hoje parece se tornar mais pesada dia a dia, como se o único alvo dos ataques de Satanás fosse nós, os crentes. Por isso, na era atual, o problema que existe é se você e eu podemos perseverar até a última meia hora. '[Satanás] Magoará os santos do Altíssimo' [Dn 7:25]. Magoar tem aí o sentido de 'desgastar', consumir devagar. É muito mais difícil reconhecer Satanás como aquele que desgasta os santos do que um Satanás que ruge como um leão. E a sua obra de consumir lentamente os santos já começou.

Sempre que vou à Montanha Kuling, caminho ao longo da correnteza que há ali. Frequentemente vejo rochas enormes, mas que são côncavas no meio como bacias de tomar banho. Isto acontece por causa das muitas pedrinhas que diariamente as desgastam. Do mesmo modo Satanás trata os filhos de Deus. Em lugar de matá-los de um só golpe, tenta desgastar os santos, dia a dia, de modo que sem que percebam acabam gravemente feridos depois de algum tempo.

Os olhos do Senhor estão sobre nós, portanto não temamos o sofrimento. Se acontecer de nós nos desviarmos com medo do sofrimento, todos os nossos sofrimentos do passado terão sido em vão. Uma pessoa profundamente espiritual escreveu certa vez:

Quando lemos [2Ts 2:3] e [2Tm 3:1 a 13], ficamos sabendo que antes do dia da volta do Senhor haverá apostasia e dias perigosos quando a maldade e a mentira aumentarão grandemente. Tal apostasia não se refere à educação, gigantescas reuniões, pastores capazes, catedrais maravilhosas e progresso mental e físico. Relaciona-se com a fé e o reconhecimento do poder de Deus. Aponta para igrejas renomadas que se inclinam para a chamada Alta Crítica (na verdade não passa de incredulidade), e negam as obras sobrenaturais de Deus, tais como a regeneração, a santidade, orações atendidas e a revelação do Espírito Santo.

Antes da vinda do Senhor, haverá muita fraude e muito erro; e, se fosse possível, até os escolhidos seriam enganados. A 'forma da piedade' será aumentada. A fé será diminuída por causa de credos falsos, engendrados por Satanás, e também o amor pelo mundo e a negação da palavra de Deus *somente aumentarão. Um irmão disse bem: tais obras satânicas produzirão um efeito intangível que nos envolverão como o ar. Haverá uma forma de piedade exterior, mas por dentro estará cheia de maus espíritos e da melancolia do inferno. Esses espíritos malignos farão o máximo para desviar e oprimir os filhos de Deus. Atacarão nosso corpo, diminuirão nossa vontade e embrutecerão nossa mente. Toda espécie de sensações e provações estranhas nos sobrevirão, fazendo-nos perder o desejo de buscar a Deus e a força de fazê-lo, cansando nosso espírito, embotando nossa mente e tornando-a entorpecida e, ao mesmo tempo, fazendo-nos estranhamente amar os prazeres e costumes do mundo como também cobiçar as coisas proibidas por Deus. Perderemos a liberdade e o poder de pregar; não poderemos nos concentrar para ouvir as mensagens; e seremos incapazes de nos ajoelhar para orar dedicadamente por algum período mais longo. Tais trevas e tal atmosfera deverão ser enfrentadas com resolução. Sem dúvida Satanás procura obscurecer nossa mente e vontade com uma espécie de poder inconcebível para que se torne extremamente difícil andar com Deus e muito fácil viver de acordo com a carne. Acharemos que é difícil servir a Deus fielmente e orar com perseverança, como se tudo dentro de nós se levantasse para impedir-nos de seguir o Senhor Jesus até o fim e fazer-nos concordar com o mundo.

A atmosfera à nossa volta nos obrigará a trair a Deus e a desistir de nossas sinceras orações. Embotará nossa sensibilidade espiritual para que não vejamos as realidades celestiais ou a gloriosa presença do Senhor. Assim facilmente negligenciaremos a comunhão com Deus e descobriremos que é difícil manter comunhão com Ele.

Já estamos sentindo o começo destas influências. A concupiscência do mundo tece sua rede extensa de muitas maneiras à volta dos crentes. Torna-se cada vez mais apertada e mais forte com o passar do tempo. Muitas coisas que nas gerações passadas eram inimagináveis agora estão sendo praticadas sem restrição. Muitos lugares de adoração não só resistem à entrada de coisas espirituais, bloqueando reavivamentos, mas também introduzem toda espécie de festejos e coisas duvidosas.

Falando de um modo geral, em todo o mundo, a diminuição da fé e o desenvolvimento da apostasia são evidentes. Naturalmente, reconhecemos que ainda há muitos lugares abençoados por Deus. Mas examinando a situação da igreja no mundo inteiro como um todo, não deixa de apresentar um quadro digno de dó.

Tendo visto estas coisas, não podemos deixar de gritar à igreja de Deus que se levante, que desperte, que retorne à comunhão com Deus e que agrade ao Senhor no tempo que ainda resta. Estejamos preparados para comparecer diante do tribunal de Cristo e apresentar o nosso caso.

Autor: Watchman Nee
Extraído do site celebrandodeus.com 


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